quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

EUA pressionam Europa para adotar novos scanners corporais nos aeroportos

Diretor do Instituto Nacional de Aviação Civil defende que equipamentos são uma "mais-valia"

A questão será discutida em Toledo


Os EUA estão empenhados em convencer as autoridades europeias de que os scanners corporais nos aeroportos, que permitem detectar objectos estranhos por baixo da roupa dos passageiros, são uma aquisição imprescindível. Esta questão irá ser levantada pela secretária americana de Segurança Interna, Janet Napolitano, numa reunião informal dos ministros europeus da Justiça e do Interior que se realiza amanhã e sexta-feira em Toledo.

Portugal deverá aguardar por uma decisão europeia mas, na opinião do director do Instituto Nacional de Aviação Civil (INAC) para a área de facilitação e segurança, Luís Trindade Santos, estes equipamentos "são uma mais-valia no âmbito de uma análise técnica", disse ao PÚBLICO.

O assunto irá ser debatido em Toledo, mesmo que informalmente, mas também deverá estar em cima da mesa numa reunião do comité europeu de segurança da aviação civil, que se realiza ao mesmo tempo em Bruxelas, e do qual faz parte Trindade Santos. O comité integra representantes ligados à área da segurança aeronáutica dos 27 Estados-membros e inclui ainda a Suíça, Islândia e Noruega.

Prevê-se que os peritos europeus proponham várias condições que visam proteger a privacidade dos passageiros, no caso de compra dos scanners. Primeiro, os técnicos que analisarem as imagens não deverão ter contacto visual com os passageiros, ficando num espaço à parte. Outra condição é a inexistência de contactos verbais entre quem vê as imagens e quem está ao pé dos passageiros, pelo que já estão a ser estudados mecanismos de mensagens automáticas para o caso de surgirem imagens suspeitas. E, por último, está previsto também que "não vai haver gravação" das imagens, indicou o responsável do INAC.

Do lado da presidência espanhola da União Europeia, José Luis Zapatero reconhece que a tentativa de atentado num voo entre Amesterdão e Detroit, no último Natal, "obrigou a reconsiderar o reforço do sistema de segurança de transporte aéreo". O objectivo é alcançar "uma posição comum" dos 27, que está ainda distante: Reino Unido, Holanda e República Checa declaram-se "favoráveis", França e Itália ainda querem "experimentar" os aparelhos e a Alemanha mostra reservas.

Quanto aos EUA, se quiserem impor os novos scanners nos voos para o país, as companhias aéreas europeias terão de cumprir com essas obrigações, salientou ontem ao PÚBLICO o responsável da área de segurança do gabinete técnico da Associação Portuguesa de Pilotos de Linha Aérea, comandante Luís Neto, que defende que há "uma segurança adicional no screening de passageiros". "O scanning pode ferir um pouco a nossa privacidade, mas é a única forma conhecida [fora a revista manual] de detectar objectos estranhos."

Fonte: Inês Sequeira (Público - com AFP) - Foto: Bazuki Muhammad (Reuters)

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