terça-feira, 24 de novembro de 2009

Uma casa em forma de avião é vista em Abuja, na Nigéria


A casa em forma de avião de Abuja, como veio a ser conhecida por seus habitantes e transeuntes espantados, surgiu a esmo ao longo dos anos como um raro triunfo do capricho arquitetônico, nesta elegante capital modernista do Oeste Africano.

Parecendo um jato de concreto constantemente em cima da casa de dois andares de Said e Jammal Liza, ele não nasceu da lógica fria de um urbanista, mas de algo mais elementar: o amor de um homem para com sua esposa e o desejo egoísta de mantê-la mais tempo em casa.

Para aqueles que assistiram a seu surgimento gradual - fuselagem, nariz, cauda, motores - o avião se tornou um símbolo da alegria estética agradável em uma cidade dominada pelo desmedido, onde existem 70 hotéis de luxo e uma crescente oferta de edifícios de concreto e torres de escritórios de vidro.

A cidade de 2,5 milhões de habitantes, foi fundada em 1976 para se tornar a nova capital de uma nação agitada, que muitas vezes parece estar à beira de se dividir ao meio, seja por razões étnicas e/ou religiosas.

Abuja tornou-se a capital oficial da Nigéria em 1991, assumindo o lugar da indiciplinada cidade portuária Lagos, e surgiu, para os nigerianos, como a cidade de todos e de ninguém.

A casa de avião cresceu de uma longa promessa matrimonial entre os Jammals, membros da comunidade libanesa na Nigéria, prósperos imigrantes que por muito tempo foram proprietários de hotéis, restaurantes e outros negócios.

Said era engenheiro civil e sua esposa Liza, uma viajante devotada. Ela pediu a seu novo marido para um dia construir uma casa para ela na forma de um avião, como um símbolo de seu hobby. No resplendor do jovem amor, ele concordou.

"Esse era o sonho de minha esposa", disse Jammal sorrindo timidamente, após dar mais uma tragada em seu cigarro preso a um suporte de plástico escuro. "Você sabe, ela gosta de viajar muito, passear muito."

O pedido não foi atendido nas primeiras duas décadas de casamento, pois as demandas de sete crianças e um negócio que crescia rapidamente, consumiram o tempo dos Jammals. Mas, em 1999, eles encontraram um pedaço de terra em um lugar ao lado da estrada principal em direção ao norte de Abuja. O bairro era bom. Lá estava localizada a casa de campo presidencial da Nigéria. Mas a razão para fechar o negócio foi a visibilidade do local. Por mais de uma milha, pedestres e motoristas que se aproximar pelo sul são capazes de ver a casa e tudo o que os Jammals colocam em cima dela.

O trabalho com o avião começou em 2002 e moveu-se lentamente, porque Said Jammal insistiu em fazer cada fase ele próprio, apesar de uma agenda de trabalho que o mantinha com frequência na estrada. E, embora o interior do avião permaneça inacabado, o exterior está quase completo.

O avião tem de cerca de 100 metros de comprimento e, no seu ponto mais alto, na parte superior da cauda, 20 metros de altura. Eventualmente, o avião terá uma envergadura de 50 pés, disse Said Jammal. Cada asa já tem dois motores montados e dentro há um quarto inacabado e um pequeno banheiro.

Dentro da fuselagem branca, Said Jammal tem planos para construir uma cozinha e um closed e, no cockpit, com vista para a cidade, uma sala de informática.

Os Jammals também construiram uma edificação em forma de uma torre de controle onde pretendem adicionar uma casa de hóspedes. Em outra parte do terreno, em uma colina próxima, eles estão contemplando a construção de outra casa, desta vez na forma de um iate.

Apesar de inacabada, a casa de avião atrai um fluxo constante de visitantes inesperados que batem à porta dos Jammals várias vezes por mês. A extravagância da propriedade, entretanto, tem provocado algumas queixas em uma cidade onde a maioria das casas são pequenas.

Os Jammals dizem ter recebido contatos de uma companhia aérea interessada em transformar o avião em um outdoor alado gigante. Por um bom preço eles estariam dispostos a vender.

Afinal, apesar da atenção que tem gerado, a casa de avião falhou em uma das suas missões. Jammal revelou que, quando ele decidiu ir adiante com o projeto, ele tinha um motivo secreto para "cortar as asas de sua esposa": "Deixe-me construir um avião para que eu possa mantê-la em casa todo o tempo."

"Isso não funciona", disse ela, já pensando em uma viagem para Singapura. "Estou indo este fim de semana."

Fonte: Craig Timberg (Washington Post - 18.11.06) - Tradução: Jorge Tadeu - Fotos: Goran Tomasevic (Reuters) / Jonathan D. Blundell (Flickr.com)

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