Heinz Eric Springsklee viu motor em chamas e sugeriu ao comandante descer no mar de São Sebastião, em SP.
Em 1957, aos 23 anos, Heinz Eric Springsklee era copiloto da extinta Real Aerovias e viajava na primeira fila do avião DC4 na rota Buenos Aires - Miami.
No trajeto de São Paulo ao Rio de Janeiro, que fazia parte da rota, ele percebeu que um dos quatro motores estava pegando fogo. Após avisar o comandante, Dalvaro Ferreira Lima, ele indicou que o melhor seria pousar o avião no mar, uma vez que o tanque de combustível, que ficava na asa, poderia explodir.
Com o fogo, o motor caiu, como é programado nesses casos, mas as chamas não se apagaram. Assim, cerca de meia hora depois de levantar voo no aeroporto de Congonhas, a aeronave descia no mar de São Sebastião, no litoral norte paulista, a cerca de 300 metros da praia da Baleia, diante da ilha das Couves, em paralelo às ondas, para minimizar o impacto.
A rápida decisão do pouso de emergência e a habilidade do comandante fizeram com que todos os 30 passageiros e oito tripulantes sobrevivessem, algo pouco comum em acidentes aéreos.
Eles foram resgatados por pescadores da região em barcos a remo e levados para a praia, onde tiveram de esperar por horas até um navio levá-los ao porto de Santos, uma vez que naquela época não havia estradas na região.
Depois do acidente, Eric continuou na aviação, passando a comandar voos nacionais nos oito anos seguintes. Com a crise da Real Aerovias, no fim da década de 1960, decidiu ir para a Alemanha cursar engenharia mecânica.
Na volta para o Brasil, cinco anos depois, passou a trabalhar na área de mecânica industrial e virou gerente de engenharia da fábrica internacional de motores ZF, em São Paulo, onde ficou por 33 anos até se aposentar.
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| Avião DC4, da extinta Real Aerovias, boia no mar de São Sebastião após pouso de emergência em 1957, salvando todos os 30 passageiros e 8 tripulantes (Reprodução jws.com.br) |
Além da engenharia mecânica e da pilotagem, Eric também lia muito e gostava de pintar e de assistir a documentários na TV. No passado, instalou uma grande antena parabólica em Witmarsum para ver documentários e jornais internacionais, hábito que manteve até o final.
Nos últimos tempos, mantinha uma rotina saudável, com caminhadas de cinco quilômetros por dia. Recentemente caiu em casa e passou a ter problemas de locomoção. Foi levado para viver em um retiro em Pirabeiraba, perto de Joinville (SC), e morreu lá menos de um mês depois, no dia 6 de novembro, aos 90 anos.
Ele deixa a mulher, Karin Springsklee, os filhos Markus e Martin e os netos Lukas, Isabella, Cora e Louis, que moram na Alemanha.
"Heinz Eric Springsklee era um homem de grande cultura e solidariedade, ajudando a outros moradores conhecidos que tinham dificuldades, mas sem demonstrar. Lia muito e tinha um grande conhecimento sobre a história mundial e também sobre o Brasil. Foi um homem incomum com o seu permanente aprendizado, conhecimentos, lucidez e boa vontade com todos com quem convivia", diz o jornalista José Wille, que é casado com uma parente de Eric.


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