Pesquisadores chineses testaram com sucesso uma aeronave movida com um motor de detonação hipersônico capaz de voar em velocidade Mach 9, ou nove vezes mais rápido do que a velocidade do som – e utilizando querosene como combustível, material mais seguro e barato que o hidrogênio.
O feito foi apresentado em estudo publicado no periódico científico Journal of Experiments in Fluid Mechanics, e liderado por Liu Yunfeng, engenheiro sênior do Instituto de Mecânica da Academia Chinesa de Ciências, explicando o processo que permitiu ao avião alcançar cerca de 11.000 km/h.
De acordo com o jornal South China Morning Post, o equipamento foi testado diversas vezes de forma bem-sucedida no túnel de choque hipersônico JF-12, em Pequim, no início deste ano. De acordo com o comunicado, o motor gera impulso através de explosões sucessivas e velozes, que liberam mais energia com a mesma quantidade de combustível. A hipótese de uso de querosene, utilizado na aviação comercial, em voos hipersônicos é discutida há décadas, mas esbarrava até então em dificuldades de realização.
O avião hipersônico X-43A, da NASA, que alcançou a velocidade de Mach 7 em 2004 |
Por se tratar de combustível mais denso e que queima de forma mais lenta, a explosão do querosene até então exigia uma câmara de detonação 10 vezes maior do que a de um motor movido a hidrogênio. A pesquisa de Yunfeng, porém, descobriu que a adição de uma protuberância do tamanho de um polegar na entrada de ar do motor torna a ignição do querosene mais fácil, sem exigir a ampliação da câmara, em proposta pioneira, segundo o estudo.
O avião Navy FA-18, do exército dos EUA, também quebrando a barreira do som |
“Nunca o resultado de testes utilizando querosene de aviação para motores de detonação hipersônicos haviam sido tornados públicos antes”, escreveu o cientista. Os aviões hipersônicos são aqueles capazes de ultrapassar a velocidade de Mach 5, a cerca de 6.174 km/h. As melhorias em tecnologias hipersônicas são de grande interesse para usos diversos, incluindo para mísseis hipersônicos como DF-17 e YJ-21, já desenvolvidos pela China. A possibilidade de uso na aviação comercial será determinada pela segurança e por redução considerável nos custos.
O míssil hipersônicos chinês DF-17 em desfile militar |
Via Victor Paiva (Hypeness) - Fotos:1, 2: Getty Images e 3, 4: Wikimedia Commons
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