Engenheiro e inventor Hans Kraus busca investidores para fabricar os “Eternaus”, os dirigíveis do futuro.
Muito antes de os aviões surgirem, os dirigíveis foram as primeiras máquinas que transportaram passageiros pelos céus. O primeiro exemplo bem-sucedido desse tipo de aeronave foi construído pelo francês Henri Giffard, em 1855, e outros modelos foram fabricados na Europa e nos Estados Unidos nos anos seguintes pelas mãos de diferentes inventores. Até Alberto Santos Dumont construiu balões motorizados, antes de voar com o 14-Bis, em Paris.
“A maioria acha que os dirigíveis são máquinas ultrapassadas e não têm mais espaço no mercado atual. Mas eu te digo uma coisa: eles estão completamente enganados”, afirma Hans Kraus, engenheiro alemão radicado no Brasil que está projetando o que ele considera ser o “meio de transporte mais versátil, econômico e seguro de todos os tempos”, embora sua ideia ainda não tenha saído do papel.
Hans nasceu em Mosbach, no estado Baden-Württemberg. A região é conhecida por ser o berço de grandes inventores da Alemanha, entre eles o conde Ferdinand von Zeppelin, cujo sobrenome virou sinônimo de dirigíveis. “Considero-me mais brasileiro do que alemão. Me mudei pra cá quando tinha apenas três anos”, contou o engenheiro, hoje com 70 anos.
“Minha ideia é fabricar dirigíveis gigantes, como os Zeppelins, mas no estado da arte tecnológica”, diz Kraus, que nomeou seus inventos como “Aeronaves Eternamente Auto Sustentadas”, ou apenas “Eternaus”, uma simbiose entre dirigíveis, aviões, helicópteros e drones.
“A maioria dos acidentes com dirigíveis acontecem quando eles estão no chão, onde são mais sensíveis ao vento. Uma vez no ar, o Eternaus não precisa mais retornar ao solo, exceto durante alguma manutenção. Todas as cargas ou passageiros serão embarcadas por meio de elevadores ou guindastes instalados nos próprios dirigíveis, a cerca de 50 metros de altitude. Essa solução torna o dirigível 'incaível'”, garante o inventor.
As aeronaves concebidas por Hans realmente soam como revolucionárias. Ele sugere fabricar dirigíveis com estruturas super-rígidas pressurizadas, com bolsões de hidrogênio envoltas em gás hélio, e impulsionados por motores elétricos, em versões tripuladas ou autônomas.
Na visão de Kraus, o Eternaus pode ter variadas aplicações: transporte de passageiros e cargas, combate a incêndios, pulverização de agentes agrícolas em plantações, auxílio na construção civil, resgate e salvamento, pesquisas atmosféricas, entre outros.
“Com a implantação deste novo modal de transporte, não será mais necessário nem vantajoso investir em infraestrutura rodoviária, aeroportuária e portuária em localidades afastadas e de difícil acesso por conta de pressões ambientais e custos”, prevê o inventor, que patenteou seus dirigíveis nos Estados Unidos, Rússia, China, Inglaterra, Alemanha e Brasil.
Dirigíveis multifuncionais
Ao todo, Hans já projetou seis opções diferentes de aeróstatos no formato Eternaus. O menor modelo ele nomeou como “Mínimo”, um dirigível não tripulado com 21 metros de comprimento e pesando 180 kg. “Um aparelho como esse pode servir como posto de observação e suporte técnico em áreas agrícolas ou até como 'antena aérea' de comunicação e internet.”
Já o maior deles é o “Hércules”, uma máquina com 490 metros de uma ponta a outra e capacidade para transportar 1.040.000 kg, o equivalente a quatro vezes a capacidade de carga do Antonov An-225 – o maior avião de todos os tempos. "O Hércules pode ser usado no combate a grandes incêndios como os florestais, transporte e içamento de cargas e estruturas super-pesadas e volumosas por longas distâncias. Ele também serve como um super guindaste na construção mecânica e civil ou até como um display publicitário gigante”, explica o engenheiro.
“Pode parecer surreal, mas é física e economicamente viável”, diz Kraus, se referindo à capacidade de carga do Hércules. Como comparação, o Zeppelin LZ 129 Hindenburg, maior dirigível da história, media 245 metros de comprimento e pesava cerca de 118 toneladas totalmente carregado.
“Diferentemente dos aviões e helicópteros, os dirigíveis não precisam fazer força alguma para decolar. Eles simplesmente flutuam. A economia de combustível ou energia nesse tipo de aeronave é significativamente mais baixa. Um dirigível como o Hércules precisaria de apenas 10% ou 20% da potência de um Boeing 747 para se deslocar”, contou o engenheiro-inventor.
Busca por investidores
Para tornar o projeto realidade, Hans vem fazendo uma verdadeira peregrinação pelo Brasil e outros países em busca de investidores.
“Para o Eternaus ir adiante, é necessário um investimento de aproximadamente US$ 30 milhões. Com esse valor eu posso construir um protótipo para provar a funcionalidade do conceito. É um projeto que pode render muito dinheiro aos investidores e de forma muito rápida”, aposta Hans, que pensa em parcerias com grandes fabricantes aeronáuticos, como a Embraer e a Irkut, da Rússia.
Ele também afirma ter encaminhado o projeto para apreciação do governo de Jair Bolsonaro, “mas ainda não tive resposta. Creio que não foi repassado a quem realmente pode se interessar”, finaliza Hans Kraus, que segue alimentando o sonho de um dia ver seus dirigíveis futuristas em voo.
Via Thiago Vinholes, colaboração para o CNN Brasil Business