Concepção artística mostra a sonda Phoenix no solo do polo Norte de Marte; equipamento ainda pode enviar sinais de funcionamento
A Nasa (agência espacial dos EUA) vai tentar, a partir da próxima segunda-feira (18), o milagre de ouvir sinais da sonda Phoenix, um importante equipamento que explorou o solo de Marte em 2008 e não mostra qualquer indício de vida desde novembro daquele ano.
Os técnicos vão fazer a tentativa mesmo sabendo que é praticamente impossível que a Phoenix ainda esteja funcionando, já que seus equipamentos não foram desenvolvidos para suportar as baixíssimas temperaturas do inverno em Marte – a sonda sofreu a ação intensa de gelo-seco, que pode ter quebrado sistemas como os painéis solares (que captam energia), as baterias e os equipamentos eletrônicos.
Na verdade, a Phoenix já havia sido considerada uma espécie de “ferro velho espacial” depois que parou de se comunicar com a Terra, em 2 de novembro de 2008. A sonda vasculhou o polo Norte de Marte durante cinco meses, dois a mais do que o previsto.
Mas o trabalho foi interrompido por causa da falta de Sol na região. Desde que a Phoenix parou de funcionar, Marte passou por outono, inverno e parte da primavera (a duração das estações é maior no planeta). A incidência de Sol registrada agora na região em que o equipamento pousou é parecida com a da época em que a comunicação foi interrompida.
O brasileiro Ramon De Paula, chefe dessa missão da Phoenix na Nasa, que geralmente se mostra bastante otimista sobre os trabalhos em marte, contou ao R7 estar um tanto pessimista sobre a tentativa.
– A nossa expectativa é que não vai funcionar, mas vamos ao menos tentar. A Phoenix não foi desenhada para isso, para sobreviver todo esse tempo parada, sem as baterias carregadas. É como se você colocasse um pequeno carro dentro do gelo-seco e congelasse. Não sabemos qual foi o efeito disso sobre a sonda.
O trabalho da Phoenix marcou uma nova era nos estudos sobre as características do planeta, já que desde 1976 a Nasa não conseguia fazer um equipamento do tipo pousar no local. Com os dados coletados foi possível, por exemplo, que o cientista brasileiro Nilton Rennó, da Universidade de Michigan (EUA), indicasse a existência de água líquida – bastante salgada – no local.
O que vai acontecer agora é o seguinte: a sonda Mars Odyssey, que “viaja” em torno de Marte, vai passar dez vezes por dia perto de onde a Phoenix pousou (isso vai acontecer por três dias neste mês). O processo será repetido durante um período mais longo em fevereiro e março.
O objetivo é detectar possíveis transmissões de rádio que são emitidas pelo equipamento que está no solo.
Se o equipamento estiver funcionando a expectativa é que a Phoenix siga instruções programadas em seu computador e tente restabelecer comunicação com a Terra. De Paula diz que, caso isso aconteça, a Nasa pode mandar ordens para que o equipamento tire mais fotos da região de Marte.
Fonte: Felipe Maia (R7) - Imagem: Nasa/JPL/Universidade do Arizona
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