segunda-feira, 18 de abril de 2022

Existem aviões mais seguros que outros? Quais nunca se acidentaram?

Entre os fatores para considerar sobre segurança de aviões, também há os erros humanos,
que não têm relação com o modelo da aeronave (Imagem: Etienne Jong/Unsplash)
A aviação comercial é um dos meios de transporte mais seguros que existem. Falar isso para quem tem medo pode até não surtir efeito, mas é fato que esse segmento é um dos que menos apresentam acidentes fatais em todo o mundo.

Mas, será que existe algum avião comercial que nunca se acidentou? É possível fazer um ranking de quais são as aeronaves mais seguras?

Acidentes fatais


De acordo com o Resumo Estatístico de Acidentes de Aviões Comerciais a Jato produzido pela Boeing (atualizado até 2020), quase todos os modelos de aeronaves comerciais a jato com mais de um milhão de decolagens já sofreram algum tipo de acidente fatal envolvendo a perda total do avião.

Dentro desse recorte, apenas os seguintes modelos não registraram nenhum acidente fatal do tipo:
  • 717 (Boeing)
  • 787 (Boeing)
  • A340 (Airbus)
  • CRJ-700/900/1000 (Bombardier)
Entre os jatos com menos de um milhão de decolagens sem nenhuma fatalidade estão:
  • 747-8 (Boeing)
  • A220 (Airbus)
  • A320/321/319 Neo (Airbus)
  • A350 (Airbus)
  • A380 (Airbus)
Mas isso não quer dizer que os outros modelos sejam piores, já que diversos fatores precisam ser levados em consideração. A análise feita pela Boeing não distingue o que foi erro de projeto ou erro humano para os acidentes, por exemplo, tornando delicado falar que o projeto de um avião é menos seguro que o outro.

É fato que toda aeronave passa por processos de certificação rígidos que visam garantir que todos estejam seguros. Eles podem demorar anos e custam milhões de dólares, mas visam a redução de riscos posteriores.

Maior índice de acidentes antigamente


O levantamento da Boeing revela que um dos aviões com mais acidentes, proporcionalmente, é o 737 Max, da própria empresa. Os dois acidentes fatais com o modelo aconteceram antes mesmo de o modelo completar 1 milhão de decolagens, e a aeronave teve de passar por um novo processo de certificação, dessa vez, sob olhares mais atentos do público e de diversos órgãos.

Fora o Max, modelos fabricados mais antigamente e que já saíram de operação tinham uma proporção maior de acidentes fatais, chegando a 4,41 ocorrências com perda total do avião a cada um milhão de decolagens. Esses eram os modelos 707/720, Comet, Concorde, CV-880-990, Mercure, Trident, e VC10.

Conforme os dados do levantamento da empresa norte-americana, ocorreram 2.082 acidentes envolvendo jatos comerciais entre 1959 e 2020. Desse total, em 683 ocorreu alguma fatalidade, ou seja, 31% dos acidentes causaram mortes.

Se forem levadas em consideração apenas as ocorrências mais graves, onde houve a perda total do avião, o que representa um acidente mais sério, foram 518 casos fatais.

A média da década compreendida entre 2011 e 2020 mostrou que a segurança tem evoluído, e cada vez menos acidentes fatais vem ocorrendo. No período, dos 320 acidentes registrados, 39 envolveram algum tipo de fatalidade, o que representa 12% do total, bem abaixo da média das seis décadas anteriores.

Não é simples comparar


A comparação entre um modelo e outro para saber qual é mais seguro levando em consideração o número de acidentes não costuma funcionar na prática.

Além dos diversos fatores que podem levar um avião a cair, como erro humano ou de projeto, também é preciso ponderar a quantidade de voos realizados, quantos daquele modelo existem, entre outros fatores.

Por exemplo, entre os cerca de 10 mil exemplares já entregues da família de aviões Airbus A320/321/319/318 (exceto a versão neo do modelo), foram registrados 13 acidentes fatais com perda total Isso representa 0,09 ocorrência a cada 1 milhão de decolagens.

Outra série de aviões entre os mais vendidos na história também apresentou uma evolução na segurança com o passar dos tempos. O Boeing 737, que já possui mais de 10 mil aeronaves em operação, vem reduzindo a quantidade de acidentes com o passar dos anos.

Veja a evolução do modelo e seu ano de lançamento:
  • 737-100/200 (1965) - 53 acidentes fatais (0,91 por milhão de decolagens)
  • 737-300/400/500 (1984) - 19 acidentes fatais (0,25 por milhão de decolagens)
  • 737-600/700/800/900 (1998) - 10 acidentes fatais (0,09 por milhão de decolagens)
  • 737 Max (2017) - 2 acidentes fatais (estimativa de 7,12 a cada milhão de decolagens; o modelo não havia completado o ciclo de um milhão de decolagens à época em que parou de voar devido aos dois acidentes em que se envolveu)
Via Alexandre Saconi (UOL)

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