Avião F-4 Phantom 2 próximo a sonda de reabastecimento em voo (Imagem: Guarda Aérea Nacional dos EUA) |
Em 5 de setembro de 1983, um voo rotineiro de caças entre os EUA e a Europa poderia ter acabado em tragédia. Um dos aviões enfrentou problemas e teve de ser resgatado e rebocado em pleno ar por um avião-tanque.
A missão
Voo era um traslado rotineiro rumo à Alemanha Ocidental. O local de partida de todos os aviões, tanto os caças quanto as aeronaves de apoio, foi a base aérea de Seymour Johnson, na Carolina do Norte, nos EUA.
Operação era feita em grupo. Uma frota formada por 24 caças F-4E Phantom II era acompanhada por aviões-tanque para a Europa. Eram quatro KC-10 Extender e mais quatro KC-135A Stratotankers.
Aviões de caça não voam tão longe. Diferentemente de aviões comerciais, que podem passar até cerca de 20 horas voando, caças têm autonomia bem menor.
É necessário reabastecimento constante em voos mais longos. Isso é feito com aviões-tanque, como os que acompanhavam os F-4 naquele dia.
Operação não é tão simples. O avião-tanque voa acima do caça, que se aproxima para que a sonda que irá enviar combustível seja engatada. Entretanto, é preciso manter a mesma velocidade e distância, para evitar que a sonda seja desconectada e um novo engate tenha de ser feito.
KC-135 Stratotanker: Avião-tanque dos EUA reabastece outras aeronaves em pleno voo (Imagem: Guarda Nacional dos EUA) |
Motor apresentou problemas
Motor do caça Phantom começou a falhar sobre o oceano. O F-4E pilotado pelo então major Jon Alexander começou a perder óleo em pleno ar. Diante da situação, foi solicitado um pouso de emergência no aeroporto de Gander, no Canadá, que ficava a cerca de 900 km de distância de onde estavam. Era o local mais próximo para um pouso seguro.
Modelo é um bimotor. Entretanto, com um dos motores parado, o outro já não conseguia mais sustentar todo o avião no ar. Assim, ele começou a perder altitude e a se aproximar do oceano.
Diante da emergência, o piloto ejetou os tanques de combustível auxiliares para que o caça ficasse mais leve e pudesse ser controlado melhor. Junto a isso, precisou deixar o avião inclinado em um ângulo de 45 graus, para melhorar a sua sustentação no ar.
Nada deu certo. O sistema hidráulico do caça falhou logo em seguida e o avião estava em uma velocidade muito baixa, próxima à mínima para se manter sustentado no ar. Opção seria ejetar e cair na água, mas a vida do piloto continuaria em risco.
Reboque sobre o oceano
Tempo era essencial para salvar o caça da queda. Um dos KC-135 foi designado para ajudar o F-4 em risco. Como os outros aviões também precisavam ser reabastecidos, essa operação tinha de ser feita o mais breve possível.
Tentativas de reabastecimento não davam certo. A cerca de 1,4 km de altitude, o caça desengatou do avião-tanque e perdeu se aproximou mais ainda do oceano.
Foi preciso reduzir a velocidade. O avião-tanque teve de voar a 350 km/h. Essa velocidade é bem menor que a habitual para reabastecimento em voo, de 583 km/h.
A quarta tentativa deu certo. A cerca de apenas 500 metros acima do mar, o caça foi reabastecido. Mesmo assim, o risco de queda ainda existia.
Avião foi rebocado até o aeroporto mais próximo. O KC-135 engatou a sonda de reabastecimento no F-4 e aumentou sua altitude para 1,8 km acima do nível do mar. O reboque foi feito pelos 260 km restantes até o aeroporto.
Avião pousou em segurança no Canadá cinco horas e meia após decolar. Próximo ao destino, a aeronave que estava fazendo o papel de rebocadora soltou o caça, que planou e conseguiu chegar à pista sem danos mais relevantes. Ninguém se feriu na operação.
Equipe premiada
Equipe do KC-135 e do F-4 que precisou ser rebocado após apresentar falhas em pleno voo em 1983 (Imagem: Reprodução/USA) |
A tripulação do KC-135 foi premiada. A Força Aérea dos EUA reconheceu o voo realizado pelo avião-tanque como o de maior destaque do ano de 1983.
Premiação honrou os esforços da equipe. Os capitães Robert J. Goodman, Michael F. Clover, Karol F. Wojcikowski e o sargento Douglas D. Simmons foram agraciados com a premiação. O troféu está em exposição no Museu Nacional do Ar e Espaço Smithsonian.
Situação já ocorreu antes
Em outros momentos, aviões também precisaram ser rebocados no ar. É o caso da Guerra do Vietnã. Com as aeronaves apresentando problemas sobre território inimigo, a solução encontrada foi levar esses aviões danificados para uma zona mais segura engatados no sistema de reabastecimento das aeronaves.
Fontes: Departamento de Assuntos de Veteranos dos EUA, Departamento de Defesa dos EUA, Força Aérea dos Estados Unidos e Museu Nacional Aeroespacial da fundação Smithsonian.
Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL)
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