sábado, 22 de outubro de 2022

'Ele é um cachorro viajante': conheça a história do vira-lata caramelo fujão que fez parar uma pista de avião

Beethoven escapou da caixa onde era transportado pela Latam e saiu pelas ruas de São Paulo; ontem ele chegou a seu destino, sentado na poltrona e junto da tutora.

Beethoven (Foto: Divulgação/Valquíria Lopes)
No início da tarde do dia 20, um passageiro sentado - às vezes deitado - em uma poltrona de um avião da Latam, rumo a Florianópolis, chamava atenção na primeira fila. Era famoso, todos os funcionários do aeroporto pareciam conhecê-lo, e era então mimado pelos tripulantes do voo. 

Não era músico apesar do nome, nem influencer digital ou ator de folhetim, mas Beethoven, um vira-lata caramelo de quase dez anos e cerca de 14kg que ganhou notoriedade após a proeza de fugir, na última quarta-feira, da caixa onde era transportado pela companhia aérea e do aeroporto de Congonhas (SP). 

Por conta do incidente, uma pista do aeroporto teve suas operações paralisadas por seis horas. E dezenas de pessoas, além de um cão-farejador, foram mobilizados horas a fio em sua busca pela grande São Paulo.

Beethoven, já no aconchego de sua poltrona no avião (Foto: Arquivo pessoal / Valquíria Lopes)
Ali naquela poltrona, ao lado de sua tutora, a terapeuta de constelação familiar Valquíria Lopes, Beethoven ganhou afagos na cabeça enroscado a um cobertor, enquanto concluía a viagem interrompida no dia anterior. Ele seguia de Cuiabá (MT) para Florianópolis (SC), em sua sétima mudança de lar. Mas era a primeira vez que a mudança exigia uma viagem de avião.

- Ele é meu companheirinho, sempre esteve comigo. Minha mãe o pegou com uns dois meses, era bem pequenininho, tinha acabado de desmamar. Mas ele me adotou, era eu quem cuidava, dava vacina, remédios... Virou meu xodózinho. Quando saí da casa da minha mãe e fui morar sozinha, levei. Casei, levei. Separei, levei. Uma vez viajei com ele 300km de carro, saindo de Cuiabá. Ele é um cachorro viajante. Não deixo Beethoven - conta Valquíria.

Beethoven e Valquíria Lopes (Foto: Arquivo pessoal/Valquíria Lopes)
A terapeuta conta que faz 95% de seu trabalho virtualmente, com atendimentos online. E ele sempre do lado. Já houve ocasião dela trabalhar fora de casa e deixar o zoom ligado, para conversar com Beethoven e ele não se sentir sozinho. 

Valquíria ainda lembra de falar para um namorado que teve, quando ele a convidava para dormir na casa dele, que só iria se pudesse levar Beethoven junto.

- Esse namorado tinha um pitbull, que dormia lá fora. O Beethoven ficava dentro de casa - diverte-se.

Beethoven, o guerreiro


Na quarta-feira, Beethoven chegou a fazer a primeira parte da viagem, de Cuiabá a Congonhas. Foi na conexão, de onde partiria para Florianópolis, por volta das 13h30, que rompeu o lacre da caixa que o transportava, fugiu para o pátio e depois para as ruas. Beethoven ficou por volta de 8 horas sozinho, perdido.

- Nem cheguei a conhecer todos os funcionários que participaram das buscas, foram muitos. Cheguei a ver as imagens gravadas pelas câmeras do aeroporto. Em uma delas, aparece um homem que coloca a caixa no chão e se afasta. Em menos de um minuto ele fugiu e saiu correndo pelo pátio. Ele já tinha comido o comedouro, as duas travas... Isso não aconteceu em um minuto. Não houve o cuidado de colocá-lo em um local seguro, o cara nem olhou, estava tudo estraçalhado lá dentro, cheio de sangue na caixa, e ninguém reparou. Eu não faria isto (contratar o serviço de transporte de pet) de novo em hipótese alguma - diz Valquíria, que se emociona ao lembrar de quando reviu o amigo, após ele ser localizado em uma barbearia do entorno bebendo água de um pote.


- Ele me lambeu toda, me mordeu a bochecha, estava tremendo, tadinho - conta.

Não foi a primeiro sufoco vencido por Beethoven. Fruto de uma "festinha particular" de cachorros de um canil ade uma amiga da mãe de Valquíria, que estavam divididos por raça mas uma noite se soltaram e cruzaram, Beethoven já venceu a parvovirose, a cinomose e a doença do carrapato.

- Tínhamos três cachorros. Os outros morreram, só Beethoven sobreviveu. Ele é um guerreirinho - diz Valquíria, com Beethoven ao lado dormindo na cama desde que chegaram à nova casa, quase seis horas antes.

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