Viajar de avião do modo tradicional é uma realidade para muitas pessoas. Mas já pensou embarcar de graça em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB)? Essa foi a experiência vivida pelo brasileiro Luan Cassadanta, 30 anos, que em 2019 voou sem pagar nenhum centavo.
Ele já estava mochilando pelo Brasil por mais de um ano e, como estava em Manaus (AM), decidiu que precisava ver os pais no Sudeste do Brasil. A grana estava curta, então foi aí que pensou que pegar uma "carona" com a aeronáutica ajudaria a economizar, além de ser uma experiência diferente. "Eu sempre viajo pegando carona e com perrengue, mas pegar carona com avião foi diferente", brinca, em entrevista a Nossa.
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A modalidade é pouco conhecida pelos brasileiros: a Força Aérea Brasileira disponibiliza algumas vagas para civis que desejam embarcar para algum lugar do país. Na época, Luan descobriu esse tipo de viagem por meio de uma postagem em um grupo no Facebook e achou que poderia até ser mentira.
Ele tentou viajar dessa forma em 2017, mas não teve nenhum tipo de confirmação ou resposta. "Eles falaram que teria alguma resposta em até dez dias, mas passou um tempo e não recebi nada", relembra.
Avião da FAB que levou viajante brasileiro de carona (Imagem: Arquivo pessoal) |
Em 2019, quando precisava se deslocar de forma barata, se dirigiu a uma base da FAB e fez a inscrição para concorrer à vaga na aeronave. Foi solicitado RG, CPF e comprovante de residência. Como contaram que voos para Brasília saem com mais frequência, optou por esse destino.
Para sua surpresa, ele fez a inscrição e logo recebeu o email (que inicialmente até tinha ido para a caixa de spam) dizendo que seu nome estava na lista de espera, com a orientação de que comparecesse ao local de embarque. O problema: Luan estava na posição 39 da lista.
"Fiquei todo empolgado, mas quando vi que estava nessa posição, desanimei. Liguei na sede da FAB e eles disseram que eu podia tentar ir uma hora antes do avião decolar na base da Força Aérea", conta.
Experiência única nas alturas
No dia da viagem, o embarque não é feito da maneira tradicional e o passageiro precisa comparecer a uma base da FAB no estado. Luan chegou ao local e, mesmo estando com o nome da lista de espera, pensou que poderia seguir com a viagem.
Para sua sorte, muitas pessoas desistiram e ele foi chamado para embarcar. Na hora, um oficial disse para ele aguardar e quando faltavam dez minutos para a finalização do voo, suas malas já tinham sido despachadas.
Bagagens são colocadas em pátio e checadas por cães farejadores (Imagem: Arquivo pessoal) |
O voo seguiria para Cuiabá e, de lá, Brasília. Quando sentou na aeronave, Luan se surpreendeu, já que ele pensou que o avião poderia ser semelhante a um caça. Mas não: era bem parecido com um comercial. No início da viagem, ele conta que ele era o único civil em meio a poucos profissionais das Forças Armadas. Depois, ao chegar a Cuiabá, o voo encheu.
"No começo estava com um pouco de receio, mas serviram água, café e me trataram super bem. Eu estava me sentindo na classe executiva. É uma experiência bem diferente".
Área interna do avião é semelhante a voos comerciais (Imagem: Arquivo pessoal) |
Chegando a Brasília, ele seguiu para cidade de Agulha (SP) no modo tradicional das viagens: pegando carona — só que dessa vez de carro e caminhão.
Como faz para embarcar de graça com a FAB
Assim como Luan, qualquer brasileiro pode pegar carona com a Força Aérea Brasileira. Basta se cadastrar em uma base do órgão e esperar ser chamado.
Como conseguir uma vaga dentro do avião não é tão fácil, é necessário que o usuário entre no site da FAB, na parte "Correio Aéreo Nacional" e verifique se no Estado em que está saem voos diários ou frequentes para determinados destinos. O cadastro pode ser formalizado por email ou telefone.
Como há muita procura, é necessário que o viajante fique de sobreaviso e com as malas prontas para embarcar, já que a confirmação da viagem pode chegar até um dia antes do embarque. Seguindo todos os trâmites, o passageiro embarca de graça.
Vale lembrar que, por causa da pandemia, o serviço está restrito temporariamente e ainda não existe uma data para a volta das caronas aos viajantes.
Por Priscila Carvalho (Nossa/UOL)
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