segunda-feira, 7 de junho de 2021

Julgamento sobre avião da Malaysia Airlines que caiu na Ucrânia é retomado em busca de esclarecimentos para as famílias

O julgamento sobre a derrubada do avião da Malaysia Airlines na Ucrânia em 2014 foi retomado nesta segunda-feira (7) na Holanda com o propósito de dar “clareza” aos familiares das 298 vítimas.

Destroços do avião da Malaysia Airlines no local do acidente em Hrabove (Grabovo),
cerca de 80 km a leste de Donetsk, em 02 de agosto de 2014 (Foto: AFP)
O processo, iniciado formalmente em março de 2020, entra em uma fase crucial esta semana, quando serão examinadas as provas contra os quatro réus, três russos e um ucraniano, todos julgados à revelia.

Alguns familiares das vítimas foram ao tribunal para testemunhar no julgamento que, até agora, centrou-se em inúmeras discussões jurídicas sobre, principalmente, a admissibilidade das provas do desastre de julho de 2014.

“Até hoje ninguém se apresentou e disse que são pelo menos parcialmente responsáveis pelo acidente do MH17”, o código do voo em que todos os passageiros e tripulantes morreram, disse o juiz Hendrik Steenhuis.

O juiz que preside o julgamento destacou como é fundamental ouvir as provas em audiência pública, apesar da ausência dos russos Oleg Pulatov, Igor Girkin e Sergei Dubinsky, e do ucraniano Leonid Kharchenko, único com representante legal.

Ao centro, o juiz Hendrik Steenhuis
“A audiência pública é importante para a sociedade em geral e para os familiares em particular, para que haja clareza sobre o resultado da investigação após anos de investigações”, disse Steenhuis.

O julgamento é realizado na Holanda, em uma sala segura perto do aeroporto Schiphol de Amsterdã, porque foi o ponto de partida do voo frustrado e porque 196 das vítimas eram holandesas.

Decolando da cidade holandesa com destino a Kuala Lumpur, capital legislativa da Malásia, o avião Boeing 777 foi abatido sobre uma parte do leste da Ucrânia controlada por rebeldes pró-russos.

Juízes apontam rebeldes pró-russos


Os juízes indicaram que esta semana buscarão evidências em três questões principais: se o avião foi atacado por um míssil produzido na Rússia, o local de onde o projétil foi disparado e o papel dos quatro suspeitos, acusados de serem peças-chave entre os rebeldes separatistas da Ucrânia.

Uma investigação internacional apurou que a aeronave foi atacada com um míssil BUK pertencente à 53ª Brigada de Mísseis Antiaéreos do exército russo, sediada na cidade de Kursk, a cem quilômetros da fronteira com a Ucrânia.

O juiz Steenhuis apontou que o “cenário principal” é a hipótese de um míssil terra-ar lançado por separatistas pró-russos no leste da Ucrânia, mas que eles também investigariam outras teorias, como a de que um avião teria abatido o MH17.

O magistrado advertiu que o tribunal destacaria as partes principais das provas, mas não analisaria todos os detalhes. “O caso contém 65 mil páginas e centenas de horas gravadas em vídeo e áudio. É um dossiê tão grande que simplesmente não é possível falar sobre todos os detalhes”, disse ele.

A promotoria e a defesa poderão expor seus pontos de vista nas audiências que vão até o dia 9 de julho. Parentes das vítimas poderão se dirigir ao tribunal em setembro, disse o tribunal.


A frente do avião foi reconstruída na base aérea de Gilze-Rijen, na Holanda. Os juízes visitaram os destroços pela primeira vez em maio, em um dia “emocionalmente forte”.

Fonte: AFP

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