quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021

Avião de 11 lugares considerado um "trator" faz rota para aeroporto pequeno

Aviação comercial tem utilizado cada vez mais o modelo Caravan em seus voos (Foto: Alexandre Saconi/UOL)
Ele é considerado um "trator" da aviação: tem robustez, economia e a capacidade de cumprir vários tipos de operação. O Cessna Caravan vem ganhando cada vez mais espaço na aviação brasileira. Diversas empresas aéreas nacionais estão adotando o modelo para realizar voos regulares de passageiros, como é o caso de Abaeté, Asta e Azul Conecta. As companhias optaram pelo modelo para um segmento da aviação conhecido como ultrarregional, no qual apenas aviões menores conseguem realizar a operação.

Com custo inicial em torno de R$ 13 milhões, o Caravan pode transportar até 14 ocupantes, incluindo o piloto, mas, no Brasil, o avião só tem sido autorizado a transportar até 11 pessoas. Poucas exceções a essa restrição são modelos mais antigos ou aqueles que são adaptados para o lançamento de paraquedistas.

Voando mais baixo, é possível acompanhar com uma visão panorâmica toda a paisagem (Foto: Alexandre Saconi/UOL)
Na configuração usada pelas empresas, o avião leva até nove passageiros, mais piloto e copiloto. A velocidade máxima em voo de cruzeiro é de cerca de 340 km/h, movido por uma hélice com três ou quatro pás, dependendo do modelo fabricado (Caravan ou Grand Caravan Ex, um pouco maior que original). Quem voa em um desses aviões, percebe que o espaço para as pernas pode ser maior que o encontrado em alguns aviões a jato.

Essa aeronave voa mais baixo do que os jatos, por não ser pressurizada, e possui janelas bem amplas, tornando o voo mais panorâmico e permitindo observar melhor a paisagem. Quem optar por fazer os voos disponibilizados em rotas com foco turístico, como aqueles para regiões litorâneas, poderá aproveitar a vista melhor do que em um avião que voa mais alto.

Versatilidade


O Caravan já tem um histórico consolidado em vários tipos de operação. Na área da segurança pública, por exemplo, esse modelo é utilizado pelos governos de diversos estados e pela Polícia Federal brasileira. Quando o ex-presidente Lula foi preso em 2018, o avião que o levou para Curitiba, onde cumpriu parte da pena, foi um Caravan.

Adaptação permite ao Caravan pousar e decolar na água (Foto: Divulgação) 
Ele ainda pode ser encontrado nas versões anfíbio (para pouso e decolagem na água), de transporte médico e carga, sendo essa última vista com certa frequência no Brasil. Também há uma versão militar com capacidade de ataque, o AC-208, que opera nas forças armadas do Iraque. 

Ele é encontrado, principalmente, em empresas de táxi-aéreo. Mas muitos estão na aviação executiva, prestando serviço para particulares, com um interior luxuoso.

"Pau pra toda obra"


Para Thiago Torrente, piloto-chefe da Asta Linhas Aéreas, a versatilidade deste avião é o seu grande diferencial. "No Brasil, os requisitos de infraestrutura de um aeroporto para o pouso do Caravan são menores. Um aeroporto que opera esse modelo, por exemplo, não precisa de raio-X nem carro de bombeiros", disse o piloto, que define a aeronave como um verdadeiro "tratorzão" dos ares, um "pau pra toda obra".

Painel de instrumentos conta com equipamentos digitais novos ao lado de analógicos (Foto: Alexandre Saconi/UOL)
Ele tem capacidade para operar em pistas curtas, como grande parte daquelas encontradas no interior do país, e essas podem ser de grama, cascalho, terra ou asfalto. Também tem capacidade de carga elevada, podendo decolar pesando até quase quatro toneladas, e voar por cerca de quatro horas sem precisar reabastecer.

Experiência de voo


Avião tem capacidade para levar até nove passageiros (Foto: Alexandre Saconi/UOL)
O UOL voou em um Caravan da Azul Conecta na rota entre o aeroporto de Congonhas, em São Paulo, e Ubatuba, no litoral paulista. O embarque é feito diretamente no solo, e o contato com os pilotos é mais próximo. 

O avião é bem ventilado, e foi possível observar as cidades de perto durante o voo. A rota passava por cima de cidades do ABC Paulista, Caraguatatuba, entre outras. No caminho, praias e matas se destacavam na paisagem.

Embarque é feito pela porta traseira do avião (Foto: Alexandre Saconi/UOL)
Embora seja uma aeronave relativamente grande para sua capacidade de transporte, a cabine de passageiros é baixa, com 1,37 m de altura, e é praticamente impossível caminhar entre os assentos sem estar abaixado. As bagagens costumam ir dentro da cabine, no fundo do avião, mas podem ir no bagageiro que fica localizado na barriga do avião caso o volume seja maior. 

Após chegar ao destino, o retorno de malas e outros objetos é feito logo ao lado da aeronave, o que economiza o tempo gasto em ficar esperando na esteira do aeroporto. Apesar de voar em uma velocidade menor que os grandes jatos comerciais, o avião cumpre bem o seu papel de atender aeroportos que não têm uma forte infraestrutura.

Passageiros têm uma visão ampla dos momentos do pouso e decolagem (Foto: Alexandre Saconi/UOL)

Veja algumas curiosidades:

  • Em dezembro de 2020, o país possuía 196 exemplares do Caravan registrados no Brasil, mas apenas 118 estavam autorizados a voar
  • Cerca de 20 estão registradas para realizar apenas voos comerciais regulares
  • Oito pertencem à administração pública no país
  • Nos últimos dez anos, foram contabilizados 16 acidentes com o avião no Brasil; desses, apenas um teve como fator contribuinte a fabricação da aeronave
  • A Força Aérea Brasileira também opera esse avião, sob o registro C-98/A
Via Alexandre Saconi (Colaboração para o UOL - Fontes: Azul Linhas Aéreas e Thiago Torrente, piloto-chefe da Asta Linhas Aéreas)

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