quarta-feira, 4 de setembro de 2024

Tragédia em voo da Voepass acende o alerta em Minas Gerais

Queda do avião da Voepass, que deixou 62 mortos, aumenta preocupação sobre condições de aeronaves utilizadas em rotas de curta ou média duração no estado.

Aeroporto Regional Zona da Mata, entre Rio Novo e Goianá, recebe voos da Azul, que lidera
o número de rotas regionais em Minas Gerais (Crédito: Marcos Michelin/EM/D.A Press – 24/8/11)
Os recentes problemas ocorridos com aeronaves que fazem voos regionais no Brasil, como a tragédia da queda do avião da Voepass, que caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, em 9 de agosto, deixando 62 mortos, aumentou a preocupação sobre as condições de modelos utilizados em voos de curta ou média distância e duração, em que normalmente são usadas aeronaves de pequeno porte, e as rotas que eles fazem.

O voo partiu de Cascavel, no interior do Paraná, e tinha como destino Guarulhos. O acidente ocorreu a poucos quilômetros do destino. O modelo ATR 72 tinha capacidade para 68 passageiros e, segundo alegou a companhia, passou por manutenção de rotina na véspera do acidente. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), da Força Aérea Brasileira (FAB), informou que o avião tinha autorização para viajar.

Minas Gerais conta com 11 aeroportos federais, sendo alguns concedidos à iniciativa privada e outros controlados pela Infraero, além de cerca de 40 aeroportos municipais, espalhados por todas as regiões do estado. O relatório de demanda e oferta, divulgado pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), aponta que, em 2023, mais de 4 milhões de pessoas chegaram e partiram do estado.

Já os voos que decolaram e pousaram apenas em território mineiro levaram quase 580 mil pessoas no ano passado. A quase totalidade das rotas operadas foram realizadas pela Azul Linhas Aéreas Brasileiras ou pelo braço da empresa, a Azul Conecta, que realiza voos regionais. A companhia foi responsável por 12.055 das 12.073 decolagens, o que equivale a 99,85%.

A Azul opera em 14 cidades de Minas Gerais e, a partir de novembro, voltará a fazer o trajeto de Divinópolis a Belo Horizonte. A companhia faz viagens para mais de 70 destinos, contando aviação regional, nacional e internacional. Ao ser questionada pelo Estado de Minas, a empresa afirmou que a idade média das suas aeronaves é de 7,6 anos.

A frota que atua na aviação regional no estado é formada majoritariamente pelos modelos Cessna Grand Caravan, ATR 72-600, Embraer E2 e E1, que podem carregar de nove a cerca de 100 pessoas por viagem.

Os voos que decolaram e pousaram apenas em território mineiro, levaram quase 580 mil pessoas no ano passado. A quase totalidade dos voos foram realizadas pela Azul Linhas Aéreas Brasileiras, ou pelo braço da empresa, a Azul Conecta LTDA, que é responsável pela realização de voos regionais, sendo responsável por 12.055 das 12.073 decolagens, o que equivale a 99,85%.

Sem resposta


Os outros 0,15% são de responsabilidade da Gol, Sideral Linhas Aéreas, Voepass e TAM, que contam respectivamente com 8, 5, 3 e 2 dos voos.

A Passaredo –antigo nome da Voepass – foi responsável, em 2023, por 1.078 voos saindo do interior de Minas Gerais. Entre elas destacam-se as rotas que ligam São Paulo a Santana do Paraíso/Ipatinga (343 decolagens), Goianá/Rio Doce (240), Montes Claros (165) e Uberaba (87). A empresa também faz todas as rotas de Uberlândia a Brasília (84) e Salvador a Montes Claros (65).

As rotas mais comuns em território estadual foram as que ligam o aeroporto de Confins, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, às cidades de Uberlândia, Santana do Paraíso/Ipatinga, Montes Claros e Governador Valadares, que correspondem a mais de 90% das partidas e chegadas.

Procurada pelo Estado de Minas, a Voepass não deu informações sobre os modelos da companhia que fazem as operações no estado e a idade da frota.

Falhas frequentes


A aeronave da Voepass, que caiu 4 mil metros em movimento espiralado em aproximadamente um minuto e explodiu ao atingir o solo de um condomínio em Vinhedo, ainda está sendo alvo de perícia.

O presidente da empresa, o comandante José Luiz Felício Filho, afirmou que a companhia adota práticas internacionais de segurança e que está empenhada em garantir assistências irrestritas aos parentes das vítimas.

O avião que caiu no interior paulista já havia apresentado falhas em ao menos outras duas oportunidades e chegou a ficar alguns períodos em manutenção antes da tragédia.

A Secretaria Nacional do Consumidor, atrelada ao Ministério da Justiça, deu um prazo de dois dias para que a empresa informasse as condições de seus aviões, como modelos, anos de fabricação e periodicidade de revisões.

A aeronave tinha uma autorização provisória da Anac para que as caixas-pretas registrassem menos dados do que o que era exigido pela legislação.

As regras determinam que o equipamento, que não afeta o funcionamento regular do avião, colete 91 parâmetros do Flight data record (FDR), mas oito deles não foram gravados. O FDR registra informações como altitude, velocidade, posição das alavancas, botões que estavam acionados e outros dados técnicos.

Susto no Triângulo


Seis dias após a tragédia, uma outra aeronave da companhia, uma ATR 72-500, precisou realizar um pouso não planejado, na quinta-feira (15/8), em Uberlândia, no Triângulo Mineiro, por suposta pane elétrica.

A aeronave saiu de Rio Verde, no interior de Goiás, e tinha como destino final Guarulhos, mas teve que pousar em Minas Gerais. A empresa alegou que ocorreu um “transiente elétrico”, que seria um pico temporário de energia, e que os 38 passageiros foram reacomodados e seguiram o destino.

Via Thiago Bonna (Estado de Minas)

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