Nesta segunda (20) se comemora a chegada da Apollo 11 à Lua.
Titã e Europa estão muito, muito longe da Terra. Para você ter uma ideia, a nossa distância até o Sol fica em torno de 150 milhões de quilômetros (às vezes mais perto, às vezes mais longe). Júpiter está a cerca de 620 milhões de quilômetros da Terra e Saturno a 1,2 bilhão de quilômetros (de novo, às vezes mais , às vezes menos). Confira abaixo:
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E por que dois satélites tão distantes assim são tão importantes? Porque eles são a melhor aposta que temos de encontrar vida fora da Terra.
Mas calma: não estamos falando de homenzinhos verdes, nem de qualquer outra cor. Cientistas já enviaram sondas a todos os corpos do Sistema Solar e já excluíram a possibilidade de encontrar qualquer forma vida inteligente nas redondezas. Mas vida não-inteligente também é vida. E tanto Titã quanto Europa parecem ter condições de abrigar, por exemplo, formas primitivas, como bactérias.
“O maior interesse da ciência é entender mais sobre nós. Descobrir vida fora da Terra é a oportunidade de compreender como a vida surgiu aqui. É compreender de onde nós viemos”, explica o astrônomo Ronaldo Mourão.
Conheça agora esses dois importantes satélites:
Titã
Mas não é o tamanho de Titã que deixa os cientistas tão fascinados. O motivo de tanto interesse é que Titã é muito semelhante à Terra antes do surgimento da vida. “Titã é um corpo rochoso que possui atmosfera e um ciclo atmosférico muito parecido com o que existe na Terra”, explica o astrônomo Enos Picazzio, do Instituto de Astronomia e Geofísica da Universidade de São Paulo.
Titã é tão especial que os cientistas dedicaram a ela parte importante do projeto da sonda espacial Cassini, enviada para estudar Saturno. Em 2005, a Cassini liberou a sonda Huygens na atmosfera do satélite. Os equipamentos a bordo mostraram a presença de compostos orgânicos importantes (que não necessariamente têm origem biológica, ressalta Enos Picazzio), como oxigênio, carbono, hidrogênio e nitrogênio – todos bem conhecidos e encontrados aqui na Terra.
“Na atmosfera de Titã foi descoberto um ciclo de reações químicas que produz compostos muito parecidos com os encontrados no experimento de Miller [que simulou as condições da atmosfera da Terra primitiva, que permitiu o surgimento da vida]”, explica o astrônomo. A esperança é que, como aconteceu aqui há milhões de anos, a vida também apareça por lá.
Europa
Europa aparece no primeiro plano; atrás estão Júpiter e sua lua Io
A meio caminho entre a Terra e Titã, mas ainda bem longe, fica outra lua importante para os astrônomos: a gelada Europa, que orbita Júpiter. Um pouco menor que a nossa Lua, Europa tem 1.565 quilômetros de diâmetro. Mais importante, ela tem um ingrediente essencial para a vida como conhecemos: água.
“Europa não tem atmosfera, ao contrário de Titã, mas tem uma superfície totalmente recoberta por gelo e sais. Ou seja, é um oceano congelado de água salgada”, explica Picazzio.
A superfície de Europa é tomada por um vasto oceano congelado de água salgada
Mais importante ainda: “quando observamos os detalhes dessa superfície, notamos coisas muito parecidas com o que vemos aqui nos pólos da Terra”, afirma o astrônomo. “Aqui, quando um bloco de gelo se solta, ele flutua no mar. A temperatura fria congela a água líquida que fica exposta e o bloco se prende novamente – mas de uma maneira diferente e é possível notar quando um pedaço de gelo já esteve solto antes”, conta. “Em Europa notamos essas mesmas formações, o que indica que embaixo desse gelo há um oceano líquido”, explica ele.
E não é qualquer oceano. “É um oceano mais profundo que o oceano mais profundo da Terra”, afirma Enos Picazzio.
A presença de água líquida indica que abaixo do bloco de gelo a temperatura é mais elevada do que os 200° negativos da superfície. O que aumenta as chances de se encontrar vida – por mais simples que seja.
Fonte: Marília Juste (G1) - Imagens: NASA
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