Peça-chave da força aérea americana em diversas guerras ao longo do século 20, como no Vietnã e na guerra do Golfo, e usado até hoje nos conflitos no Oriente Médio, o bombardeiro B-52 Stratofortress pode ser o primeiro avião na história a completar 100 anos em operação ininterrupta.
(E, salvo algum caso obscuro, também o primeiro veículo militar em toda a história a ver combate real por tanto tempo assim. Existem coisas como o navio USS Constitution, um veleiro de 1797, mas hoje ele é uma peça cerimonial.)
Pterossauro longe da extinção
Nesta semana, uma das empresas responsáveis por manter o modelo atualizado, a L3Harris, anunciou contrato de uma década para reformar o sistema de autoproteção de guerra eletrônica da aeronave.
Este conjunto de revisões é responsável por proteger contra radares e ameaças de espectro eletrônico múltiplo, que podem impedir a operação da máquina. Os detalhes exatos não foram anunciados. Mas o novo contrato, estimado em US$ 947 milhões (cerca de R$ 5,2 bilhões em conversão direta), deve manter a empresa da Flórida como mantenedora da aeronave pelo resto de sua vida útil.
Fechado na última terça-feira (5), o acordo da L3Harris reforça os planos do Pentágono de manter o B-52 ativo por pelo menos até meados do século 21 e possibilitar o marco dos 100 anos — a aeronave, construída pela Boeing, voou pela primeira vez em abril de 1952 (daí seu número).
Parte do plano prevê a remotorização de toda a frota dos B-52 num programa que deve custar em torno de US$ 11 bilhões (R$ 60,8 bi). General Electric, Raytheon Technologies (da Pratt & Whitney) e Rolls-Royce competem na licitação, que requer a construção de 608 motores e peças sobressalentes pelos próximos 17 anos.
Vale lembrar que, embora o programa preveja a substituição de cerca de 10% dos componentes no B-52, tanto a fuselagem quanto a tecnologia analógica da aeronave se manterão as mesmas do século 20.
O que faz o B-52 se manter relevante?
O B-52 entrou em ação pela primeira vez em 1956 e é conhecido principalmente por sua versatilidade. O major-general Andrew Gebara, diretor de planos estratégicos, programas e requisitos do Comando de Ataque Global da Força Aérea Americana, explica o porquê.
“Quando construímos o B-52, era para ser um bombardeiro nuclear de alta altitude. Em seguida, tornou-se um bombardeiro nuclear de baixa altitude. E, então, tornou-se um bombardeiro de saturação de alta altitude no Vietnã. Depois, tornou-se um atirador de mísseis de cruzeiro durante a ‘Tempestade no Deserto’ [nome que os americanos dão a uma das operações-chave na Guerra do Golfo, no início dos anos 90]”, resume.
B-52: na ativa desde 1955 (Boeing/Divulgação) |
E, de fato, o B-52, mesmo com seus quase 100 anos, faz quase tudo no ar. Pode carregar uma grande variedade de armas no arsenal estadunidense, entre mísseis, bombas de fragmentação e drones, sendo chamado informalmente pela Força Aérea dos EUA como “Buff” (acrônimo em inglês para “grande companheiro feio e gordo”). Ao todo, foram 744 unidades produzidas entre 1952 e 1962.
Internamente, a aeronave é um colosso. Quando alimentado com bombas, por exemplo, o B-52 pesa mais de 120 toneladas, com uma envergadura de 56 metros. Já nas asas, são oito motores turbofan Pratt & Whitney com cerca de 8 toneladas de empuxo que mantém a aeronave no ar por até 14.100 quilômetros. Sua velocidade máxima é de 1.046 km/h.
Atualmente, a força aérea dos Estados Unidos conta com 76 B-52 em serviço, 58 operados por militares da ativa.
Por Olhar Digital - Via Auto Evolution
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