Nos últimos 20 anos, país não foi atingido por atentados terroristas de grandes proporções.
Os ataques do 11 de Setembro foram o pior atentado terrorista já realizado em território americano na história e deixaram 2.977 mortos. Desde então, o país foi alvo de diversas ações, mas todas de menor porte. Ao menos três pontos explicam por que não houve mais incidentes como o de 2001.
Naquela ocasião, terroristas sequestraram quatro aviões. Dois deles foram jogados contra as torres do World Trade Center, em Nova York, e outro contra o Pentágono, em Washington. O quarto caiu na Pensilvânia, após passageiros enfrentarem os sequestradores.
Equipe de resgate trabalha em escombros do World Trade Center, em Nova York (Foto: Roberto Schmidt - 13.set.01/AFP) |
O primeiro ponto para evitar novas ações foi reforçar a segurança nos transportes. Antes dos atentados, havia bem menos controles para embarcar em aeronaves, e as cabines dos pilotos nem sempre ficavam trancadas. Tampouco era raro que passageiros conseguissem visitá-las.
“Terroristas passaram um bom tempo estudando como colocar explosivos em aviões. Até perceberem que o próprio avião poderia ser uma bomba, já que eles carregam muito combustível”, afirma Juan Cole, professor de história na Universidade de Michigan e pesquisador do Oriente Médio.
Assim, os sequestradores escolheram atacar aviões que fariam viagens mais longas, como de Boston a Los Angeles, nas quais as aeronaves decolam com mais combustível nos tanques.
Outro fator que desestimulou novas ações do tipo foram os resultados do 11/9 a longo prazo. Apesar do abalo físico e moral dos ataques, os EUA não foram destruídos e seguiram sendo uma potência com grande força militar e que não deixou de atuar no Oriente Médio. “Já os autores do ataque foram caçados, presos e mortos. A Al Qaeda teve de deixar os territórios em que operava, e Osama Bin Laden [mentor do 11 de Setembro] foi morto. A ação trouxe mais perdas do que ganhos aos seus autores”, avalia Cole.
Uma terceira razão foi a ampliação dos mecanismos de espionagem pelo governo americano. Leis aprovadas a partir de 2001 autorizaram o FBI a investigar por tempo indeterminado pessoas que não tinham cometido nenhum crime, mas eram consideradas terroristas em potencial.
Bombeiros de Nova Jersey prestam homenagem às vítimas do 11 de setembro (Foto: Eduardo Munõz/Reuters) |
Assim, informantes ou agentes buscam se aproximar de alvos que consideram futuros terroristas, fingindo serem jihadistas, fabricantes de bombas ou meros amigos virtuais, e passam a acompanhá-los.
Muitas vezes, eles ajudaram suspeitos a planejar ataques e os prenderam pouco antes de a ação ser executada. Em um dos casos, um informante emprestou dinheiro para um suspeito comprar itens que usaria em um atentado em Nova York. Ele foi detido antes de concluir a ação.
Ativistas de direitos civis questionam operações do tipo porque, na prática, agentes públicos estão forjando crimes que poderiam não ter ocorrido sem interferência. "Muitas vezes, na perseguição agressiva a ameaças antes de elas se materializarem, forças de segurança dos EUA foram além de suas funções ao participarem efetivamente da elaboração de planos terroristas", acusou a ONG Human Rights Watch.
Por Rafael Balago (Folha de S.Paulo)
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