sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

Justiça tira mais quatro aviões da VarigLog

Proprietária das aeronaves pediu devolução por falta de pagamento. Ainda cabe recurso, mas a companhia não quis se pronunciar sobre o caso.

A companhia aérea cargueira VarigLog corre o risco de perder quatro aviões Boeing 757-200 por falta de pagamento dos aluguéis. O fato evidencia os problemas financeiros da empresa, que vêm se agravando desde que seus sócios entraram em rota de colisão no ano passado.

Nesta quinta-feira (17), a Justiça paulista determinou a reintegração de posse dos quatro aviões à Wells Fargo, a proprietária dos equipamentos. A empresa já conseguiu retomar uma outra aeronave do mesmo modelo em Miami, no mês passado. No Brasil, ela entrou com ação para a reintegrar os outros aviões no início de dezembro e obteve decisão favorável em primeira instância.

A VarigLog entrou com recurso e suspendeu a decisão temporariamente. Na quinta, esse recurso foi julgado e indeferido pelo desembargador Ruy Coppola, de forma que a primeira decisão da Justiça foi revalidada. Ainda cabe recurso à VarigLog, mas a companhia não quis se pronunciar sobre o caso.

Dívidas

Segundo os advogados da Wells Fargo, Marcus Matteucci Gomes e Joel Thomaz Bastos, do escritório Felsberg e Associados, a VarigLog deve mais de US$ 3,5 milhões referente a três meses de aluguel. A expectativa é que os aviões sejam retomados nas próximas semanas após os trâmites burocráticos, afirmam os advogados.

Os modelos 757 já deixaram de ser fabricados mais ainda assim são os mais modernos da atual frota de 18 aeronaves da VarigLog. A companhia tem ainda outros dois aviões desse modelo, dois MD-11, quatro DC-10 e seis 727, além de oito aviões de pequeno porte. De todos esses, os 757 são os mais econômicos.

A situação financeira da VarigLog já não estava boa nos últimos anos, mas agravou-se com a briga entre os sócios que a controlam: o fundo americano MatlinPatterson e os brasileiros Marco Antonio Audi, Marcos Haftel e Eduardo Gallo. O fundo detêm 20% das ações ordinárias da Volo do Brasil, a controladora da VarigLog, enquanto os brasileiros têm os 80% restantes e controlam a sociedade.

Disputa

Em julho do ano passado, o Matlin entrou com ações judiciais para cobrar US$ 186 milhões da VarigLog. Esse dinheiro foi aplicado pelo fundo na forma de empréstimos que deveriam ter sido quitados depois que a VarigLog vendeu a VRG ( nova Varig ) à Gol em março de 2007.

O fundo não recebeu o montante e acusa os brasileiros de terem enviado parte do dinheiro ao exterior. Com as ações judiciais, o Matlin conseguiu bloquear recursos numa conta na Suíça e 4,5 milhões de ações da Gol, dadas em pagamento pela VRG.

Mais tarde, os sócios brasileiros entraram com uma ação requerendo a dissolução da sociedade, mas o pedido foi negado pela Justiça em dezembro. O processo ainda precisa de um julgamento definitivo. Sabe-se também que o MatlinPatterson vinha buscando um outro sócio que pudesse comprar a participação dos brasileiros e substitui-los na sociedade. Até agora, o fundo não teve sucesso.

A VarigLog, conforme dados da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) de 2006, era de longe a maior companhia aérea exclusivamente cargueira do país. Naquele ano, ela obteve receita de R$ 950 milhões, a terceira maior do setor depois do faturamento de TAM e Gol. Ao mesmo tempo, a empresa tinha também o maior patrimônio líquido negativo, no valor de R$ 68 milhões, e um dos maiores prejuízos anuais, de R$ 61 milhões. Não há dados oficiais relativos a 2007.

Fontes: Valor Online / G1

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