Dois meses após o acidente com o Airbus-A320 da TAM, que deixou 199 mortos e tornou-se a maior tragédia da aviação brasileira, quatro famílias ainda vivem a dor da espera pelo reconhecimento dos corpos de seus parentes.
Oficialmente, a Secretaria Estadual da Segurança Pública de São Paulo diz que os peritos do IC (Instituto de Criminalística) ainda estão trabalhando no caso. Extra-oficialmente, alguns familiares contam que já ouviram dos próprios funcionários do instituto que não há mais nada a fazer.
Cansadas de aguardar, duas famílias decidiram fazer enterros simbólicos. No domingo passado, a comissária Michelle Leite, 26, única integrante da tripulação não-identificada pelos legistas, teve seus pertences sepultados no Cemitério do Carmo, em São Paulo.
Dois dias antes, a mamadeira e a mochila de Levi Ponce de Leão, um ano e oito meses, foram enterrados ao lado do corpo da mãe, Jamile, 21, identificado no dia 11 de agosto.
Os parentes de Ivalino Bonato, 54, ainda esperam, mas têm poucas esperanças. Já Eliane, a mulher de Andrei Mello, 42, não quer o corpo do marido. Prefere guardar a lembrança dele vivo.
A reportagem também procurou a assessoria de imprensa do IML (Instituto Médico Legal) para entrevistar os legistas e peritos que há 60 dias trabalham no caso.
O pedido foi negado com a alegação de que eles só falarão quando os trabalhos forem encerrados. Não há previsão para o término do trabalho, que analisa fragmentos de pele encontrados no local do acidente.
Neste momento, o laboratório de DNA do IC está analisando amostras diferentes dos mesmos tecidos encontrados. Cerca de 20 funcionários estão envolvidos no caso.
A TAM também diz que continua dando apoio aos parentes das vítimas. Segundo o último "Resumo de assistência às vítimas", divulgado pela empresa em 28 de agosto, 195 funerais tinham sido pagos, a um valor total de R$ 1,5 milhão.
Ainda segundo o relatório, 91 parentes tinham recebido da empresa adiantamentos de R$ 30 mil cada um.
A assessoria de imprensa da TAM afirmou que, no início da semana, 14 parentes ainda estavam acomodados em hotéis e que R$ 3,6 milhões tinham sido gastos em hospedagem e táxi.
Fonte: Folha Online (Publicada em 16/09/2007)
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