Incidente teria ocorrido no mar do Sul da China, palco de exercícios militares de Pequim e Washington.
Um caça J-11 da Marinha chinesa é registrado voando perto de uma aeronave RC-135 da Força Aérea dos EUA no espaço aéreo internacional sobre o mar do Sul da China - Governo dos EUA (Foto: Reuters) |
Um avião militar da China passou a 3 metros de uma aeronave da Força Aérea dos Estados Unidos durante exercícios no mar do Sul da China na semana passada, afirmou Washington nesta quinta-feira (29). Segundo essa versão, o episódio forçou militares americanos a realizar manobras evasivas para evitar uma colisão no ar.
O incidente teria acontecido no último dia 21, envolvendo um caça a jato J-11 da Marinha chinesa e uma aeronave RC-135 da Força Aérea americana. Um porta-voz militar dos EUA disse que o jato chinês chegou a 3 metros da asa e a 6 metros do nariz do avião.
São incertas as circunstâncias do incidente, mas uma eventual colisão certamente aumentaria as tensões entre Washington e Pequim, aprofundadas pelos acenos frequentes da Casa Branca a Taiwan, ilha que os chineses consideram uma província rebelde.
A viagem da presidente da Câmara dos EUA, Nancy Pelosi, a Taipé em agosto colocou ainda mais lenha na fogueira e deu início a uma série de exercícios militares da China nas proximidades da ilha. Na última segunda (26), Pequim realizou a maior incursão aérea da história em 24 horas contra as defesas da ilha.
Ao comentar o episódio da semana passada, Washington acusou a China de intensificar comportamentos cada vez mais perigosos com suas aeronaves. "Esperamos que todos os países do Indo-Pacífico usem o espaço aéreo internacional com segurança e de acordo com a lei internacional", escreveu a Força Aérea.
Os EUA entraram em contato com o regime chinês para falar do caso, segundo disse uma autoridade americana à agência de notícias Reuters —o conteúdo da conversa, porém, não foi revelado. A embaixada chinesa em Washington não havia se pronunciado até a última atualização deste texto.
Aviões e navios militares dos EUA realizam rotineiramente operações de vigilância pela região, considerada prioridade pela Casa Branca. Nos últimos meses, a China já vinha alertando que a tática americana poderia prejudicar a paz da região. Em junho, Pequim acusou Washington e outras potências ocidentais de transformar o disputado mar do Sul da China em "arena de combate e campo de caça", pedindo que nações da região ajudem a repelir a interferência estrangeira.
A ditadura reivindica vastas áreas do mar do Sul da China que se sobrepõem a zonas econômicas exclusivas de Vietnã, Malásia, Brunei, Indonésia e Filipinas. Trilhões de dólares em comércio fluem todos os anos pela região, que também contém áreas de pesca e campos de gás.
Em uma reunião com seu homólogo chinês em novembro, o secretário de Defesa dos EUA, Lloyd Austin, levantou a necessidade de melhorar a comunicação em momentos de crise e destacou o que chamou de comportamento perigoso dos aviões militares chineses.
Apesar das tensões, militares dos EUA há muito procuram manter linhas de diálogo abertas com os chineses para mitigar o risco de picos de tensão e lidar com possíveis acidentes.
O Departamento de Defesa da Austrália disse em junho que um caça chinês interceptou perigosamente um avião de vigilância militar do país na região no mês anterior. Na ocasião, Camberra afirmou que o jato chinês ainda liberou um "pacote de palha" contendo pequenos pedaços de alumínio que entraram no motor da aeronave. Militares do Canadá fizeram acusação semelhante também em junho.
Via Folha de S.Paulo
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