domingo, 30 de maio de 2010

Embraer em voo de retomada

Fabricante de aviões espera voltar ao nível de produção pré-crise até 2012Mesmo que a economia global já mostre sinais de recuperação e que a América Latina apresente a segunda maior expansão do mercado aéreo em todo o mundo, a retomada da produção da Embraer deve se estender pelo menos até o segundo semestre de 2011.

A expectativa é do diretor de aviação comercial para a América Latina da empresa, Luiz Hamilton Lima. Segundo o executivo, o faturamento da companhia pode retomar os níveis pré-crise em 2012 – quase quatro anos depois de deflagrada a pior turbulência global desde a quebra de 1929.

– A maioria dos nossos clientes foi muito afetada pela crise global. Tivemos um período bastante difícil em 2008 e 2009. Agora estamos começando a ver uma luz no fim do túnel, mas só esperamos solidez no perfil dos negócios a partir do segundo semestre de 2011 – avalia Lima.

O baque foi tão grande que derrubou o volume de pedidos firmes em carteira (backlog) da fabricante de aviões para os níveis de 2007: no primeiro trimestre de 2010, foram contabilizados US$ 16 bilhões em backlog, ante aos US$ 15 bilhões de três anos atrás. Poucos meses antes da crise, esse valor ultrapassava a casa dos US$ 21 bilhões.

E a crise só não foi maior em razão das compras de duas empresas latino-americanas. A Aerolíneas Argentinas, novamente estatizada pelo governo Kirchner, confirmou a aquisição de 20 E-Jets do modelo Embraer 190 no primeiro semestre do ano passado, com a entrega das primeiras unidades marcada para este ano. O negócio foi facilitado por um financiamento de US$ 700 milhões à empresa argentina por parte do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), com prazo de 12 anos para pagamento.

Linha de montagem do Embraer 195, modelo que ganhou destaque depois das encomendas feitas pela Azul

No Brasil, a Azul também aqueceu a carteira comercial da Embraer ao encomendar 36 E-Jets do modelo Embraer 195 – top de linha da fabricante. A entrega do primeiro avião, com 118 lugares, foi em dezembro de 2008. Em plena crise financeira mundial.

– É claro que essa venda teve um papel fundamental no enfrentamento da crise. A operação da Azul se transformou numa vitrina para nosso produto no mercado global – explica o executivo da fabricante de aviões.

A Azul Linhas Aéreas já tem uma frota de 15 E-Jets: 10 do modelo Embraer 190 e cinco 195. A Trip e a Passaredo também voam no Brasil com aviões fabricados pela Embraer.

A resposta da empresa às dificuldades impostas pela crise tem um nome: E-Jet. A família com quatro modelos de aviões é considerada uma das mais modernas do mundo e é tratada na companhia com sede em São José dos Campos (SP) como a joia da coroa.

O conceito, que começou a ser desenvolvido há 11 anos por meio de uma parceria de 16 indústrias e a um custo de US$ 850 milhões, agrega tecnologia e funcionalidade num mercado cada vez mais fracionado. Segundo o diretor da Embraer, os E-Jets se adaptam bem tanto a trajetos de longo percurso – a autonomia é de 4,4 mil quilômetros – quanto a roteiros regionais. O primeiro modelo da família, o Embraer 170, começou a voar com passageiros em março de 2004 com a polonesa Lot. As entregas do Embraer 195 começaram em setembro de 2006.

A Embraer já estuda a possibilidade de fabricação de novas versões do E-Jet. O anúncio, entretanto, se aprovado pela direção da empresa, só deve ocorrer num prazo mínimo de um ano.

A empresa em números

Faturamento

2007 US$ 5,2 bilhões
2008 US$ 6,3 bilhões
2009 US$ 5,5 bilhões
2010 US$ 5 bilhões (Projeção)

Entrega de jatos

2007 169
2008 204
2009 244
2010 227 (Projeção)

Fonte: Flávio Ilha (Zero Hora)

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