Em um ano, a Aeronáutica utilizou sua frota de jatos para realizar uma média de quatro vôos por dia para transportar ministros do governo e presidentes do Congresso, pelo país e exterior, num total de 1.544 trechos viajados -a maior parte durante a crise aérea.
Os dados, tabulados pela Aeronáutica para o período de junho de 2006 a junho de 2007, mostram que o campeão de viagens em aeronaves oficiais foi o ministro Patrus Ananias (Desenvolvimento Social), que voou 125 trechos, boa parte para Belo Horizonte, onde tem residência. Walfrido dos Mares Guia (Relações Institucionais, e ex-Turismo) é o segundo da lista, com 105 trechos, seguido por Fernando Haddad (Educação), com 95 viagens, e Tarso Genro (Justiça e ex-Relações Institucionais), com 81 vôos.
O uso das aeronaves é regulamentado por um decreto assinado em 2002 pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Os aviões podem ser usados em viagens a serviço, por motivo de segurança ou emergência médica e para deslocamentos para a cidade onde a autoridade tem residência.
Têm direito ao serviço aéreo da FAB o vice-presidente da República, os presidentes do Congresso e do STF, os 37 integrantes do primeiro escalão com status de ministro e os comandantes das Forças.
O levantamento, obtido pela Folha, não inclui vôos dos comandantes militares, mas lista as requisições de aeronaves por cada autoridade civil, com a lista completa dos passageiros. Com isso, é possível identificar as "caronas" oferecidas por vários ministros para assessores, familiares ou amigos.
Um caso peculiar foi a "carona" que Walfrido ofereceu na Páscoa, logo após o motim dos controladores que fechou todos os aeroportos, a Nelson Jobim (hoje titular da Defesa) e dois governadores, Wellington Dias (PT-PI) e Marcelo Déda (PT-SE), e seus familiares.
O grupo partiu da capital federal às 18h45 do dia 5 de abril deste ano rumo a Belo Horizonte, a bordo de uma aeronave C-97 (um Embraer Brasília) e voltou a Brasília no domingo de Páscoa às 21h.
O governador de Sergipe confirmou que não viajou a serviço. Os outros não ligaram de volta. "Não vejo irregularidade. A viagem não foi feita por minha causa, só fui um dos passageiros. O avião faria o trecho de qualquer maneira", disse Déda. Porém, ao ser questionado se ficou hospedado com o grupo na fazenda do ministro, Déda respondeu que sim.
O decreto sobre o uso dos aviões não trata sobre caronas.Nos próximos dias, Walfrido estará em Paris. Segundo o "Diário Oficial" da União de ontem, o ministro ficará na capital francesa até o dia 8 "para tratar de assuntos de interesse particular". A assessoria do ministro não quis informar o motivo.
Fonte: Folha de S.Paulo
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