domingo, 30 de maio de 2010

Adeus aos ônibus espaciais

FIM DE UMA ERA

Naves reutilizáveis da Nasa serão aposentadas até o fim de 2010, depois de revolucionarem as viagens tripuladas

O pouso da Atlantis na quarta-feira passada faz parte dos últimos capítulos da história dos ônibus espaciais americanos. Dois lançamentos – o da Discovery, em meados de setembro, e da Endeavour, no fim de novembro, encerrarão esse período que revolucionou o conceito das viagens espaciais tripuladas.

A grande inovação dos ônibus espaciais foi o desenho da nave, projetada para irromper no espaço como um foguete, mas voltar à Terra e pousar como um planador, com a ajuda de suas asas aerodinâmicas.

Em 1972, o presidente americano Richard Nixon anunciou que a Nasa, a agência espacial americana, desenvolveria um sistema de transporte espacial mais confiável e barato. O sucesso a partir do primeiro lançamento, em 1981, foi tanto que foram desenvolvidos cinco diferentes projetos dessas naves espaciais (veja detalhes no quadro ao lado). Em 2004, entretanto, o então presidente George W. Bush decidiu aposentar esses veículos, como parte da resposta do governo americano ao desastre da Columbia, ocorrido um ano antes. A nave se desintegrou no ar quando se preparava para pousar – e os sete tripulantes morreram.

Mas a explicação do fim desse grande projeto não se resume às tragédias ocorridas – antes disso, em 1986, o desastre da Challenger já havia provocado a morte de seus sete ocupantes. A medida também é econômica: enquanto uma missão não tripulada do foguete Ariane 5 da Agência Espacial Europeia, por exemplo, custa cerca de US$ 180 milhões (R$ 327,2 milhões), uma missão de um ônibus espacial consome aproximadamente três vezes esse valor.

Contudo, frente à crise da economia americana, em 1° de fevereiro de 2010 o governo Barack Obama apresentou uma proposta de orçamento para o ano de 2011 no qual desiste do programa Constellation – que previa a criação da nave tripulada Orion e de uma nova geração de foguetes, o Ares, para voltar a enviar homens à Lua. Obama também defendeu a participação da iniciativa privada na criação de naves espaciais para o transporte de astronautas à órbita terrestre baixa (confira no quadro algumas das possibilidades).

O Congresso americano ainda precisa aprovar o encerramento do projeto Constellation, que já custou US$ 9 bilhões aos cofres americanos. O cancelamento enfrenta forte oposição nos EUA, inclusive do primeiro e do último homem a pisar na Lua, Neil Armstrong e Gene Cernan, respectivamente. Na primeira quinzena de maio, ambos depuseram no Senado americano condenando o plano. Cernan referiu-se aos planos do presidente, que preveem uma Nasa dedicada à criação de novas tecnologias para levar astronautas a Marte dentro de 25 anos, como uma “missão a lugar nenhum”. O governo Obama e o Congresso decidirão ainda sobre a possibilidade de que a Atlantis seja utilizada por mais algum tempo para abastecer a Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês).

Mesmo com a aposentadoria dos ônibus espaciais, a ISS deve continuar em uso pelo menos até 2020. Até a iniciativa privada criar alternativas de acesso à órbita, o único meio de trânsito para a estação serão as cápsulas russas Soyuz.

O que ficará no passado e o que está por vir


Para ver as imagens acima em tamanho maior, CLIQUE AQUI (em .pdf).

Fonte: Zero Hora

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