O capitão do voo é responsável por decidir as refeições de todos os pilotos a bordo (Imagem: yacobchuk/Getty Images/iStockphoto) |
Esqueça pássaros e turbulências: se tem algo que a tripulação de um avião leva a sério é a possibilidade de um "piriri", a popular intoxicação alimentar, em seu time de pilotos.
Uma reportagem do jornal britânico The Telegraph revelou que grandes companhias têm um protocolo rígido a ser seguido para evitar que aqueles que pilotam fiquem doentes e não possam levar as aeronaves ao seu destino em segurança.
Por isso, pilotos usualmente não comem a mesma comida que você, passageiro, ou até que outros colegas de voo.
"O capitão é responsável por garantir que, sempre que possível, os pilotos operando o avião comam diferentes refeições. Se ambos os pilotos pedem o mesmo prato, os comissários devem alertar o capitão, que aprovará ou reprovará o pedido", esclareceu à publicação um porta-voz da companhia Virgin Atlantic.
Um representante da British Airways ainda confirmou que a empresa adota a mesma precaução.
Variedade na alimentação é um elemento-chave na prevenção de incidentes de bordo (Imagem: DeSid/Getty Images/iStockphoto) |
A regra é que aquele no comando dos controles da aeronave não só não repita o prato de seu parceiro de voo, como também não peça outros itens particularmente arriscados do cardápio disponível para os passageiros, como é o caso de opções muito picantes ou temperadas.
Neste caso, aliás, se houver apenas uma opção livre de condimentos fortes, é possível que dois pilotos comam a mesma refeição alternativa — tudo para evitar uma pimentinha mais arriscada.
"Pilotos nos controles devem também fazer suas refeições em horários diferentes", alerta a Virgin. Isto porque, caso ambos os profissionais na cabine de comando tenham comido a mesma coisa, eles não adoecerão ao mesmo tempo. Além disso, se cada um se alimentar em um horário, não há risco de ambos estarem distraídos ao mesmo tempo em caso de emergência.
Além de terem um cardápio à parte em algumas companhias, pilotos podem levar seus próprios lanches (Imagem: Elena Katkova/Getty Images/iStockphoto) |
Todo esse cuidado, segundo o Telegraph, tem origem em um incidente ocorrido em fevereiro de 1975, quando 196 passageiros e um comissário adoeceram a bordo de um voo da Japan Airlines de Tóquio a Paris — tudo por causa de omelete com presunto contaminado com bactéria do gênero estafilococos.
Durante a parada do avião para reabastecer em Copenhague, 143 pessoas foram hospitalizadas. Por sorte, os pilotos não haviam consumido as omeletes porque seus relógios biológicos não estavam alinhados com o café da manhã e pediram bifes para um almoço antecipado.
Com isso, o avião pousou em segurança, mas o cozinheiro responsável pelas refeições acabou tirando a própria vida após o caso.
Em algumas situações, pilotos podem escolher entre opções servidas apenas à classe executiva (Imagem: Hispanolistic/Getty Images) |
"Desde 1975, é prática padrão em aviação que o capitão e o primeiro-oficial não comam a mesma refeição. Esta prática é seguida em todos os voos da Finnair. Em voos longos, nossa tripulação come as mesmas refeições servidas à classe executiva, mas o capitão e o primeiro-oficial têm pratos diferentes. Em voos curtos, em que o serviço de refeições é mais limitado, nossa equipe come refeições exclusivas", explicou a companhia finlandesa ao jornal.
A Virgin ainda elabora um cardápio especial aos tripulantes para oferecer alguma variedade, dada a grande frequência de voos que eles encaram. O menu inclui sanduíches, saladas, pratos quentes com opções carnívoras e vegetarianas, além de petiscos que podem ser fruitas, nozes e castanhas, batatas fritas e chocolate.
A maioria das companhias ainda permite também que seus pilotos e tripulantes levem seus próprios lanches e refeições, o que não só garante variedade como diminui os riscos de sua equipe adoecer inteira ao mesmo tempo.
Via Nossa Viagem/UOL
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