Os F-39 Gripen iniciam sua vida operacional na FAB sob responsabilidade do 1º GDA e acumula algumas capacidades atuais.
A FAB deu início ontem (19), ao serviço operacional dos primeiros caças F-39E Gripen, que segundo os planos atuais vão se tornar o modelo padrão na aviação de caça. Os aviões serão operados na primeira etapa apenas pelo Primeiro Grupo de Defesa Aérea – Esquadrão Jaguar, sediado em Anápolis, em Goiás.
A partir de agora a aviação de caça do Brasil entra em uma nova era, com uma aeronave moderna para atender todas as demandas necessárias, indo de interceptação aérea até guerra eletrônica e ataque ao solo.
Apesar do início das operações, com os quatro primeiros aviões, os F-39E Gripen não estão com todos os sistemas instalados. A intenção é avançar em fases, permitindo melhor integração do jato com o ecosistema da FAB e uma transição gradual dos pilotos.
O IRST
A maioria das forças aéreas do mundo, inclusive dos países da OTAN, realizam a integração gradual de aviões, com capacidades sendo adquiridas em fases.
É perceptível pelas fotos que os caças estão sem o IRST, o sensor passivo de busca infravermelho, instalado na parte frontal do caça. De acordo com o tenente coronel Gustavo Pascotto, comandante do 1º GDA e piloto, “os primeiros voos no esquadrão serão feitos sem este sistema", que serão instalados posteriormente.
Mais sensores e sistemas serão instalados em breve nos novos caças (Foto: André Magalhães/Aero Magazine) |
Mesmo quando estiver plenamente operacional é provável que o IRST não seja montado no avião de forma permanente, evitando assim consumir as horas do equipamento que não estará sendo utilizado e ainda reduzir peso a bordo.
Vale considerar que o Gripen está em fase de implantação, isso significa que os vários processos serão feitos com precaução e no cronograma determinado pela FAB. Em novembro, foi emitido o Certificado Militar de Tipo, isto atesta que todos os requisitos estabelecidos foram concluídos.
Entretanto, os caças apresentados ontem na base aérea de Anápolis já contam com outros sistemas instalados, alguns deles são os sensores de guerra eletrônica (nas pontas de asas), bem como no estabilizador vertical. Neste caso, alguns dispositivos são permanentes, visto que exigem mudanças estruturais para serem instalados.
Outro ponto de destaque foi a decolagem rápida do caça em relação a outros modelos. Os Gripen podem operar em pistas curtas e até mesmo em rodovias, como ocorre na força aérea sueca e outros operadores do modelo.
Sensores de Guerra Eletrônica e de autoproteção são cruciais na aviação de caça moderna (Foto: André Magalhães/Aero Magazine) |
Treinamento dos pilotos
Questionada sobre o treinamento de novos aviadores, a FAB informou que o curso de formação ocorre em duas frentes, com a primeira na Suécia e a segunda no Brasil.
A etapa inicial também é feita nos caças Gripen C/D, de geração anterior aos Gripen E, mas com características de pilotagem similares.
Com os simuladores de voo a instruçao será ampliada (Foto: André Magalhães/Aero Magazine) |
Já a segunda na etapa são utilizados os simuladores, que chagaram a base de Anápolis neste ano.
Uma mudança relevante para os pilotos é o traje de voo do Gripen, que serão diferentes dos demais usados pela FAB. As tecnologias do caça exigem mais recursos, um deles é o capacete HMD, com mira montada.
Segundo lote
A SAAB também respondeu algumas perguntas, uma delas foi sobre o 2º lote. Foi confirmada a negociação, mas que ainda ainda em fase inicial. Um eventual comprometimento deverá ocorrer nos próximos meses, já dentro do novo governo e de uma nova realidade orçamentária.
Contudo, as negociações para o acréscimo de mais quatro unidades ao lote inicial anunciada este ano, elevando assim o total para 40 aviões, estão em estágios mais avançados.
Este aumento na unidade do primeiro lote irá permitir que mais uma base aérea, ainda a ser definida, receba e opere os novos aviões de combate. Na ocasião a FAB afirmou que 36 aviões era pouco para dois esquadrões, mas muito para ser operado exclusivamente pelo GDA.
Saiba Mais...
A produção dos aviões do Brasil, que era um dos pontos de destaque do acordo, sofreu uma mudança neste ano.
Inicialmente a versão biposta (F-39F Gripen) seria produzida em território nacional, mas agora será feita na Suécia. Como contrapartida, mais unidades monopostas (F-39E Gripen) serão fabricadas em nosso país. O argumento é manter uma melhor cadência na linha de produção e reduzir os custos e tempos exigidos para desevolvimento. Vale destacar que o Gripen F, segundo o acordo original, seria desenvolvido no Brasil em parceria com a Embraer.
O ano de 2022 foi marcado pela chegada dos primeiros aviões operacionais. Em abril, chegaram os caças FAB 4101 e 4102, seguidos do FAB 4103 e 4104 em setembro. Os jatos até então estavam no Centro de Ensaios em Voo, localizado em Gavião Peixoto, no interior de São Paulo.
Durante os últimos meses os pilotos da FAB, SAAB e Embraer executaram diversos ensaios até alcançar o certificado militar.
Por André Magalhães (Aero Magazine)
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