As empresas responsáveis pela fabricação dos purificadores afirmam que eles emitem íons carregados, ou “oxigênio ativado”, que inativam as bactérias e vírus do ar. A Boeing atestou a eficácia apenas em superfícies e, embora o objetivo da instalação do filtro seja combater o novo coronavírus, outro vírus foi usado como “substituto” por motivos de segurança.
O estudo feito pela empresa foi citado em uma ação federal no estado de Maryland, Estados Unidos, movida por um consumidor contra a empresa Global Plasma Solutions, fabricante da tecnologia de “ionização bipolar de costura” que, segundo porta-voz da Boeing, foi testada pelos engenheiros da companhia.
A ação afirma que a GPS faz afirmações falsas e enganosas a respeito do seu produto e que eles “não correspondem às condições do mundo real”. Em resposta, o porta-voz da empresa disse que o processo é infundado, enganoso e que haverá uma forte resposta nos tribunais, acrescentando ainda que os estudos da Boeing foram considerados inconclusivos. Em documentos judiciais protocolados para rejeitar a ação, a GPS diz ainda que “não houve em momento algum uma única declaração falsa ou enganosa a respeito de suas mercadorias”.
O processo movido no tribunal utiliza-se ainda de uma investigação feita nos EUA de que mais de duas mil escolas no país utilizaram dinheiro federal para comprar os purificadores com a tecnologia de íons. Em abril, um estudo realizado pela revista científica The Lancet afirmou que tais tecnologias tinham eficiência “muitas vezes não comprovadas”.
A Boeing disse ainda que a tecnologia de íons não tem respaldo científico o suficiente como outros métodos de purificação, como desinfecção química, ultravioleta e térmica e filtros HEPA, todos esses utilizados pela companhia. A polêmica tem chamado a atenção de escolas espalhadas pelos Estados Unidos. Um superintendente da Califórnia, inclusive, citou o processo e desligou mais de 400 aparelhos da GPS no estado.
Para se defender, a Global Plasma Solutions citou outro estudo realizado semanas antes por um laboratório terceirizado. Nele, dois dispositivos da empresa foram testados e agora são utilizados por outra empresa de avião para purificar seus veículos. O teste consistiu em analisar os efeitos dos ionizadores no novo coronavírus quando em superfícies de alumínio e, após 30 minutos, a diminuição média do vírus era de 99%.
Já o estudo da Boeing cita um relatório na qual a GPS afirma que 99,68% das bactérias foram eliminadas do ambiente em apenas 15 minutos. O registro, porém, analisou as bactérias presentes no ar, e não em superfícies. Nesta segunda, a companhia afirma que não detectou nenhuma redução significativa em mais de uma hora. Em sua defesa, a GPS diz que o foco de seus produtos é na purificação do ar, embora reconheça que os testes em superfície correspondem a metade dos testes ligados em sua página de “redução de patógenos”.
Além dos problemas de eficácia, a Boeing citou um estudo da Universidade do Arizona que diz que os níveis de íons encontrados no ar durante a utilização dos produtos são muito superiores à quantidade sugerida. Outro ponto levantado pela empresa de aviões é a necessidade da padronização da avaliação da tecnologia para “permitir a comparação com outros métodos comprovados de desinfecção”.
Nenhum comentário:
Postar um comentário