sábado, 22 de novembro de 2025

História: Piloto ajudou a pousar avião no mar em 1957, salvando 38 pessoas

Heinz Eric Springsklee viu motor em chamas e sugeriu ao comandante descer no mar de São Sebastião, em SP.

Em 1957, aos 23 anos, Heinz Eric Springsklee era copiloto da extinta Real Aerovias e viajava na primeira fila do avião DC4 na rota Buenos Aires - Miami.

No trajeto de São Paulo ao Rio de Janeiro, que fazia parte da rota, ele percebeu que um dos quatro motores estava pegando fogo. Após avisar o comandante, Dalvaro Ferreira Lima, ele indicou que o melhor seria pousar o avião no mar, uma vez que o tanque de combustível, que ficava na asa, poderia explodir.

Com o fogo, o motor caiu, como é programado nesses casos, mas as chamas não se apagaram. Assim, cerca de meia hora depois de levantar voo no aeroporto de Congonhas, a aeronave descia no mar de São Sebastião, no litoral norte paulista, a cerca de 300 metros da praia da Baleia, diante da ilha das Couves, em paralelo às ondas, para minimizar o impacto.

Heinz Eric Springsklee (1935 - 2025)
A rápida decisão do pouso de emergência e a habilidade do comandante fizeram com que todos os 30 passageiros e oito tripulantes sobrevivessem, algo pouco comum em acidentes aéreos.

Eles foram resgatados por pescadores da região em barcos a remo e levados para a praia, onde tiveram de esperar por horas até um navio levá-los ao porto de Santos, uma vez que naquela época não havia estradas na região.

Depois do acidente, Eric continuou na aviação, passando a comandar voos nacionais nos oito anos seguintes. Com a crise da Real Aerovias, no fim da década de 1960, decidiu ir para a Alemanha cursar engenharia mecânica.

Na volta para o Brasil, cinco anos depois, passou a trabalhar na área de mecânica industrial e virou gerente de engenharia da fábrica internacional de motores ZF, em São Paulo, onde ficou por 33 anos até se aposentar.

Avião DC4, da extinta Real Aerovias, boia no mar de São Sebastião após pouso de emergência
em 1957, salvando todos os 30 passageiros e 8 tripulantes (Reprodução jws.com.br)
Então, ele se mudou com a família para onde costumava reunir os antigos amigos da aviação. Ele ainda tinha uma casa em Witmarsum, colônia de antigos imigrantes alemães perto da capital paranaense.

Além da engenharia mecânica e da pilotagem, Eric também lia muito e gostava de pintar e de assistir a documentários na TV. No passado, instalou uma grande antena parabólica em Witmarsum para ver documentários e jornais internacionais, hábito que manteve até o final.

Nos últimos tempos, mantinha uma rotina saudável, com caminhadas de cinco quilômetros por dia. Recentemente caiu em casa e passou a ter problemas de locomoção. Foi levado para viver em um retiro em Pirabeiraba, perto de Joinville (SC), e morreu lá menos de um mês depois, no dia 6 de novembro, aos 90 anos.

Ele deixa a mulher, Karin Springsklee, os filhos Markus e Martin e os netos Lukas, Isabella, Cora e Louis, que moram na Alemanha.

"Heinz Eric Springsklee era um homem de grande cultura e solidariedade, ajudando a outros moradores conhecidos que tinham dificuldades, mas sem demonstrar. Lia muito e tinha um grande conhecimento sobre a história mundial e também sobre o Brasil. Foi um homem incomum com o seu permanente aprendizado, conhecimentos, lucidez e boa vontade com todos com quem convivia", diz o jornalista José Wille, que é casado com uma parente de Eric.

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