sábado, 9 de abril de 2022

Acidente de aproximação do Boeing 777 da Air France: problema da aeronave descartado?


A Boeing teria dito à Air France que nenhum problema técnico foi encontrado no 777 envolvido em um grave incidente em 5 de abril de 2022, segundo o La Tribune.

O Boeing 777-300ER registrado F-GSQJ estava realizando o voo AF011 de Nova York-JFK para Paris-CDG. O voo havia entrado na aproximação final da pista 26L quando os pilotos relataram ao controlador de tráfego aéreo que a aeronave aparentemente não respondia à entrada da tripulação e estava virando incontrolavelmente para a esquerda. Em áudio ATC publicado online, um dos pilotos explicou que a aeronave “estava fora de controle”.

O diário francês La Tribune alegou ter tido acesso a informações preliminares enviadas pelo fabricante à transportadora de bandeira francesa que indicam que não houve nenhum problema técnico com a aeronave.

De acordo com o conteúdo do gravador de acesso rápido (QAR) que compila os dados de voo, o 777 não encontrou nenhum defeito no controle de voo. A Boeing afirmou que “a aeronave de referência respondeu adequadamente aos comandos da tripulação de voo”. Além disso, o interruptor de decolagem/volta (TO/GA) teria sido ativado quatro vezes.

O Escritório Francês de Inquérito e Análise para Segurança da Aviação Civil (BEA), que abriu uma investigação sobre o que está sendo tratado como um incidente grave, respondeu que os dados do voo ainda estavam sendo analisados. “Uma comunicação será feita quando tivermos uma compreensão global do evento”, disse em um tweet .

Os relatórios de acidentes e incidentes de aeronaves geralmente levam meses para serem compilados enquanto os investigadores examinam as várias fontes disponíveis, como os parâmetros completos do gravador de dados de voo e o gravador de voz da cabine.

Marília Mendonça: STJ vai decidir se investigação do acidente aéreo ficará na Justiça estadual ou federal

A queda do avião bimotor aconteceu no dia 5 de novembro de 2021, na zona rural de Caratinga, na Região do Rio Doce, e matou quatro pessoas além da cantora sertaneja.

Avião com cantora Marília Mendonça cai em Minas Gerais (Foto: Reprodução)
O Superior Tribunal de Justiça (STJ) foi acionado para decidir de quem é a competência – da Justiça Estadual ou da Justiça Federal de Minas Gerais – para a investigação sobre o acidente aéreo que deixou a cantora Marília Mendonça e outras quatro pessoas mortas.

A queda do avião bimotor aconteceu no dia 5 de novembro de 2021, na zona rural de Caratinga, na Região do Rio Doce.

Para pedir prazo para a conclusão do inquérito, a Polícia Civil de Minas Gerais encaminhou os autos para a Justiça Federal, que declinou da competência e entendeu que o caso deveria ficar com a Justiça Estadual. Já a Justiça Estadual entende que a competência é da Justiça Federal.

"Caberá ao STJ dirimir o referido conflito e decidir o órgão jurisdicional competente e consequentemente a atribuição institucional para o prosseguimento das investigações", explicou a Polícia Civil, em nota.

Caso a competência seja da Justiça Federal, a Polícia Federal deve dar andamento à investigação. Se for da Justiça Estadual, as apurações deverão ser feitas pela Polícia Civil.

Procurado, o STJ disse que o relator do caso é o ministro Antonio Saldanha Palheiro, da Terceira Seção, que aguarda parecer do Ministério Público Federal. Não há previsão de data para decisão ou julgamento.

Além de Marília Mendonça, morreram no acidente o piloto Geraldo Medeiros; o copiloto Tarciso Viana; o produtor Henrique Ribeiro; e o tio e assessor de cantora, Abicieli Silveira Dias Filho. Todos foram vítimas de politraumatismo.

A Polícia Civil trabalha com duas linhas de investigação para explicar a queda do avião: a de que a aeronave teria caído após colidir contra uma linha de distribuição da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) e a possibilidade de pane nos motores, o que depende de investigação do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

A Aeronáutica disse que as investigações do Cenipa ainda não foram concluídas e nem há previsão para que sejam.

Via Carlos Eduardo Alvim e Rafaela Mansur, TV Globo e g1 Minas

Paraná: Mau tempo faz avião que ia para Francisco Beltrão voltar a São José dos Pinhais nesta sexta (8)

Voo que saiu do Aeroporto Afonso Pena no meio da tarde precisou retornar à origem para 'garantir segurança de suas operações’.

Pouso em Francisco Beltrão estava previso para 16h35, segundo sistema de monitoramento
Um voo que iria para Francisco Beltrão, no sudoeste do estado, precisou retornar a origem, no Aeroporto Afonso Pena, em São José dos Pinhais, na Região Metropolitana de Curitiba, na tarde desta sexta-feira (8).

De acordo com a Azul, que operou o voo, a medida foi tomada frente às condições meteorológicas para “garantir a segurança de suas operações”. O pouso, previsto para 16h35 em Francisco Beltrão, aconteceu às 17h15, no Afonso Pena, segundo o sistema de monitoramento Flight Radar. A decolagem foi às 14h49.

Por imagens de radar, é possível ver que o voo inicia a volta ao Afonso Pena após chegar na região de Campina do Simão, no centro do estado. Chovia no local no momento do retorno, segundo o Simepar.

Na região de Palmeira, nos Campos Gerais, é possível ver que o avião dá duas voltas em círculo. A companhia não informou o motivo das manobras, porém, enquanto os movimentos aconteceram, outra aeronave estava em processo de pouso no Afonso Pena, segundo o Flight Radar.


Segundo a companhia, após o pouso e o desembarque no Afonso Pena, todos os clientes foram reacomodados em outros voos da companhia. A Azul não informou quantos passageiros e tripulantes estavam a bordo.

Via g1 PR - Imagens: Flight Radar

Avião da Azul atinge pássaro durante pouso em Campinas e nariz fica amassado


Um Airbus A320neo da Azul Linhas Aéreas terá que passar por reparos. Segundo os passageiros foram informados, o avião teria colidido com uma ave. Outras fontes, no entanto, comentam que o dano foi causado por uma chuva de granizo.

O Airbus A320-251N de matrícula PR-YRB efetuava um voo de Goiânia para Campinas (Viracopos) quando teria atingido uma ave ou granizo (a confirmar) durante a fase de aproximação para aterrissagem. Apesar do impacto, forte como evidencia a imagem, a tripulação seguiu normalmente para o pouso, que foi realizado em segurança.

Ao chegar no portão de embarque, o dano causado ficou visível e imagens do nariz da aeronave danificado, feitas por passageiros e equipes de solo do aeroporto, começaram a circular pela internet.

O leitor Leone Morales estava no portão de embarque, de onde deveria embarcar na aeronave para o voo AD-4304, que teria como destino a cidade de Porto Alegre. No entanto, por causa do incidente, o avião foi interditado pela manutenção para reparos, e o voo teve que ser operado pelo PR-YRT, com duas horas de atraso.

Confira o vídeo enviado pelo leitor do A320neo com o nariz amassado:


Buscas por avião de brasileiro que desapareceu na Argentina entra no quarto dia

Procura entra no quarto dia neste sábado. Empresário de Florianópolis e dois amigos decolaram na aeronave.

Buscas por avião que desapareceu na Argentina (Foto: ENA/Divulgação)
A Empresa Argentina de Navegação Aérea (EANA) divulgou na tarde de sexta-feira (8) vídeos e fotos das buscas pelo avião brasileiro que desapareceu na Argentina na quarta (6). A procura é feita por ar, terra e mar. A sexta-feira marcou o terceiro dia de buscas.

Três brasileiros estavam a bordo do avião do empresário Antônio Carlos Castro Ramos, de Florianópolis, que pilotava a aeronave. Os demais ocupantes eram os amigos dele Mário Pinho, um advogado, e o médico Gian Carlos Nercolini.

A busca pelo ar é feita pela Força Aérea Argentina, com ajuda da Marinha do país pelo mar, informou o Ministério da Defesa argentina. Pela via terrestre, a procura é feita pelo Exército do país.

Veja os vídeos:
Avião Hércules KC-130, da Força Aérea Argentina, antes de decolar para
buscas de aeronave brasileira desaparecida (Foto: EANA/Divulgação)
Aviões e um helicóptero são usados. Um dos veículos, uma aeronave da Força Aérea Argentina, decolou na manhã desta sexta, informou a EANA. Na tarde de quinta (7), a procura por via aérea foi interrompida por causa do mau tempo.

Representantes da Força Aérea Argentino dentro de avião antes de decolagem
para buscas de aeronave brasileira desaparecida (Foto: EANA/Divulgação)
Pela terra, patrulhas motorizadas do Exército argentino percorrem as regiões de Pico Salamanca e Bahía Bustamante.

Representantes da Força Aérea Argentina dentro de avião para decolar e atuar nas
buscas de aeronave brasileira desaparecida (Foto: EANA/Divulgação)
Os três brasileiros saíram na quarta do aeroporto de El Calafate, na região da Patagônia, no período da manhã. O grupo tinha como destino a cidade de Trelew, no Sul argentino, mas parou de se comunicar com a base aérea do país no meio do percurso.

Homem olha mapa dentro de avião da Força Aérea Argentina que atua nas buscas
por aeronave brasileira desaparecida (Foto: EANA/Divulgação)

Ocupantes receberam orientação para mudar rota


Os ocupantes de avião que está desaparecido receberam, antes de partir para Trelew, uma orientação para mudar a rota e parar em Puerto Deseado, segundo o presidente do Aeroclube de El Calafate, Freddy Vignole. Isso porque, segundo ele, já eram conhecidas as condições climáticas desfavoráveis para o trajeto previsto inicialmente.

Antônio Ramos e Mário Pinho (Fotos: Reprodução/Redes Sociais)
O grupo de brasileiros teria mantido o percurso inicial. Segundo Vignole, não se sabe o que motivou a mudança.

"Eles chegaram ao nosso hangar (em El Calafate), onde estavam guardados os aviões, com um plano voo feito, com a ideia de ir até Trelew. Tinham colocado como alternativa a localidade de Puerto Deseado, aqui na província de Santa Cruz", comenta o presidente do Aeroclube de El Calafate, Freddy Vignole.

Os brasileiros estavam em comboio com outro avião argentino, que conseguiu chegar ao destino. Antes de decolarem, no entanto, os dois grupos conversaram sobre o tempo na região.

"Eles [os brasileiros], juntamente com o avião argentino que os acompanhava, estavam tomando essa decisão devido ao mau tempo a caminho de Trelew e eu apenas lhes disse que me parecia o melhor, pois a posição desejada é meteorológicamente boa", disse.

Segundo Vignole, após analisar as condições meteorológicas, o aeroclube afirmou que era melhor que os brasileiros partissem para Puerto Deseado. "Às três da tarde, soubemos que, por algum motivo, haviam decidido cumprir o plano de voo programado e ir até Trelew", relata.

Trajeto


Na quarta, os três brasileiros saíram do aeroporto de El Calafate, na região da Patagônia, no período da manhã. O grupo tinha como destino a cidade de Trelew, no Sul argentino, mas parou de se comunicar com a base aérea do país no meio do percurso.

Segundo a Empresa Argentina de Navegação Aérea (EANA), que monitora a trânsito de aviões no país, na metade do trajeto, o trio ainda fez contato com o transporte aéreo de Comodoro Rivadavia.


De acordo com o jornal argentino Clarin, os brasileiros passaram o final de semana junto com outros amigos na cidade Chubut, onde participaram de uma festa pelo aniversário de um aeroclube local. Quando saíram de El Calafate, outras duas aeronaves também decolaram juntas e chegaram ao destino final, que era Puerto Madryn.

O jornal argentino também informou que durante o dia houve fortes tempestades na região em que a aeronave desapareceu, com chuvas que em pouco tempo ultrapassaram os 40 milímetros.

Avião


A aeronave que desapareceu no radar argentino é modelo RV-10 e foi fabricada em 2016. O avião pesa 1.224 kg e tem capacidade para três pessoas. O número de serie é o FVE-2182, segundo informações da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac).

Um vídeo com o que seriam as últimas imagens feitas dentro do avião foram divulgadas pelo jornal argentino La Opinión Austral.

Por Joana Caldas, g1 SC

Avião da Azul com destino a Confins (MG) volta a Salvador (BA) 20 minutos após decolar

Um passageiro que estava no voo disse ter sentido cheiro de queimado vindo das saídas do ar-condicionado.


O voo 4472 da Azul, com destino ao Aeroporto Internacional de Belo Horizonte, em Confins, precisou fazer uma manobra de retorno a Salvador, cidade de origem, nesta sexta-feira (8).

Cerca de 20 minutos depois de decolar, a cabine de comando emitiu comunicado de que retornaria à capital baiana. O motivo seria um "odor diferente identificado pelas comissárias".

O pouso do Airbus A320-251N, prefixo PR-YRA, no Aeroporto Internacional de Salvador ocorreu de maneira tranquila. Porém, havia um forte aparato do Corpo de Bombeiros com quatro caminhões e uma ambulância.


Os passageiros foram levados para uma sala disponibilizada pela Azul à espera de mais esclarecimentos sobre o ocorrido, e os procedimentos que serão adotados para a viagem a Belo Horizonte.

Um passageiro que estava no voo disse ter sentido um cheiro de queimado, vindo das saídas do ar-condicionado, assim que o avião pousou em Salvador.

Via O Tempo

sexta-feira, 8 de abril de 2022

Veja como foi o lançamento da Ax-1, a 1ª missão privada para o espaço


Nesta sexta-feira (8), quatro tripulantes deixaram a plataforma 39A do Centro Espacial Kennedy da NASA, na Flórida, rumo à Estação Espacial Internacional (ISS). O lançamento ocorreu às 12h17 (horário de Brasília), com previsão de chegada para amanhã (9) às 8h30.


Os astronautas partiram a bordo de um foguete Falcon 9, da SpaceX. A missão Ax-1 foi idealizada pela Axiom Space e marca o primeiro voo tripulado da empresa. Além disso, essa é a primeira missão totalmente privada para o espaço — ou seja, sem apoio de agências espaciais estatais, como a NASA ou a ESA.

Foguete Falcon 9, da SpaceX, segundo antes do lançamento ser iniciado
(Imagem: Axiom Space/YouTube/Reprodução)
Inicialmente, a viagem estava planejada para ocorrer no dia 30 de março, mas sofreu dois adiamentos neste intervalo. Os responsáveis pela missão não explicaram os motivos que levaram aos atrasos.

A tripulação é formada por Michael López-Alegría, astronauta espanhol aposentado da NASA e comandante da missão, Larry Connor, empresário norte-americano e piloto acrobático, Mark Pathy, empreendedor e filantropo canadense, e Eytan Stibbe, investidor e ex-piloto da Força Aérea de Israel.

Astronautas da missão privada ocupam a Crew Dragon
(Imagem: Axiom Space/YouTube/Reprodução)
Os três últimos citados parecem ter desembolsado o valor de US$ 55 milhões por seus assentos. Mesmo assim, não irão à ISS apenas a passeio. Durante os dez dias que passarão no espaço, o grupo deverá realizar mais de 20 estudos científicos.

Entre eles, está o teste do capacete desenvolvido pela startup israelense brain.space, que tem como objetivo medir a atividade cerebral do usuário. Saiba detalhes neste texto do Gizmodo Brasil.

A missão marca um grande passo para a Axiom Space, que foi escolhida pela NASA para desenvolver uma ala comercial para a ISS. O primeiro módulo deve ser lançado à estação em 2024.

O lançamento foi transmitido pela Axiom Space em seu canal do YouTube. Confira as cenas.


Aconteceu em 8 de abril de 1968: A história do voo BOAC 712 e as ações heroicas que salvaram mais de 100 vidas

Era um dia ensolarado quando o avião decolou do aeroporto de Heathrow, na Inglaterra, e ainda estava ensolarado quando voltou à Terra quatro minutos depois.

À primeira vista, o voo 712 da BOAC não era nada notável. Decolou de Heathrow em 8 de abril de 1968, com destino a Zurique, de onde seguiria para Sydney, Austrália.

No entanto, ninguém sabia de um defeito grave em um dos motores do Boeing 707, o que faria com que este voo de rotina se tornasse tudo menos isso.

Esse defeito trágico levaria à morte de cinco das 127 pessoas a bordo, um total que poderia ter sido muito maior se não fosse o heroísmo da tripulação.

O Boeing 707-465, prefixo G-ARWE, da BOAC, envolvido no acidente
O voo 712, operado pelo Boeing 707-465, prefixo G-ARWE, da British Overseas Airways Corporation (BOAC) (foto acima), também conhecido como Whiskey Echo, decolou às 15h27 sob o controle do capitão piloto Charles Taylor.

Taylor foi apoiado pelo primeiro oficial Francis Kirkland, pelo primeiro oficial interino John Hutchinson, pelo oficial de engenharia Thomas Hicks e pelo capitão supervisor Geoffrey Moss. Junto com uma tripulação de cabine de seis pessoas, havia 116 passageiros a bordo do Boeing 707 naquela tarde.

Imediatamente após a decolagem, a alavanca de aceleração do motor interno de bombordo (lado esquerdo) voltou para a marcha lenta e os instrumentos indicaram que o motor havia falhado. Houve um grande estrondo e Taylor pediu a lista de verificação de falha do motor e Hicks começou a fazê-lo. 

O avião estava perdendo potência e começou a tremer. Quando Taylor ele puxou o acelerador para a marcha lenta total, o alarme de advertência do trem de pouso soou (soa quando o trem de pouso está levantado e o acelerador é retardado). 

Hicks e Moss estenderam a mão para desligar a campainha de aviso, mas Moss acertou primeiro e Hicks, sem perceber que Moss o fizera, também desligou inadvertidamente o alarme de incêndio do motor. Nenhuma simulação de incêndio foi iniciada. 

O capitão Moss, que estava no avião para fazer uma avaliação de desempenho do capitão Taylor, olhou pela janela da cabine para ver o que havia de errado com o motor.

"Puta merda!" ele exclamou. "A asa está pegando fogo!"

Asa esqueda do G-ARWE pegando fogo em foto tirada por passageiro do voo
Mais tarde, ficaria claro que uma roda do compressor do motor havia estourado devido à fadiga, o que, por sua vez, liberava combustível que inflamava nas altas temperaturas do motor.

Na atmosfera confusa da cabine, o engenheiro de voo Hicks alcançou, mas não puxou, a alavanca de corte de combustível. Se tivesse feito isso, o fluxo de combustível para aquele motor teria parado.

Às 15h29, dois minutos após a decolagem, o capitão Taylor transmitiu uma teleconferência. De volta à torre de controle em Heathrow, o controlador de tráfego do aeroporto John Davis olhou horrorizado.

O trajeto que o avião fez para retornar ao aeroporto
Davis tinha inicialmente pensado que a luz brilhante que ele podia ver era a luz do sol refletida na asa do avião, mas ele rapidamente percebeu que era fogo. Davis alertou os serviços de emergência e declarou um acidente com a aeronave, enquanto tentava guiar o avião para a pista 28L.

De volta ao avião, a situação era precária, pois as janelas próximas ao fogo começaram a derreter com o calor das chamas. A situação então piorou quando os postes que seguravam o motor na asa cederam, fazendo com que o motor caísse 3.000 pés até o solo.

A aeronave em voo sobre Thorpe. No detalhe, o motor caindo em chamas
Em uma notável reviravolta do destino, ele caiu em um poço de cascalho em Thorpe, onde um grupo de crianças estava brincando, mas errou incrivelmente todas elas.

O fogo ainda queimava e a perda do motor causou perda de potência hidráulica no trem de pouso e nos flaps. Felizmente, Taylor estendeu o trem de pouso e os flaps pararam 3 graus antes da posição totalmente estendida. 

Às 15h31, apenas quatro minutos após a decolagem, o avião estava de volta ao solo depois de pousar em chamas. No entanto, o avião não conseguiu chegar à pista 28L, então pousou na 05R.  


Devido ao curto período de tempo entre a declaração do Mayday às 15h29 e o pouso da aeronave às 15h31, não houve tempo para os serviços de emergência colocarem um tapete de espuma, o que era prática padrão na época.

Taylor usou o empuxo reverso nos dois motores de popa para diminuir a velocidade da aeronave. Infelizmente, o impulso reverso também desviou as chamas em direção à fuselagem.


Assim que a aeronave parou, Taylor ordenou o acionamento do motor e o desligamento dos três motores restantes, mas uma explosão na asa de bombordo o fez ordenar o abandono da cabine. Os três tripulantes escaparam usando a corda da cabine de emergência. 

O escorregador de escape da porta traseira de estibordo havia se torcido na implantação, então Taylor desceu para endireitá-lo. Seis passageiros escaparam por essa rota antes que o escorregador fosse perfurado e esvaziado.


Enquanto isso, os tripulantes de cabine se prepararam para a saída de emergência, mas a explosão e o incêndio resultante os impediram de usar as portas de bombordo e de saída traseira. Tanto Hicks quanto Taylor haviam saído da aeronave e estavam ajudando os passageiros em terra. 

A tripulação de cabine começou a evacuar o avião antes mesmo de ele parar totalmente na pista, mas a evacuação estava prestes a se tornar consideravelmente mais difícil. Depois que o avião parou, o fogo acendeu linhas de combustível e tanques de oxigênio na asa, causando uma série de explosões que incendiaram a cabine.


O escorregador de escape da porta da cozinha de bombordo (lado esquerdo) pegou fogo antes que pudesse ser usado, mas uma pessoa saltou de lá. 

Os dois primeiros carros de bombeiros a chegar não puderam fazer muito, pois pararam muito longe da aeronave e seu projeto os impediu de se mover quando começaram a fazer espuma. Além disso, o acúmulo de tinta nas roscas de acoplamento de hidrantes próximos impediu que as mangueiras fossem fixadas. Um tender de água de espuma de reserva se aproximou e descarregou sua espuma com eficácia, mas o fogo já havia se firmado.


A maioria dos passageiros (84) escapou pela porta da cozinha de estibordo (lado direito), embora alguns tenham tomado outras rotas antes que o fogo os tornasse intransitáveis. Embora a maioria dos passageiros tenha conseguido sair, quatro, incluindo uma mulher com deficiência e uma menina de oito anos, ficaram presos na parte traseira do avião.


A aeromoça Barbara Jane Harrison, que era o último membro da tripulação a bordo, estava prestes a pular do avião, mas voltou para dentro na tentativa de resgatar os passageiros presos. Infelizmente, a Sra. Harrison e os quatro passageiros não conseguiram escapar e perderam a vida no incêndio. As vítimas foram descobertas assim que o fogo foi extinto. 


A aeronave transportava 116 passageiros e 11 tripulantes. Cinco pessoas morreram no acidente: a aeromoça Barbara Jane Harrison e quatro passageiros. Foi determinado que todos os cinco morreram de " asfixia devido à inalação de gases de incêndio".


Os sobreviventes incluíam o cantor pop Mark Wynter, que estava viajando para a Austrália para se casar, e Katriel Katz, embaixador de Israel na União Soviética. Katz, um homem grande, foi o único passageiro a escapar saltando pela porta dianteira; Hutchinson e Unwin tentaram direcioná-lo para o escorregador a estibordo e quase foram carregados pela porta de bombordo por Katz, que ficou gravemente ferido no salto.


Outra aeromoça, Rosalind Chatterley, descreveu a ação que tomou com o primeiro mordomo Andrew McCarthy e o mordomo-chefe Neville Davies-Gordon enquanto o drama se desenrolava.

A Sra. Chatterley, cujo único ferimento foi uma leve queimadura no braço, disse: "Tínhamos uma tripulação de cabine muito, muito boa naquele dia. Embarcamos todos os passageiros e com tudo seguro para a decolagem, obtemos autorização e decolamos por volta de 16h20. Quase um minuto depois do início do voo, houve um grande estrondo. Andy e eu nos entreolhamos e dissemos: 'O que é isso?'


"Andy se levantou e abriu a porta da cabine de comando e nós dois ouvimos o alerta de socorro 'Mayday, Mayday' da cabine.

"A aterrissagem ocorreu sem problemas. Fizemos uma ligeira curva para bombordo, estremecemos e paramos. Depois de não mais do que três e meio a quatro minutos após a decolagem, estávamos de volta ao solo."


Descrevendo os momentos após a aterrissagem da aeronave, ela lembrou: "Empurramos os passageiros para fora do avião, sem bagagem de mão, cerca de um a cada segundo".

"Alguns passageiros permaneceram calmos. Lembro-me de ter visto uma pobre senhora no fundo da rampa de escape. Ela apenas ficou lá. Um dos pneus da aeronave estava rolando na direção de outra passageira. Um bombeiro a ajudou a se afastar e outro conseguiu desviar o curso de rolamento do pneu. Enquanto tudo isso estava acontecendo, a aeronave explodiu três a quatro vezes." 


Após o acidente, a Sra. Chatterley foi nomeada "Cidadã de Coventry" por sua cidade natal, a BOAC presenteou-a com um broche de ouro e ela foi enviada em um feriado de duas semanas para Barbados com sua mãe. Anos depois, ela encontrou um passageiro em Cingapura que estava no voo.

"Ele se lembrou de me ver quando passou descendo a rampa", disse ela. "Ele estava a caminho de casa para Sydney. Ele me disse que tinha batido no topo da rampa e caído no chão, quebrando o braço e as pernas. Enquanto ele estava no hospital, sua esposa e filhos foram levados de avião. BOAC para visitá-lo."


Um relatório sobre o incidente pela Junta Comercial descobriu que se a válvula de corte de combustível tivesse sido fechada, isso poderia ter evitado a propagação do fogo.

O mesmo relatório constatou que, devido a falhas nos equipamentos do serviço de bombeiros e na forma como foi implantado, a eficiência do serviço de bombeiros foi significativamente reduzida.


Também foi notado que, como o avião pousou em uma pista diferente da planejada originalmente, os bombeiros não conseguiram colocar uma camada de espuma como costumavam fazer.

No entanto, o relatório observou que as equipes de bombeiros evitaram com sucesso que o fogo se propagasse para a outra asa da aeronave, onde 3.000 galões de combustível estavam sendo armazenados.

A aeromoça heroína Barbara Jane Harrison
Elogios foram dados à tripulação de cabina pela maneira como lidaram com a evacuação do avião, com a aeromoça Barbara Jane Harrison sendo condecorada postumamente com a George Cross.

Neville Davis-Gordon, comissário sênior, recebeu a Medalha de Galantaria do Império Britânico por suas ações, enquanto o controlador de tráfego aéreo John Davis foi nomeado MBE. Todos os membros da tripulação receberam elogios da BOAC, além do engenheiro de voo Thomas Hicks.

O capitão Taylor também recebeu a medalha de ouro da British Airline Pilots Association por suas ações ao pousar com segurança uma aeronave que havia perdido um motor, quase certamente salvando 122 vidas no processo, incluindo a sua própria.


A aeronave envolvida no acidente, o Boeing 707-465, prefixo G-ARWE, tinha até a data da ocorrência um total de 20.870 horas de voo desde que voou pela primeira vez em 27 de junho de 1962. Em 21 de novembro de 1967, ela havia sofrido uma falha de motor, resultando em uma decolagem abortada sem ferimentos. A aeronave estava segurada por £ 2.200.000 com o Lloyd's de Londres. A seção do nariz da aeronave foi recuperada para uso em um Convair CV-580 para fins de teste como parte do programa Total In Flight Simulator. 

Por Jorge Tadeu (com Surrey News, Pilot Friend, Business Live, ASN, Wikipedia) 

Vídeo: Air Crash Investigation - South African Airways voo 201

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Aconteceu em 8 de abril de 1954: Voo da South African Airways 201 - Descompressão explosiva

Em 8 de abril de 1954, Gerry Bull e outros engenheiros da British Overseas Airways Corporation (BOAC) examinaram a aeronave de Havilland Comet 1 para o voo 201. Essa mesma equipe havia sido a responsável pela vistoria da aeronave Comet do voo 781 da BOAC, que se partiu no ar, em janeiro do mesmo ano.


O voo 201 da South African Airways (SAA) utilizava a aeronave de Havilland DH-106 Comet 1, prefixo 
G-ALYY ("Yoke Yoke"), de propriedade da British Overseas Airways Corporation (BOAC) (foto acima),  era um voo charter de Londres, na Inglaterra para Joanesburgo, na África do Sul, com escalas intermediárias em Roma, na Itália e Cairo, no Egito,  com uma tripulação sul-africana de sete pessoas e transportando quatorze passageiros.

O voo 201 decolou de Londres para Roma às 13h00 UTC da quarta-feira, 7 de abril de 1954, na primeira etapa em direção ao sul para Joanesburgo, chegando a Roma às 17h35 UTC. Na chegada a Roma, os engenheiros descobriram algumas falhas menores, incluindo um medidor de combustível com defeito e 30 parafusos soltos na asa esquerda, que atrasaram a partida da aeronave em 25 horas antes que o "Yoke Yoke" estivesse pronto para partir para o Cairo na noite de quinta-feira 8 de abril.

Um ilustração de outro de Havilland Comet I da BOAC, o G-ALYP
A aeronave, então, decolou para o Cairo às 18h32 UTC de 8 de abril, sob o comando do Capitão William Mostert e subiu rapidamente em direção à sua altura de cruzeiro de 35.000 pés (11.000 m). 

A tripulação fez o relato sobre o farol de Ostia às 18h37 UTC, passando pela altitude de 7.000 pés (2.100 m). O tempo estava bom, mas com céu nublado. Outros relatórios foram feito a partir da aeronave, primeiro às 18h49 UTC em Ponza , onde relatou subir 11.600 pés (3.500 m) e outro às 18h57 UTC, quando relatou passar no travessão de Nápoles.

Às 19h07 UTC, enquanto ainda subia, a aeronave contatou o Cairo no rádio HF de longo alcance e relatou um ETA (tempo estimado de chegada) para 21h02 UTC.

Esta foi a última mensagem ouvida de Yoke Yoke, pois algum tempo depois, a aeronave se desintegrou no céu noturno a cerca de 35.000 pés (11.000 m), matando todos a bordo.


Depois de repetidas tentativas de reconquistar o contato pelo controle de tráfego aéreo de Cairo e Roma, sem resposta, percebeu-se que o Comet havia sido perdido. A notícia inicial do acidente vazou para a imprensa por uma estação de rádio alemã que monitorava as transmissões de rádio.

O New York Times escreveu que: "A Grã-Bretanha pesou hoje o custo de um golpe impressionante para sua indústria pioneira mais orgulhosa - a aviação civil a jato - quando a queda de outro avião comercial Comet foi confirmada. Acredita-se que 21 pessoas, incluindo três americanos, morreram quando o avião se perdeu no Mediterrâneo. A descoberta de pelo menos seis corpos e pedaços de destroços flutuando no mar a cerca de 70 milhas (110 km) ao sul de Nápoles aniquilou as últimas esperanças para a nave da British Overseas Airways Corporation, desaparecida desde 6h57 da noite passada".

Nessa mesma noite, o Ministro dos Transportes do Reino Unido, AT Lennox-Boyd, retirou de todos os Comet's o certificado de navegabilidade que a aeronave ganhou em 20 de janeiro de 1952, "enquanto se aguarda investigações detalhadas sobre as causas dos desastres recentes."

Este segundo acidente inexplicável do Comet em três meses, ocorreu menos de três semanas depois que o elegante avião de passageiros de Havilland de quatro jatos foi restaurado para serviço comercial com cerca de 60 modificações de segurança. Eles haviam ficado presos por 10 semanas desde a queda do Comet anterior, em 10 de janeiro, no Mediterrâneo, perto da ilha de Elba, com 35 mortos.

Sir Miles Thomas, presidente da companhia aérea BOAC, disse que o novo acidente foi "uma grande tragédia e um grande revés para a aviação civil britânica".

Assim que soube do acidente, a BOAC mais uma vez pousou voluntariamente todos os seus Comet's, como havia feito três meses antes do desastre do voo 781 da BOAC . Os serviços italianos de resgate aéreo-marítimo foram notificados e as buscas começaram na madrugada do dia seguinte, envolvendo posteriormente o porta - aviões da Marinha Real HMS Eagle e o destroier HMS Daring. 

Localização aproximada do acidente perto da Itália
Algum tempo depois naquele dia, um relatório foi recebido de um avião Embaixador da BEA sobre uma mancha de óleo a cerca de 70 milhas (110 km) a leste de Nápoles e corpos e destroços na água a 30 milhas (48 km) a sudeste de Stromboli. 

A profundidade do Mar Mediterrâneo no local do acidente significou que uma missão de salvamento foi descartada como impraticável, mas se a causa do acidente BOAC foi encontrada, também explicaria o acidente SA devido às semelhanças entre os dois.

No momento do acidente, a investigação sobre a queda do voo 781 do BOAC ainda estava em andamento, mas a suspeita da causa do acidente recaía sobre a possibilidade de uma falha da turbina do motor. Durante o aterramento anterior de todos os Comet's, foram feitas modificações na aeronave, incluindo o "Yoke Yoke", que pareciam eliminar essa possibilidade.


Após uma extensa investigação plurianual presidida por Lionel Cohen, o documento oficial das conclusões foi divulgado pelo Ministério dos Transportes e Aviação Civil, em 1 de fevereiro de 1955, como Relatório de Acidente de Aeronave Civil do Tribunal de Inquérito sobre os Acidentes de Cometa G-ALYP em 10 de janeiro de 1954 e cometa G-ALYY em 8 de abril de 1954.

A investigação conjunta deste acidente e do BOAC 781 revelou defeitos de projeto do fabricante (janelas quadradas) e fadiga do metal que resultou na descompressão explosiva que causou os dois acidentes.

Os eventos do voo 201 foram incluídos em "Ripped Apart", um episódio da 6ª temporada (2007) da série de TV canadense Mayday (chamada 'Air Emergency and Air Disasters' nos EUA e 'Air Crash Investigation' no Reino Unido e em outros lugares ao redor do mundo). Este episódio especial examinou emergências de aviação causadas por falha de pressurização ou descompressão explosiva; o episódio também contou com o voo 781 da BOAC.

Por Jorge Tadeu (com Wikipedia e ASN)

Raio pode derrubar um avião? O que acontece com a aeronave nessa hora?

Aviões são atingidos por raios enquanto voam
(Imagem: YouTube/Sjónvarp Víkurfrétta/Ziggy Van Zeppelin/ Valk Aviation)
Milhares de aviões são atingidos por raios anualmente. Estima-se que cada um dos mais de 27 mil aviões comerciais espalhados pelo mundo seja atingido pelo menos de uma a duas vezes por ano.

Mesmo causando preocupação nas pessoas, e até mesmo sendo assustador às vezes, hoje isso não representa mais riscos para quem está voando. Os aviões modernos são desenvolvidos para não sofrerem com os raios, e ainda passam por revisões de segurança cada vez que isso ocorre.

Avião de Miley Cyrus foi atingido 


No mês passado, a cantora norte-americana Miley Cyrus postou em suas redes sociais que seu avião havia sido atingido por um raio. 

Ela voava da Colômbia com destino a Assunção, capital do Paraguai, mas, após a ocorrência, precisou fazer um pouso não programado no aeroporto de Guarani, perto de Ciudad del Este, devido ao mau tempo. 

A cantora mostrou o momento em que o raio atinge o avião e, posteriormente, como ficou um pedaço da fuselagem atingida. Houve apenas um susto, e poucas horas depois os passageiros foram realocados em outros voos enquanto o avião era inspecionado.


Proteção


Quem está dentro de um avião não sofre com a descarga elétrica de um raio devido ao conceito da Gaiola de Faraday. De maneira simplificada, a fuselagem metálica do avião forma um invólucro que conduz a eletricidade à sua volta, mantendo quem está do lado de dentro seguro.

Assim, o raio é conduzido pelo lado de fora da aeronave apenas, e quem está do lado de dentro deve sentir só o incômodo do clarão e do som (se for o caso). 

Até mesmo nos aviões modernos, com a fuselagem feita de materiais compósitos, que não são tão bons condutores de eletricidade, há estruturas e tratamentos para isso. Nessas situações, os materiais, como a fibra de carbono encontrada na fuselagem, são cobertos com uma fina camada de cobre, além de serem pintados com uma tinta que contém alumínio.

Nariz do avião possui fios condutores para não ser afetado caso seja atingido por raios
(Imagem: Alexandre Saconi)
Um desses locais é o nariz do avião, que não costuma ser de material metálico, já que ali ficam sensores e o radar meteorológico da aeronave. Caso ele fosse metálico, atrapalharia os sinais dos equipamentos e, por isso, ele conta com fios para conduzir a eletricidade para o corpo do avião e dissipá-la no ambiente.

Precisa pousar?


Em grande parte das vezes em que um avião é atingido por um raio, o piloto decide pousá-lo para que sejam feitas inspeções de segurança. São os tripulantes que definem se será possível continuar voando até o destino ou se será preciso colocar o avião no solo o quanto antes.

O ponto onde o raio atinge o avião não costuma ser grande, e sua dimensão pode ser a mesma da cabeça de um lápis. Isso é detectado pelas equipes de manutenção no solo, que observarão se não há maiores danos. 

Essas marcas podem ser, por exemplo, um rebite danificado, um ponto mais escurecido na pintura, tinta lascando, entre outras. Dependendo do tamanho do dano, o avião pode continuar a voar normalmente por um tempo, ainda que alguma pequena parte tenha sido danificada.

Para inspecionar todo o contorno do avião, algumas empresas usam, inclusive, drones com câmeras para poder observar em partes mais difíceis de serem alcançadas se houve algum dano.

Avião já caiu por raio (mas isso é coisa do passado)


Em dezembro de 1963, o avião que fazia o voo Pan Am 214 caiu em decorrência de um raio, matando todas as 81 pessoas a bordo. O Boeing 707 se aproximava do aeroporto internacional da Filadélfia (EUA) quando um raio atingiu sua asa.

O relatório do acidente indicou que a causa mais provável para a queda tenha sido uma explosão da mistura de combustível com o ar dentro da asa, que teria sido induzida pelo raio.

Após essa tragédia, foram feitas algumas recomendações de segurança, entre elas: 
  • Instalação de descarregadores de eletricidade estática nos aviões que ainda não os possuíam;
  • Utilização apenas de combustível Jet A nos aviões comerciais, já que esse gera menos vapor inflamável em comparação com outros combustíveis;
  • Mudança de peças e sistemas nos tanques das asas para evitar a formação de vapores que possam entrar em ignição com tanta facilidade.
Os computadores dos aviões modernos também são blindados para evitar qualquer tipo de problema. Somando-se a isso, pilotos tendem a evitar regiões com nuvens mais carregadas, onde há mais chance de esse tipo de descarga ocorrer.

Via Alexandre Saconi (UOL) - Fontes: Consultoria Oliver Wyman; Anac (Agência Nacional de Aviação Civil), Iata (Associação Internacional de Transportes Aéreos, na sigla em inglês), Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), Blog da KLM e Serviço Meteorológico Nacional dos Estados Unidos.

Atraso de voo após avião ser atingido por raio não gera dever de indenizar

O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, conforme determina o artigo 734 do Código Civil.


Com base nesse entendimento, a juíza Eliana Adorno de Toledo Tavares, da 1ª Vara do Juizado Especial Cível de São Paulo, negou um pedido de indenização por danos morais feito por um passageiro em razão do cancelamento de um voo de São Paulo a Istambul, na Turquia.

De acordo com os autos, o passageiro tinha um primeiro voo de São Paulo a Beirute, no Líbano, que foi cancelado. Com isso, ele também teve de remarcar o segundo voo, de Beirute para Istambul, e levou 48 horas para chegar ao destino.

Em contestação, a companhia aérea sustentou a ausência de responsabilidade pelos danos porque o cancelamento decorreu da necessidade de manutenção da aeronave, que foi atingida por um raio, o que constitui força maior. A empresa é representada pelo advogado Rodrigo da Costa Oliveira.

Para a magistrada, não se pode falar em dever de indenizar por parte da ré, já que o imprevisto não se deu por culpa da empresa. "O atraso para chegada ao destino final foi motivado pela necessidade de manutenção da aeronave porque atingida por um raio, não impugnado especificadamente pelo autor", argumentou ela.

Segundo a juíza, o fato de a aeronave ter sido atingida por um raio é um episódio que não se vincula ao risco da atividade desenvolvida pela companhia aérea, "relacionando-se, em verdade, a fortuito externo e fugindo, portanto, às suas responsabilidades".

Diante desse cenário, para Tavares, não se pode atribuir à companhia aérea a responsabilidade pelo atraso na viagem do autor. "No caso em tela, da narrativa da exordial verifica-se que a ré prestou toda a assistência devida, notadamente hospedagem e reacomodação, de modo que não tampouco há ilícito nesse ponto".


Por Tábata Viapiana (Conjur) - Imagem via BBC Brasil