sábado, 24 de setembro de 2022

Como a Virgin Orbit vai usar Alcântara para impulsionar lançamentos com o sistema LauncherOne

Empresa é uma das quatro autorizadas a operar comercialmente no espaçoporto brasileiro e a única delas a utilizar um avião como plataforma de lançamento. Expectativa é que primeira operação no país ocorra em 2023.


Das quatro empresas autorizadas a realizar lançamentos a partir do Centro de Lançamento de Alcântara (CLA), localizado no Maranhão, no Nordeste do Brasil, a Virgin Orbit é a que mais destaca, não apenas pelo nome construído ao longo dos últimos anos em vários setores da economia, mas também pela própria maturidade do seu sistema de lançamento, amplamente testado e em operação comercial desde janeiro de 2021.

O LauncherOne é um sistema que usa uma aeronave como plataforma de lançamento, sendo assim totalmente reutilizável. A empresa opera atualmente com um Boeing 747-400, batizado de Cosmic Girl, e em breve vai adicionar à frota mais dois aviões do mesmo modelo para aumentar a capacidade e responder à crescente demanda de lançamentos de satélites.

O lançador fica conectado à asa esquerda do avião e quando ele atinge a posição e a altitude planejadas, o foguete de dois estágios é liberado em queda livre até que o primeiro estágio seja acionado e acelera a 13 mil km/h. Quando o combustível acaba, o segundo estágio é inflamado até atingir a órbita e liberar os satélites.

Devido a esse sistema, ao contrário das outras companhias que lançarão foguetes a partir das plataformas, a Virgin Orbit usará a estrutura do aeroporto de Alcântara, uma base da Força Aérea Brasileira (FAB) dentro da CLA. A pista de asfalto tem 2.600 metros de comprimento e 45 metros de largura é suficiente para a operação de lançamento do LauncherOne.

Mesmo assim, a FAB abriu uma licitação para realizar algumas melhorias no aeroporto, como a construção de um novo pátio para aeronaves e adequações em uma das cabeceiras da pista. O contrato foi assinado em 2021 e as obras começaram neste ano, a um custo de R$ 12,2 milhões.

A vantagem de Alcântara, segundo a Virgin Orbit, é que pela localização, a apenas dois graus ao sul do equador, é funcionalmente capaz de atingir qualquer inclinação orbital, aumentando as possibilidades e oportunidades comerciais.

“Aproveitar as instalações existentes no Centro Espacial de Alcântara é importante para nós em nosso compromisso com a sustentabilidade e esforço para abrir o Space For Good. Estamos ansiosos para trabalhar juntos para assumir as próximas possibilidades”, disse Dan Hart, CEO da Virgin Orbit, em comunicado à imprensa.

Para viabilizar os lançamentos e atender os requisitos da Agência Espacial Brasileira (AEB) para a licença obtida em junho deste ano, a Virgin Orbit abriu uma subsidiária brasileira, a Virgin Orbit Brasil Ltda. (VOBRA). Com isso, a expectativa é de que o primeiro lançamento da empresa no CLA ocorra em 2023.

Missões regulares


Por enquanto a Virgin Orbit realizou lançamentos com o LauncherOne apenas a partir do Mojave Air and Space Port, que fica no estado da Califórnia, nos Estados Unidos. Em julho, a empresa completou com sucesso a sua quarta missão, batizada de Straight Up, quando carregou e colocou em órbita sete satélites da Força Espacial dos Estados Unidos (USSF, na sigla em inglês). Contando as missões anteriores, a Virgin Orbit já liberou 33 satélites no espaço.

O plano da empresa, porém, é aumentar a regularidade dos lançamentos. Para isso, adquiriu mais dois aviões Boeing 747-400, que estão em processo de adaptações para receber o LauncherOne. Além disso, tem espalhado as opções de locais de lançamento, como é o caso do Brasil.

A Virgin Orbit já tem a possibilidade de lançar satélites a partir de oito localidades. Além de Alcântara e Mojave, a empresa poderá operar na Flórida (EUA), Coreia do Sul, Austrália, Inglaterra, Japão e Guam. Para 2022, está programada a primeira operação do LauncherOne no Cornwall Spaceport, em Newquay, na Inglaterra, com uma carga de satélites de empresas privadas, como a Catapult e a Space Forge, além da Universidade de Exeter e do Ministério da Defesa do Reino Unido.

Esse crescimento tem ocorrido também devido às parcerias que a companhia tem fechado com outras empresas, bem como com órgãos governamentais. Por enquanto, o principal cliente é o governo dos Estados Unidos, que já usou o LauncherOne para lançar diversos satélites de diferentes órgãos, como a Nasa, Marinha, Agência de Defesa contra Mísseis e Departamento de Defesa. Outros governos também já lançaram satélites com a Virgin Orbit. Na lista estão Holanda, Áustria e Canadá.

Na programação da empresa para 2022, além do primeiro lançamento na Inglaterra, outros três estão previstos a partir de Mojave. Por enquanto estão confirmados satélites da Força Aérea Americana, da CU Boulder, da The Aerospace Corporation e da polonesa SatRevolution.

Por Gustavo Ribeiro, especial para a MundoGEO - Foto: Virgin Orbit/Divulgação

Nenhum comentário: