domingo, 3 de novembro de 2024

O que acontece se um avião tem uma emergência ao sobrevoar um oceano?

Em voos do Brasil para a Europa, aviões estão, no máximo, a duas horas de algum aeroporto
 (Imagem: Divulgação)
Em voos transcontinentais, os aviões precisam sobrevoar por horas o oceano, o que é um dos maiores temores dos passageiros com fobia de voar. Afinal, o que acontece se houver uma emergência?

Mesmo em casos graves, quando um dos motores deixa de funcionar, os aviões têm condições de voar com apenas um motor. O tempo de voo permitido nessas condições depende do modelo do avião e da companhia aérea. Em geral, são três horas, mas alguns aviões podem voar mais de seis horas mesmo com algum problema.

O que pode assustar muitos passageiros é que, em viagens do Brasil para a Europa, os aviões passam muito mais tempo sobre o oceano Atlântico. Em uma viagem de São Paulo a Londres (Reino Unido), por exemplo, das quase 11 horas de voo, o avião chega a passar quase oito horas sobre o oceano.

Mais perto de um aeroporto do que você imagina


No caso de uma emergência na rota entre São Paulo e Londres, o avião está a duas horas de algum aeroporto, no máximo. Em outras rotas sobre outros oceanos, na maioria dos casos o tempo máximo é de até três horas.

Avião chega a passar quase oito horas sobre o oceano em uma viagem
de São Paulo a Londres (Imagem: Reprodução/FligthRadar24)
Os voos deixam o território brasileiro geralmente por Fortaleza. Um aeroporto alternativo no meio do oceano costuma ser o da Ilha do Sal (Cabo Verde). Entre Fortaleza e a Ilha do Sal, a viagem dura cerca de quatro horas. Quando está no meio do caminho, o avião está a duas horas de um dos dois aeroportos, tempo suficiente para um pouso seguro, em caso de pane em um dos motores.

Após passar pela Ilha do Sal, o avião sobrevoa o oceano próximo à costa da África e da Europa, com tempo ainda menor de voo até algum aeroporto.

Cheiro forte é principal causa de pouso de emergência


Apesar de o maior temor dos passageiros ser por uma eventual falha crítica dos sistemas de voo, a maior parte dos pousos de emergência é causada por outros fatores. Segundo levantamento do site Global Incident Map, uma das causas mais comuns para pousos de emergência são odores fortes na cabine e problemas nos banheiros do avião.

Uma situação mais crítica é quando algum passageiro passa mal a bordo. Os comissários prestam os primeiros socorros. Se o passageiro apresenta alguma situação crítica, como infarto ou AVC, por exemplo, o piloto desvia o voo para o aeroporto mais próximo. Sobrevoando o oceano, na pior das hipóteses, o passageiro terá de esperar cerca de duas horas para ser atendido com mais recursos.

Certificação para voar com falha em motor


O Boeing 767 foi o primeiro jato comercial bimotor a receber a certificação que permite estar a mais de uma hora de voo de algum aeroporto. Até então, apenas aviões com três ou quatro motores tinham essa autorização.

O avião, no entanto, demonstrava ser seguro para voar por mais tempo mesmo que houvesse pane em um dos motores. Depois de diversos testes, a FAA (órgão regulador de aviação nos Estados Unidos) autorizou o avião a voar distante até duas horas de algum aeroporto.

Essa nova certificação ganhou o nome de Etops (operações de alcance prolongado com aviões bimotores, na sigla em inglês) e determina o tempo máximo que um avião pode estar longe de algum aeroporto, variando de 120 minutos até 370 minutos. Atualmente, inclui aviões com mais motores e passou a ser chamada apenas de operações de alcance prolongado.

Para receber essa permissão, as fabricantes precisam comprovar quanto tempo o avião consegue voar com apenas um motor. Em um voo de teste de 13 horas entre Seattle (EUA) e Taipei (Taiwan), o Boeing 777-300ER, por exemplo, ficou cinco horas e meia voando com apenas um motor para receber a certificação Etops 330.

Via Vinícius Casagrande (Todos a Bordo/UOL)

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