Voluntários e bombeiros trabalham no local de acidente com avião da Air India Express, em Mangalore; especialistas dizem que nunca foi tão seguro voar
O acidente com o avião da Air France que fazia a rota Rio-Paris completa um ano sem explicações nesta segunda-feira (31). Na noite de 31 de maio de 2009, (pelo horário brasileiro, madrugada de 1º de junho no horário europeu), o Airbus A330 da companhia francesa caiu no meio do oceano Atlântico, matando 228 pessoas.
Como acontece a cada tragédia desse tipo, o acidente gerou preocupações sobre a segurança do transporte aéreo. E, nas últimas três semanas, três outros grandes desastres levantaram ainda mais dúvidas sobre esse aspecto, especialmente em países pobres ou em desenvolvimento. Mas, segundo especialistas ouvidos pelo R7, nunca foi tão seguro voar.
No último dia 21, um Boeing 737 da Air India Express caiu em Mangalore, sul da Índia, matando 158 dos 166 ocupantes. Menos de uma semana antes, no dia 17, a queda de um avião da Pamir Airways nas montanhas perto de Cabul, capital do Afeganistão, matou todos os 43 ocupantes da aeronave. No dia 12 de maio, o acidente com o Airbus A330 da Afriqiyah Airways em Trípoli, capital da Líbia, matou 103 pessoas. Um menino holandês foi o único sobrevivente da tragédia na África.
Apesar de o número de mortos em acidentes aéreos em 2010 ser o maior para o período desde 2003, especialistas ouvidos pelo R7 dizem que o avião ainda é o meio de transporte mais seguro.
Para William Voss, diretor-presidente da Flight Safety Foundation (FSF) e um dos maiores especialistas em segurança aérea no mundo, os temores em relação ao transporte aéreo são desmentidos pelas estatísticas.
- É natural que as pessoas se perguntem fiquem receosas após acidentes como esses, mas os números mostram que nunca foi tão seguro voar como hoje.
Voss diz que, 20 anos atrás, a taxa de acidentes mundial era de 1,5 por milhão de decolagens. Hoje, de acordo com a FSF, esse número caiu para 0,5 por milhão, em média.
O diretor da FSF afirma que a redução de dois terços no número de acidentes aconteceu especialmente graças a melhorias nos projetos de aeronaves, ao melhor controle do tráfego aéreo e a normas mais rígidas de segurança.
Treinamento é ponto crucial
Para Luiz Alberto Bohrer, diretor da assessoria Air Safety no Brasil, a manutenção ou a melhoria dos atuais padrões de segurança vai depender principalmente do treinamento de tripulações, encarregados de manutenção e controladores de tráfego aéreo.
- O treinamento deve ser prioridade. Esse ponto será crucial, não só no Brasil, mas no mundo todo.
Doug Church, diretor da Associação dos Controladores de Tráfego Aéreo dos EUA, país que registra o maior número de pousos e decolagens no mundo (mais de 87 mil por dia), concorda com a opinião do brasileiro.
- No que diz respeito ao controle de tráfego aéreo, treinamento é um ponto crucial, que deve sempre receber mais investimento.
Voss afirma que, em países em desenvolvimento, em que a demanda por viagens aéreas cresce rapidamente, os governos e as agências reguladoras devem ficar especialmente vigilantes.
- Dificilmente a infraestrutura de segurança pode ser implantada no mesmo ritmo de um eventual crescimento vertiginoso. É um desafio para governos e agências equalizar essa conta.
Fonte: Lucas Bessel (R7) - Foto: Reuters
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