Análise
A Nasa, diz a sabedoria convencional, precisa de metas simples, claras e com prazos definidos. Sua maior conquista, afinal, veio depois de um discurso do presidente John F. Kennedy que, em 1961, deu à agência espacial um mandado cristalino: levar um homem à Lua e trazê-lo de volta em segurança, em menos de dez anos. Dito e feito.
Em seu discurso de ontem, proferido exatamente no centro espacial que leva o nome de seu épico antecessor, o atual presidente, Barack Obama, buscou satisfazer esse critério: astronautas visitarão asteroides a partir de 2025 e chegarão a Marte na década de 2030.
Esses são prazos significativamente mais frouxos que o dado por Kennedy, mas, com eles, Obama espera escapar de parte das críticas feitas ao programa espacial anunciado por seu governo no início do ano, que havia sido considerado, exatamente, vago demais.
O presidente não recuou, porém, na parte mais polêmica: entregar à iniciativa privada a tarefa de garantir o acesso de astronautas americanos à órbita terrestre pelos próximos anos, após a aposentadoria dos ônibus espaciais, ainda em 2010. Seu governo aposta que jovens empresas como a SpaceX - fundada em 2002 por Elon Musk, o criador do serviço de transferência de fundos online Paypal - estarão suficientemente maduras, dentro em breve, para levar seres humanos em segurança ao espaço. Parece arriscado: o primeiro voo espacial tripulado feito totalmente com meios e tecnologia privados, o da SpaceShipOne, ocorreu em 2004 e atingiu uma altitude de 100 km, numa viagem com duração total de 90 minutos. A Estação Espacial Internacional, em comparação, orbita a Terra a uma altitude de mais de 300 km, e o acesso a ela depende de voos que duram mais de 24 horas.
O que o governo espera é que a injeção estratégica de recursos públicos estimule o crescimento dessas novas companhias.
A teoria por trás da decisão de Obama é a de que a terceirização de operações "rotineiras", como o acesso à órbita, liberará recursos para que a Nasa possa investir no envio de astronautas a partes do Sistema Solar onde a iniciativa privada não seria mesmo capaz de chegar por ora, como Marte, e em projetos científicos e ambientais. O monitoramento do aquecimento global, por exemplo, passou a ser prioridade com o novo governo.
Por: Carlos Orsi (O Estado de S.Paulo)
A Nasa, diz a sabedoria convencional, precisa de metas simples, claras e com prazos definidos. Sua maior conquista, afinal, veio depois de um discurso do presidente John F. Kennedy que, em 1961, deu à agência espacial um mandado cristalino: levar um homem à Lua e trazê-lo de volta em segurança, em menos de dez anos. Dito e feito.
Em seu discurso de ontem, proferido exatamente no centro espacial que leva o nome de seu épico antecessor, o atual presidente, Barack Obama, buscou satisfazer esse critério: astronautas visitarão asteroides a partir de 2025 e chegarão a Marte na década de 2030.
Esses são prazos significativamente mais frouxos que o dado por Kennedy, mas, com eles, Obama espera escapar de parte das críticas feitas ao programa espacial anunciado por seu governo no início do ano, que havia sido considerado, exatamente, vago demais.
O presidente não recuou, porém, na parte mais polêmica: entregar à iniciativa privada a tarefa de garantir o acesso de astronautas americanos à órbita terrestre pelos próximos anos, após a aposentadoria dos ônibus espaciais, ainda em 2010. Seu governo aposta que jovens empresas como a SpaceX - fundada em 2002 por Elon Musk, o criador do serviço de transferência de fundos online Paypal - estarão suficientemente maduras, dentro em breve, para levar seres humanos em segurança ao espaço. Parece arriscado: o primeiro voo espacial tripulado feito totalmente com meios e tecnologia privados, o da SpaceShipOne, ocorreu em 2004 e atingiu uma altitude de 100 km, numa viagem com duração total de 90 minutos. A Estação Espacial Internacional, em comparação, orbita a Terra a uma altitude de mais de 300 km, e o acesso a ela depende de voos que duram mais de 24 horas.
O que o governo espera é que a injeção estratégica de recursos públicos estimule o crescimento dessas novas companhias.
A teoria por trás da decisão de Obama é a de que a terceirização de operações "rotineiras", como o acesso à órbita, liberará recursos para que a Nasa possa investir no envio de astronautas a partes do Sistema Solar onde a iniciativa privada não seria mesmo capaz de chegar por ora, como Marte, e em projetos científicos e ambientais. O monitoramento do aquecimento global, por exemplo, passou a ser prioridade com o novo governo.
Por: Carlos Orsi (O Estado de S.Paulo)
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