Pilotos de caças F-16V da Força Aérea de Taiwan (ROCAF) corem para seus aviões durante um treinamento (Foto: I-Hwa Cheng/Bloomberg) |
A recente visita de Nancy Pelosi, presidente da Câmara de de Representantes dos EUA, em Taiwan esfriou ainda mais as relações entre Taipé, Pequim e Washington. A presença de Pelosi foi suficiente para a China iniciar uma série de exercícios militares na Província de Fujian, distante algumas centenas de quilômetros da ilha vista pelos chineses como um território rebelde.
Como de praxe, a Força Aérea de Taiwan, oficialmente chamada de Força Aérea da República da China (ROCAF), despachou alguns de seus 384 aviões de caça e deixou outros de prontidão para conter qualquer agressão mais grave de Pequim.
F-16V da ROCAF com mísseis anti-navio Harpoon e mísseis ar-ar AMRAAM e Sidewinder (Foto: ROCAF) |
Dessa maneira, a ROCAF e seus aviões de ataque e interceptação voltaram a serem alvos de holofotes, especialmente em comparação com os aviões da China. Neste artigo, vamos conhecer quais e quantos jatos de caça a Força Aérea Taiwanesa possui em sua frota.
General Dynamics/Lockheed Martin F-16A/B/V Fighting Falcon
O General Dynamics F-16 norte-americano é, atualmente, o caça mais numeroso na ROCAF, que possui entre 138 e 142 unidades em serviço, distribuídas em duas bases aéreas. Além das aeronaves já em operação, Taiwan adquiriu mais 66 na versão F-16V Block 70.
A história do F-16 em Taiwan começa na década de 1970, quando o país inicialmente demonstrou interesse pelo caça leve, que na época representava o estado da arte em termos de aviação de combate.
F-16A de Taiwan interceptando um bombardeiro chinês H-6 (Foto: Força Aérea Taiwanesa) |
No entanto, Taiwan só conseguiu adquirir o F-16 em 1992, quando o então presidente dos EUA George Bush autorizou a venda 150 aviões sob o programa Peace Fenghuang.
As aeronaves eram da versão F-16A/B, mas atualizadas para o padrão Block 20. Upgrades posteriores nos radares, sistemas de autoproteção, armamentos e computadores de voo tornaram os F-16 Block 20 taiwaneses similares aos F-16 MLU encontrados na Europa.
F-16V com bombas GBU-12 e mísseis AIM-9X e AIM-120C (Foto: Tsungfang Tsai via Scramble Magazine) |
Em 2018 a ROCAF recebeu o primeiro F-16A atualizado para o padrão F-16V, e o primeiro esquadrão com os F-16 modernizados foi posto em serviço em novembro de 2021.
Taiwan quer atualizar todos os seus Vipers para essa versão, que traz capacetes com mira/display integrado, radar APG-83 AESA, novas armas e aviônicos. Ademais, a ROCAF também comprou ouros 66 F-16V novos de fábrica.
F-16 recebendo mísseis AIM-9, AIM-120 e AGM-84 nas instalações subterrâneas da Base Aérea de Chiashan (Foto: ROCAF) |
Os F-16 taiwaneses são operados por sete esquadrões, sendo três na Base Aérea de Chiayi e quatro na base de Hualien. Eles podem usar mísseis ar-ar AIM-7 Sparrow, AIM-120 AMRAAM e AIM-9 Sidewinder, bombas guiadas das séries JDAM e Paveway, sensores eletro-ópticos e mísseis antinavio Harpoon.
AIDC F-CK-1 Ching-Kuo
O primeiro e único caça desenvolvido em Taiwan, o Ching-Kuo nasceu da necessidade da ROCAF para um caça moderno depois da negativa dos EUA em vender o F-20 Tigershark e o F-16 na década de 1980, bem como a aproximação entre Washington e Pequim.
Mesmo tendo uma grande parceria com os Estados Unidos, ficou evidente que os taiwaneses precisavam desenvolver suas próprias tecnologias.
Corte esquemático do F-CK-1 (Arte: Mike Badrocke) |
Mesmo assim, Washington ajudou no desenvolvimento da aeronave, que tem claras semelhanças com caças F-16 e F/A-18 Hornet. As companhias General Electric, General Dynamics e Honeywell estiveram diretamente envolvidas no design do jato taiwanês. Os tanques subalares também são os mesmos do F-5E/F Tiger II, outro modelo usado por Taiwan.
O Ching-Kuo, também chamado de IDF (Indigenous Defense Fighter), foi projetado e fabricado pela Aerospace Industrial Development Corporation (AIDC), maior empresa aeronáutica de Taiwan. Apesar de ter produzido aviões sob licença e ter desenvolvido aeronaves de treinamento anteriormente, o F-CK-1 foi o primeiro caça de alta performance desenhado no país.
F-CK-1 Ching-Kuo com mísseis ar-ar Sky Sword I e II. O F-CK-1 também usa os mesmos tanques subalares de 275 galões do F-5 Tiger II (Foto via Cavok Brasil) |
A aeronave fez seu primeiro voo em 1989 e entrou em serviço em 1992 como F-CK-1A/B. Os EUA não quiseram fornecer motores avançados desenvolvidos para aeronaves de combate, como o F404 do F/A-18. Dessa forma, a AIDC seguiu com o Honeywell F125-GA-100, uma versão militarizada do turbofan Garrett TFE731 usado em jatos executivos como o Dassault Falcon e Cessna Citation.
O F-CK-1 pode atingir Mach 1.8 (1,8 vezes a velocidade do som) e é certificado para empregar mísseis AIM-9 Sidewinder, Sky Sword I e II, AGM-65 Maverick, Wan Chien e Hsiung Feng II. Cerca de 129 aeronaves estão em operação na ROCAF, divididos em duas bases aéreas (Tainan e Ching Chuan Kang) e cinco esquadrões. Destas, 26 são da versão F-CK-1D de treinamento.
Dassault Mirage 2000-5
Ao mesmo tempo em que buscava comprar o F-16, Taiwan também se voltou para outro fornecedor: a França. A ROCAF adquiriu em 1992 um total 60 caças, sendo 48 Mirage 2000-5EI e 12 2000-5DI, este último de dois assentos. A compra também marcou Taiwan como o primeiro cliente do Mirage 2000-5, na época a versão mais nova e capaz do Mirage 2000.
(Foto: Tsungfang Tsai via Scramble Magazine) |
A compra, bastante protestada pela China, também incluiu 960 mísseis MICA de médio alcance, 480 Magic II de curto alcance, pods ASTAC de inteligência eletrônica e casulos de canhão DEFA 554 30mm para os Mirage 2000-5D, que não contam com armamento orgânico.
As aeronaves entraram em operação com a ROCAF a partir de 1997, com a entrega dos primeiros aviões. Apesar de terem apresentado problemas estruturais e de baixa disponibilidade, seguiram em operação após reparos da Dassault.
Caças Mirage 2000 e F-CK-1 da Força Aérea Taiwanesa (Foto: Ministério da Defesa Taiwanês) |
Hoje, 55 aviões permanecem em serviço na Base Aérea de Hsinchu, divididos entre dois esquadrões operacionais e um de treinamento.
Northrop F-5E/F Tiger II
Taiwan é um dos maiores e mais famosos operadores do lendário F-5 da Northrop. As primeiras aeronaves, ainda das versões F-5A/B Freedom Fighter, foram entregues em 1965, mas passaram a dar lugar aos F-5E Tiger II a partir de 1973, quando a AIDC começou a produção local das aeronaves sob o programa Peace Tiger.
F-5F Tiger de Taiwan (Foto: Autor desconhecido) |
Taiwan executou seis programas Peace Tiger, construindo um total de 308 caças F-5, sendo 242 F-5E e 66 F-5F de dois assentos. A ROCAF também optou por customizações nos caças, como a capacidade para empregar quatro mísseis AIM-9, ao invés de dois, e a compatibilidade com o AGM-65 Maverick. Sete aviões foram convertidos para a versão RF-5E Tigerye, de reconhecimento fotográfico.
Os mais de 300 F-5 Tiger II da ROCAF foram divididos em seis alas de caça, operando nas bases de Taitung, Tainan, Hualien e Chiayi. Com a chegada dos F-CK-1, F-16 e Mirage 2000 na década de 1990, a ROCAF começou a se despedir de vários F-5.
F-5E Tiger II aggressor da ROCAF (Foto: Hsu Chunyuan) |
Taiwan chegou a desenvolver um programa de atualização para seus Tigers, chamado de Tiger 2000/2001. Um avião protótipo chegou a receber a modernização, mas a ROCAF optou por não seguir em frente.
Cerca de 62 F-5E/F permanecem em serviço com a Força Aérea de Taiwan, todos alocados aos três esquadrões do 7º Grupo de Caça Tático da Base Aérea de Taitung.
Via Gabriel Centeno (Aeroflap) - com informações de World Air Forces 2022, Taiwan Air Power, Global Fire Power.
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