Medida seria primeira retaliação após governo de Alexander Lukashenko forçar pouso de aeronave da Ryanair para prender jornalista dissidente.
Algumas empresas aéreas já começaram a evitar o espaço aéreo bielorrusso após interceptação de avião da Ryanair (imagem: Flightradar24.com/Reuters) |
O presidente do comitê de relações exteriores do Parlamento britânico pediu nesta segunda-feira (24) que todas as companhias aéreas parem de voar sobre a Belarus após o que ele chamou de um ato de pirataria aérea do presidente Alexander Lukashenko.
No domingo, o governo bielorrusso enviou um caça e sinalizou o que acabou sendo um falso alerta de bomba para forçar um avião da Ryanair com destino a Vilnius, na Lituânia, a pousar em Minsk.
Durante o episódio, o jornalista oposicionista Roman Protasevich, que estava a bordo da aeronave, foi preso, o que motivou condenação da Europa e dos Estados Unidos.
"Precisamos impedir qualquer aeronave de sobrevoar a Belarus", disse o presidente do Comitê de Relações Exteriores, Tom Tugendhat. “Este é um ato de pirataria aérea, combinado com sequestro de uma aeronave e, eventualmente, vinculado ao sequestro [de uma pessoa]."
"Era um voo entre dois membros da [Organização do Tratado do Atlântico Norte] Otan, também membros da União Europeia (UE). Se não é um ato de guerra, certamente se parece com um ato de guerra", completou Tugendhat.
Outros políticos ocidentais acusaram Belarus de pirataria estatal e disseram que procuram uma forma de retaliação que se igualasse à gravidade do caso.
"Isso foi efetivamente pirataria de aviação patrocinada pelo Estado", disse o ministro das Relações Exteriores da Irlanda, Simon Coveney.
A ministra sueca das Relações Exteriores, Ann Linde, disse: "Foi perigoso, imprudente e, naturalmente, a UE vai agir."
A presidência francesa disse que foi enviado um pedido à Organização da Aviação Civil Internacional (Icao, em inglês) para suspender os voos internacionais sobre o espaço aéreo bielorrusso. Banir a companhia aérea estatal bielorrussa Belavia de aeroportos europeus também estava sendo discutido, assim como as ligações de transporte terrestre do país.
Avião da Ryanair forçado a pousar em Belarus é observado ao chegar na Lituânia (Foto: Andrius Sytas) |
Ainda assim, as opções de retaliação ocidental parecem limitadas. A Icao, com sede em Montreal, não tem poder regulamentar, e a UE não tem autoridade sobre voos que decolam, pousam ou sobrevoam o espaço aéreo de Belarus, exceto voos diretos que se originam ou pousam na Europa.
Já a Rússia acusou o Ocidente de hipocrisia, observando um precedente: que em 2013 um voo de Moscou transportando o presidente boliviano Evo Morales foi desviado para a Áustria após relatos que o fugitivo dos EUA Edward Snowden poderia estar a bordo.
Essa questão deve dominar a próxima cúpula de líderes da UE, mas as opções para uma resposta eficaz podem ser limitadas.
A UE e os Estados Unidos já impuseram várias rodadas de sanções financeiras contra Minsk no ano passado, que não afetaram o comportamento do presidente Alexander Lukashenko, um aliado próximo de Moscou, que resistiu a manifestações em massa contra seu governo após uma eleição contestada.
Desvio de rotas
Um site que rastreia voos mostra que várias rotas de empresas europeias já estão desviados do espaço aéreo de Belarus nesta segunda-feira (24).
O Flightradar mostra, por exemplo, a transportadora baseada na Hungria WizzAir redirecionando um voo de Kiev, na Ucrânia, para Tallinn, na Estônia, como forma de evitar o espaço aéreo bielorrusso.
Já os voos da companhia aérea letã airBaltic de Riga para Odessa e de Riga para Tbilisi mudaram seu trajeto habitual e contornaram Belarus no domingo (23).
A AirBaltic disse na segunda-feira que não usará mais o espaço aéreo de Belarusd para seus voos.
Via CNN (com informações da Reuters)
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