Na legislação brasileira, avião comercial deve decolar com quantidade de combustível para realizar várias etapas (Imagem: Getty Images) |
Já ficou rodando perto de um aeroporto antes da liberação para o pouso? Situações como essa ou como no caso de 2022, quando um avião da companhia aérea Viva Air pousou quando tinha combustível disponível para apenas mais seis minutos de voo levantam dúvidas sobre os limites e riscos dessas situações.
Em 2022, o avião havia partido do aeroporto de Cali com destino a Riohacha, ambos na Colômbia, em um voo com pouco mais de uma hora de duração. Por causa do mau tempo no destino, o avião ficou voando cerca de meia hora em círculos.
Em seguida, os pilotos direcionaram o avião para pousar em Rionegro, onde as condições meteorológicas também não estavam favoráveis. O destino virou então o aeroporto de Montería, onde pousaram com pouco combustível.
Quanto tempo dá para esperar?
Esse tempo de espera é muito relativo. Pode durar alguns minutos ou até horas, dependendo de quanto combustível o avião está levando.
Na legislação brasileira, um avião comercial a jato deve decolar com, no mínimo, a quantidade de combustível para realizar as seguintes etapas:
- Taxiamento até a decolagem
- Decolar da origem, voar até o destino e pousar
- Adicional de 5% ou cinco minutos (o que for maior)
- Alternar o pouso para outro aeroporto já designado antes da decolagem, incluindo aproximação e pouso
- Combustível de reserva final para conseguir voar por mais 30 minutos de voo em espera
Ainda é possível que o avião leve quantidades extras de combustível para eventualidades que possa encontrar no caminho, como problemas meteorológicos, permitindo que ele voe mais tempo, além do mínimo obrigatório por lei.
Na prática, os aviões costumam decolar sempre com combustível extra além dos mínimos legais, tendo em vista que podem ocorrer imprevistos.
Esses parâmetros variam de país para país, entre os tipos de avião e a operação que está sendo realizada.
Dá para esperar muito?
Uma vez que o combustível esteja na aeronave, caberá ao piloto definir qual a melhor forma de utilizá-lo.
Por exemplo, um piloto está se aproximando para pousar em um aeroporto e, a poucos quilômetros de distância, a torre recomenda que ele aguarde, já que foi detectado um cachorro solto na pista.
Nesse momento, o piloto pode optar por ficar voando em círculos, já que a pista deverá ser liberada em poucos minutos após a intervenção da administradora do aeroporto.
Em outras situações, como em um aeroporto que está passando por fortes chuvas, o piloto pode optar por não esperar e voar imediatamente para o aeroporto de alternativa, já que não sabe quanto tempo a chuva irá durar.
Cada uma dessas escolhas é tomada pelos pilotos, de acordo com os recursos disponíveis no avião.
Depende de cada situação
Uma empresa pode definir que o avião vai decolar com combustível extra para ter capacidade de realizar um tempo de voo adicional maior ou menor, mas sempre de olho na segurança.
Um exemplo seria um voo de Manaus a Guarulhos (SP). Sabendo que o tempo no destino pode estar ruim na hora do pouso, a companhia pode definir que o avião voe com mais combustível caso precise ficar mais tempo aguardando para pousar.
Entretanto, quanto mais peso a bordo, mais combustível é gasto. Nessas situações, as empresas fazem cálculos para definir qual é a melhor fórmula.
Ainda nesse caso citado, a empresa pode definir que voar mais pesado, com mais combustível, pode ser mais econômico do que alternar o voo de Guarulhos para o Galeão (RJ), por exemplo, o que geraria custos bem maiores, como hotel, reacomodação em outros voos, troca de tripulação, entre outros.
Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL) - Fonte: Thiago Brenner, piloto de linha aérea e professor.
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