Entre os fatores para considerar sobre segurança de aviões, também há os erros humanos, que não têm relação com o modelo da aeronave (Imagem: Etienne Jong/Unsplash) |
A aviação comercial é um dos meios de transporte mais seguros que existem. Falar isso para quem tem medo pode até não surtir efeito, mas é fato que esse segmento é um dos que menos apresentam acidentes fatais em todo o mundo.
Mas, será que existe algum avião comercial que nunca se acidentou? É possível fazer um ranking de quais são as aeronaves mais seguras?
Acidentes fatais
De acordo com o Resumo Estatístico de Acidentes de Aviões Comerciais a Jato produzido pela Boeing (atualizado até 2020), quase todos os modelos de aeronaves comerciais a jato com mais de um milhão de decolagens já sofreram algum tipo de acidente fatal envolvendo a perda total do avião.
Dentro desse recorte, apenas os seguintes modelos não registraram nenhum acidente fatal do tipo:
- 717 (Boeing)
- 787 (Boeing)
- A340 (Airbus)
- CRJ-700/900/1000 (Bombardier)
Entre os jatos com menos de um milhão de decolagens sem nenhuma fatalidade estão:
- 747-8 (Boeing)
- A220 (Airbus)
- A320/321/319 Neo (Airbus)
- A350 (Airbus)
- A380 (Airbus)
Mas isso não quer dizer que os outros modelos sejam piores, já que diversos fatores precisam ser levados em consideração. A análise feita pela Boeing não distingue o que foi erro de projeto ou erro humano para os acidentes, por exemplo, tornando delicado falar que o projeto de um avião é menos seguro que o outro.
É fato que toda aeronave passa por processos de certificação rígidos que visam garantir que todos estejam seguros. Eles podem demorar anos e custam milhões de dólares, mas visam a redução de riscos posteriores.
Maior índice de acidentes antigamente
O levantamento da Boeing revela que um dos aviões com mais acidentes, proporcionalmente, é o 737 Max, da própria empresa. Os dois acidentes fatais com o modelo aconteceram antes mesmo de o modelo completar 1 milhão de decolagens, e a aeronave teve de passar por um novo processo de certificação, dessa vez, sob olhares mais atentos do público e de diversos órgãos.
Fora o Max, modelos fabricados mais antigamente e que já saíram de operação tinham uma proporção maior de acidentes fatais, chegando a 4,41 ocorrências com perda total do avião a cada um milhão de decolagens. Esses eram os modelos 707/720, Comet, Concorde, CV-880-990, Mercure, Trident, e VC10.
Conforme os dados do levantamento da empresa norte-americana, ocorreram 2.082 acidentes envolvendo jatos comerciais entre 1959 e 2020. Desse total, em 683 ocorreu alguma fatalidade, ou seja, 31% dos acidentes causaram mortes.
Se forem levadas em consideração apenas as ocorrências mais graves, onde houve a perda total do avião, o que representa um acidente mais sério, foram 518 casos fatais.
A média da década compreendida entre 2011 e 2020 mostrou que a segurança tem evoluído, e cada vez menos acidentes fatais vem ocorrendo. No período, dos 320 acidentes registrados, 39 envolveram algum tipo de fatalidade, o que representa 12% do total, bem abaixo da média das seis décadas anteriores.
Não é simples comparar
A comparação entre um modelo e outro para saber qual é mais seguro levando em consideração o número de acidentes não costuma funcionar na prática.
Além dos diversos fatores que podem levar um avião a cair, como erro humano ou de projeto, também é preciso ponderar a quantidade de voos realizados, quantos daquele modelo existem, entre outros fatores.
Por exemplo, entre os cerca de 10 mil exemplares já entregues da família de aviões Airbus A320/321/319/318 (exceto a versão neo do modelo), foram registrados 13 acidentes fatais com perda total Isso representa 0,09 ocorrência a cada 1 milhão de decolagens.
Outra série de aviões entre os mais vendidos na história também apresentou uma evolução na segurança com o passar dos tempos. O Boeing 737, que já possui mais de 10 mil aeronaves em operação, vem reduzindo a quantidade de acidentes com o passar dos anos.
Veja a evolução do modelo e seu ano de lançamento:
- 737-100/200 (1965) - 53 acidentes fatais (0,91 por milhão de decolagens)
- 737-300/400/500 (1984) - 19 acidentes fatais (0,25 por milhão de decolagens)
- 737-600/700/800/900 (1998) - 10 acidentes fatais (0,09 por milhão de decolagens)
- 737 Max (2017) - 2 acidentes fatais (estimativa de 7,12 a cada milhão de decolagens; o modelo não havia completado o ciclo de um milhão de decolagens à época em que parou de voar devido aos dois acidentes em que se envolveu)
Via Alexandre Saconi (UOL)
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