O lançamento do telescópio está previsto para 5 de março, às 22H48 local (03H48 GMT do dia 6) a partir da base de Cabo Cañaveral na Flórida (sudeste) a bordo de um foguete Delta II, informaram nesta quinta-feira os responsáveis pelo projeto.
Trata-se da primeira missão da Nasa para buscar planetas rochosos como a Terra, em órbita em torno de estrelas similares ao Sol, nem muito longe, nem muito perto, de maneira que sua temperatura possa permitir a existência de água na superfície, condição considerada essencial para o desenvolvimento da vida.
"Kepler é um elemento-chave nos esforços da Nasa para descobrir planetas nos quais se possa encontrar um ambiente similar ao terrestre", explicou, em uma coletiva, Jon Morse, diretor da divisão de astrofísica da agência espacial.
"O inventário de planetas que o Kepler deve realizar será de grande importância para a compreensão da frequência de planetas na mesma categoria do tamanho da Terra em nossa galáxia (a Via Láctea)", acrescentou.
Kepler permitirá, além disso, "preparar futuras missões que detectarão diretamente e estabelecerão as características destes planetas em órbita em torno de estrelas próximas", assegurou o cientista.
A missão Kepler, que custará quase 600 milhões de dólares, durará cerca de três anos e meio e analisará mais de 100.000 estrelas similares ao Sol na região das constelações de Cisne e Lira da Via Láctea.
A sonda encontrará provavelmente centenas de planetas do tamanho da Terra e maiores, mais ou menos distantes de sua estrela, segundo os encarregados do projeoto.
Se os planetas de tipo terrestre são frequentes na zona habitável de seu sistema solar, Kepler poderá descobrir dezenas deles.
Se, em compensação, estes planetas forem raros, a sonda talvez não encontre nenhum, indicando que a Terra seria uma exceção no Universo, indicou William Borucki, responsável científico da missão.
A Nasa batizou o telescópio de "Kepler" em homenagem ao astrônomo alemão do século XVII Johannes Kepler, que descobriu que os planetas giram em torno do Sol em elipses e não em círculos perfeitos.
Desde 1995, 337 exoplanetas (exteriores ao nosso sistema solar) foram descobertos em torno de estrelas, mas são muito maiores que a Terra e estão em lugares ou condições que tornam impossível a existência de vida.
CoRot, o satélite franco-europeu lançado em dezembro de 2006 com a missão de buscar exoplanetas perto de 90.000 estrelas, descobriu no início de fevereiro o menor desta categoria, com o dobro do tamanho da Terra. Mas sua temperatura é extremadamente elevada, por isso é impossível a existência de vida.
Fonte: AFP