A petroleira britânica BP confirmou nesta quinta-feira ter discutido com o governo da Grã-Bretanha, em 2007, a demora na conclusão de um acordo para a transferência de prisioneiros com a Líbia, mas negou interferência no caso específico do líbio Abdelbaset al-Megrahi, condenado pelo atentado de Lockerbie.
A informação foi confirmada pela BP em um comunicado, em meio à pressão exercida por um grupo de senadores americanos para que se investigue o suposto papel da empresa na libertação de Al-Megrahi, que cumpria prisão perpétua mas foi solto pelas autoridades escocesas no ano passado por razões humanitárias, já que sofre de câncer.
Al-Megrahi foi condenado à prisão perpétua em janeiro de 2001 por seu envolvimento na explosão de um avião da companhia aérea americana Pan Am sobre a cidade escocesa de Lockerbie, em 1988, em um atentado que matou 270 pessoas. "No fim de 2007 a BP disse ao governo britânico que nós estávamos preocupados com o lento progresso na conclusão de um acordo para transferência de prisioneiros com a Líbia", afirma o comunicado.A informação foi confirmada pela BP em um comunicado, em meio à pressão exercida por um grupo de senadores americanos para que se investigue o suposto papel da empresa na libertação de Al-Megrahi, que cumpria prisão perpétua mas foi solto pelas autoridades escocesas no ano passado por razões humanitárias, já que sofre de câncer.
"Nós estávamos cientes de que isso (a demora) poderia ter um impacto negativo em interesses comerciais britânicos, incluindo a ratificação, pelo governo líbio, de um acordo de exploração (de petróleo) com a BP", diz o texto. "A decisão de libertar Al-Megrahi em agosto de 2009 foi tomada pelo governo escocês. Não cabe à BP comentar sobre a decisão do governo escocês. A BP não esteve envolvida em qualquer discussão com o governo britânico ou o governo escocês sobre a libertação de Al-Megrahi", diz o comunicado.
Pressão
Na quarta-feira, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, disse que vai analisar o pedido de quatro senadores do Partido Democrata (o mesmo do presidente Barack Obama) para que seja investigado o suposto papel da BP na libertação de Al-Megrahi.
Em carta à secretária, os senadores Robert Menendez, Charles Schumer, Frank Lautenberg e Kirsten Gillibrand pediram que o Departamento de Estado investigue relatos publicados pela imprensa de que a BP teria ajudado nos esforços pela libertação de Al-Megrahi para poder acelerar um contrato de exploração de petróleo com a Líbia no valor de US$ 900 milhões (cerca de R$ 1,58 bilhão).
Os senadores também pedem que a petroleira britânica suspenda seus projetos de exploração de petróleo na Líbia até que se esclareça seu papel no episódio. A BP vem sofrendo crescentes críticas e pressão nos Estados Unidos desde o início do vazamento de petróleo no Golfo do México, causado pela explosão de uma plataforma operada pela empresa e considerado o pior desastre ambiental da história americana.
O vazamento começou no fim de abril, após a explosão da plataforma de petróleo Deepwater Horizon, e apesar das diversas tentativas de conter o fluxo de petróleo, permanece sem solução. "Evidências no desastre da Deepwater Horizon parecem sugerir que a BP poderia colocar o lucro acima das pessoas. Sua atenção à segurança foi negligente e ela rotineiramente subestimou a quantidade de petróleo vazando no Golfo", dizem os senadores na carta enviada à secretária.
Segundo os senadores, a investigação seria importante para determinar a legitimidade da decisão de libertar Al-Megrahi e para "compreender a fonte de renda dessa corporação, que deve bilhões de dólares aos contribuintes americanos e às famílias que vivem na costa (do Golfo)".
Fonte: Terra - Imagem: EFE
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