Alberto Santos Dumont ficou conhecido mundialmente por ser o “Pai da Aviação” quando, em 12 de novembro de 1906, decolou com seu avião 14-Bis e sobrevoou o Campo de Bagatelle em Paris. O voo cobriu 220 metros de distância a uma altitude de seis metros. Neste dia 20 de julho de 2024, Santos Dumont completaria 151 anos.
A Vida
Há 151 anos, nascia no interior de Minas Gerais um dos maiores inventores brasileiros: o notável Alberto Santos Dumont, considerado um dos precursores da aviação e da criação de aeronaves no mundo. A história de vida, as obras e os valores do Pai da Aviação e Patrono da Aeronáutica Brasileira são fontes de inspiração não só no nosso país, mas em várias regiões do planeta. Suas inovações e contribuições para a aviação são celebradas até hoje.
O homem que deu asas à humanidade nasceu no dia 20 de julho de 1873, no sítio Cabangu – local que, em 1890, passou a pertencer ao município de Palmyra (MG), um dos bens tombados sob tutela da Força Aérea Brasileira (FAB).
Filho de Francisca Santos Dumont, de tradicional família portuguesa vinda para o Brasil com D. João VI, em 1808, e de Henrique Dumont, engenheiro civil de obras públicas e, mais tarde, cafeicultor em Ribeirão Preto (SP). Henrique Dumont, de ascendência francesa, teve papel fundamental na trajetória do filho Alberto, pois, percebendo nele o fascínio pelas máquinas – que existiam em grande quantidade na fazenda Arindiúva –, direcionou os estudos do rapaz para a mecânica, a física, a química e a eletricidade, não fazendo questão que ele se formasse em engenharia, como foi o caso dos outros filhos.
O sonho de voar de Alberto surgiu aos 15 anos quando ele teve uma visão: um balão livre nos céus de São Paulo. No caso, balões livres são aqueles que fazem sua ascensão sem possuir nenhum tipo de dirigibilidade, ficando ao sabor das correntes aéreas.
Aos 18 anos, emancipado pelo pai, Alberto foi para Paris completar os estudos e perseguir o seu sonho de voar. Ao chegar à capital francesa, o jovem se admira com os motores de combustão interna a petróleo que começavam a aparecer impulsionando os primeiros automóveis e compra um para si, investigando todo o seu funcionamento. Logo estava promovendo e disputando as primeiras corridas de automóveis na Cidade-Luz.
Em 31 de julho de 1932, a cidade de Palmyra, em Minas Gerais, passou a denominar-se Santos Dumont, em homenagem ao Pai da Aviação.
A Obra
Um verdadeiro herói da engenhosidade. A obra do brasileiro Santos Dumont está diretamente vinculada a várias inovações. O filho de Francisca e Henrique Dumont viveu em um período de grandes revoluções na tecnologia e foi o nosso maior protagonista dos ares.
Aos 24 anos, Santos Dumont tinha sua primeira decolagem bem sucedida a bordo de um balão livre alugado. Um ano depois, em 1898, projeta e constrói, com a ajuda de operários e construtores de balões franceses, seu primeiro balão livre: o Brasil, o menor balão tripulado já feito, homenageando sua pátria. Logo em seguida, associando os leves motores de combustão interna a petróleo a seus leves balões e construindo engenhosos lemes, Santos Dumont inventa os balões dirigíveis.
Em 1901, Santos Dumont pilotou seu balão, o Número 6, que era movido a gasolina, sobre Paris, e ganhou um prêmio de 100 mil francos por seu feito. As suas realizações foram frutos de sucesso na imprensa europeia, na imprensa norte-americana e no Brasil. O inventor, nesse momento, torna-se o centro das atenções, despertando o interesse militar para seus balões.
Após o sucesso com balões e dirigíveis, Santos Dumont partiu para outra linha de pesquisa: queria, agora, voar com um veículo mais pesado que o ar. O protótipo era composto por uma fuselagem longa, com a nacele do balão número 14 na parte de trás – um biplano com uma construção parecida com pipas japonesas, portando um motor de oito cilindros e sobre três rodas: o primeiro trem de pouso que se tem notícia. A inovação era pulsante desde os testes. O aviador construiu um sistema de cabos inclinados para testar a dirigibilidade do 14-Bis: um inovador simulador de voo.
Em 1905, na plateia de uma corrida de lanchas num quente verão no Rio Sena, Santos Dumont avista uma potente lancha com motor Antoinette de 24 HP e começa aí a planejar “o mais pesado que o ar”. Aproveitando o sucesso dos planadores e, em especial, o planador com células de Hargrave, o inventor constrói o primeiro avião, o 14-Bis, com o motor Antoinette, usando o balão nº 14 para testes de estabilidade.
Foi no dia 7 de setembro de 1906 que o 14-Bis deu um primeiro salto no ar, mas faltou potência. Já em 23 de outubro, com motor Antoinette de 50 HP, o 14 Bis voou, decolando, mantendo-se no ar por uma distância de 60 metros, a três metros de altura, e aterrissou. Era o primeiro voo homologado do “mais pesado que o ar” para uma multidão de testemunhas eufóricas no campo de Bagatelle, em Paris. No dia seguinte, toda a imprensa francesa louvou o fato histórico, o triunfo de um obstinado brasileiro, que, pelo feito, conquistou o prêmio Archdeacon oferecido pelo Aeroclube de França. O dinheiro do prêmio foi distribuído para seus operários e os pobres de Paris, como era o costume do inventor.
Assim, Santos Dumont se tornou uma celebridade conhecida mundialmente e continuou a trabalhar em aviões, tendo feito muitas outras contribuições importantes para a aviação. Em 1909, ele voou em seu avião Demoiselle, um dos primeiros aeroplanos do mundo, e que se tornou um sucesso comercial. Santos Dumont também trabalhou em melhorias no design do avião, como a adição de cauda vertical para melhor estabilidade e controle.
Santos Dumont recebeu diversas homenagens por toda a Europa, nos EUA, na América Latina e, em especial, no Brasil, onde foi recebido com festas e euforia. Seus projetos foram aperfeiçoados por outros aviadores e projetistas, já que ele não os patenteava e não desejava adquirir bens materiais com suas invenções, mas idealizava dotar a humanidade com meios de facilitar as comunicações, desgostando-se com o uso agressivo que o avião teve na Primeira Guerra Mundial.
Como podemos observar, Santos Dumont dedicou sua vida à aviação. Foi o primeiro aeronauta a alcançar, definitivamente, a dirigibilidade dos balões e a voar num aparelho mais pesado que o ar com propulsão própria. O desenvolvimento da aviação ensejou a criação do Ministério da Aeronáutica e, desde então, com o avanço da tecnologia, a Força Aérea Brasileira tem renovado seus vetores. Foram suas ideias e seus feitos que tornaram possível, hoje, nas Asas que protegem o País, a atuação da nossa Força em diversas missões nacionais e internacionais.
Homenagem no Brasil
O livro de Heróis e Heroínas da Pátria reúne, em uma obra com páginas de aço, nomes que entraram para a história nacional. O exemplar encontra-se em exposição no Panteão da Pátria Tancredo Neves, localizado na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF) e, para fazer parte da coletânea, é preciso que o Senado e a Câmara dos Deputados aprovem um projeto de lei com o pedido de inclusão. O Pai da Aviação está entre um dos heróis homenageados no livro, desde o ano de 2006.
Os Valores
Sem dúvida, Santos Dumont foi um homem à frente de seu tempo e será eternamente motivo de orgulho para nosso país. Um brasileiro que, genuinamente, mudou a trajetória mundial. Sua inquietude e força de vontade são exemplos para muitas gerações de brasileiros: militares, civis, estudantes e trabalhadores nos mais diversos rincões do nosso país.
Decisivamente, a figura do cientista, do aeronauta, do inventor e do visionário Santos Dumont representa os valores da FAB, a cultura organizacional e as tradições da Instituição. São valores como Patriotismo, Integridade, Comprometimento e Profissionalismo que devem ser internalizados por todos os militares e civis do Comando da Aeronáutica.
A inquietude e a força de vontade do herói nacional convidam a todos a saírem de suas rotinas. E esse é um dos maiores valores que Santos Dumont poderia ter deixado: sem sua persistência, a aviação não seria a mesma.
Embora Santos Dumont tenha vivido e trabalhado na Europa, ele sempre manteve um forte vínculo com sua terra natal, o Brasil. Em 1914, durante a Primeira Guerra Mundial, Santos Dumont retornou ao Brasil, tendo sido recebido com festa pela população. Santos Dumont acreditava que a aviação poderia ser usada para fins pacíficos e para promover a igualdade social, o que ajudou a Força Aérea Brasileira a estabelecer esses princípios. Hoje, a FAB é uma das principais instituições aeronáuticas do mundo e um dos principais órgãos responsáveis pela defesa do país.
O Pai da Aviação morreu em 23 de julho de 1932, em Guarujá (SP), mas seu legado vive até hoje. Seu coração está preservado sob a custódia da Força Aérea Brasileira e encontra-se em exposição no Museu Aeroespacial, no Rio de Janeiro (RJ). Antes e depois da sua morte, ele recebeu muitas e merecidas homenagens no Brasil e no exterior, inclusive o justo epíteto de “O Pai da Aviação”. Ele é lembrado não somente como um pioneiro da aviação, mas também como um visionário que mudou a história da humanidade.
Em 4 de julho de 1936, a Lei n° 218 declarou o dia 23 de outubro como o Dia do Aviador, homenageando, assim, o primeiro voo do “mais pesado que o ar” da história. No mesmo ano, o primeiro aeroporto da cidade do Rio de Janeiro recebeu o nome do aeronauta. Na década de 1970, ele foi considerado Engenheiro Honoris Causa pela Escola de Engenharia da Universidade Federal do Rio de Janeiro.
Historicamente, a Força Aérea Brasileira honra a memória de Santos Dumont e sua contribuição para a aviação brasileira, e muitas de suas unidades e instalações militares foram nomeadas em sua homenagem. Em 2024, celebramos os 151 anos de Alberto Santos Dumont, uma ocasião importante para comemorar o trabalho e o legado desse grande brasileiro. Seus esforços pioneiros na aviação não só inspiraram outros a seguir seus passos, mas também tornaram o mundo mais conectado e acessível do que nunca.
Com informações do Portal da FAB
Nenhum comentário:
Postar um comentário