Uma dupla de designers do campus de Dubai (Emirados Árabes Unidos) da universidade indiana Instituto Birla de Ciência e Tecnologia elaborou uma proposta de colocar airbags em aviões para diminuir os danos causados por acidentes.
A ideia usa inteligência artificial, gerando imagens confusas, desconexas da realidade e até engraçadas, de um certo ponto de vista. Mesmo diante de uma possível inviabilidade, o projeto ganhou repercussão nos últimos dias por ser um dos candidatos ao prêmio James Dyson, competição internacional de design, engenharia e sustentabilidade voltada para inventores iniciantes.
Projeto Renascimento
Os estudantes questionam por que a maioria dos sistemas dos aviões são voltados para evitar acidentes, enquanto poucos ajudam a sobreviver a eles. Para ser eficiente, eles elaboraram um conjunto de mecanismos coordenados por IA (inteligência artificial) para que o impacto seja o menor possível, aumentando as chances de sobrevivência.
Esse projeto foi batizado de Renascimento (Rebirth, no original, em inglês). Ele identifica se um acidente é inevitável abaixo de 1 km de altura em relação ao solo e é ativado automaticamente.
Seus principais pontos são:
- Previsão de queda por IA: O sistema detecta falhas graves onde não há chance de recuperação e ativa os demais mecanismos automaticamente.
- Airbags externos: Eles ficariam ao redor do nariz, barriga e cauda do avião, absorvendo as forças do impacto. Seu acionamento se daria em dois segundos.
- Sistema de desaceleração: Um mecanismo usando propulsores iria auxiliar na redução da velocidade de descida do avião antes mesmo que ele tocasse solo. Caso ele falhe, um sistema a gás reduziria e estabilizaria a velocidade do avião entre 8% a 20%, aumentando as chances de sobrevivência.
- Revestimentos inteligentes: Fluidos não newtonianos seriam utilizados em assentos e paredes para reduzir o risco de lesões internas.
- Sinalização para resgate: Um sistema de luzes, GPS e sinalizadores infravermelhos seriam usados para chamar a atenção de equipes de resgate até o local.
Segundo a equipe, o objetivo é que em até cinco anos o Renascimento esteja instalado e operando em aviões comerciais.
A inspiração surgiu após a queda do voo 171 da Air India, em junho de 2025. De acordo com os estudantes projetistas, ele nasceu "não em um laboratório, mas em um momento de dor" devido ao acidente.
Os estudantes questionavam por que não havia um sistema que pudesse ajudar na sobrevivência após as falhas detectadas. "O Renascimento é mais do que engenharia - é uma resposta ao luto. Uma promessa de que a sobrevivência pode ser planejada e que, mesmo após o fracasso, pode haver uma segunda chance", consta na página de divulgação do projeto no prêmio James Dyson.
Por que não deve funcionar
As próprias imagens de divulgação, feitas com inteligência artificial, não parecem ser algo verossímeis, apesar do discurso. Em um primeiro momento, seria necessária uma séria alteração estrutural na aeronave para suportar os novos sistemas, deixando de lado a ideia as aeronaves antigas, que não poderiam receber o Renascimento.
O tamanho do airbag necessário seria enorme, e todo o seu sistema teria muito peso, tornando o voo impraticável, pois teria de ter menos passageiros ou consumir muito mais combustível. Ainda sobre esse sistema, ele teria de ser acionado por explosivos, o que não é muito seguro de ser levado a bordo de um avião (se houver o acionamento acidental, o avião cairia de uma altitude muito maior, por exemplo).
Os revestimentos com líquidos não newtonianos também não fazem sentido. Para explicar o que são esses líquidos, podemos fazer uma analogia com uma piscina cheia de amido ou maisena: em repouso, o líquido é flexível, mas, ao sofrer impacto, fica rígido. Não parece que, durante a queda, uma estrutura mais rígida seja viável, já que causaria uma forte desaceleração dos corpos, causando o impacto dos órgãos internos contra a caixa torácica e outras estruturas ósseas.
Ideias como essa podem até parecer disruptivas, mas tendem ao fracasso em pouco tempo. É o mesmo que sugerir que um avião comercial de grande porte tenha paraquedas, pois o tecido teria de ser maior do que um campo de futebol (e aonde ele iria dentro do avião?).
Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL)

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