“Continuo dirigindo para achar um local onde liberar o helicóptero Mars, se a área for aprovada como zona de voo. Até agora, há cerca de 70 metros de rastros atrás de mim”.
Essa mensagem, publicada numa conta do Twitter para comunicar os avanços do Perseverance pela superfície de Marte, indica que o pequenino Ingenuity, preso à barriga do rover da NASA, pode estar prestes a voar.
I’ve continued driving to scout a spot where I’ll drop off the Mars Helicopter, if the area gets certified as a flight zone. So far, about 230 feet (70 meters) of wheel tracks behind me.
— NASA's Perseverance Mars Rover (@NASAPersevere) March 8, 2021
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De acordo com os dados de geolocalização do Perseverance, ele agora se encontra numa região dentro da cratera Jezero sem penhascos altos ou outros obstáculos no terreno que possam tornar o voo do Ingenuity mais desafiador do que já é.
O feito, inédito, é esperado com ansiedade não apenas pelo público, que quer ver Marte sob uma perspectiva inédita, como também por uma equipe de pesquisadores do Goddard Space Flight Center, liderados pelo físico de plasma William Farrell.
Estática
Eles aguardam, com expectativa, o que vai acontecer quando o par de asas de mais de um metro do Ingenuity começar a girar a 2.400 rpm, o que deve dar ao pequenino veículo sustentação suficiente na fina atmosfera de Marte.
Farrell e seu grupo estudam as propriedades elétricas da atmosfera de Marte desde os anos 1990, e um dos aspectos centrais é entender se e como elas podem afetar o estabelecimento de futuras colônias humanas no planeta – e nada melhor do que testar os possíveis efeitos danosos em robôs e não, em seres humanos.
Quando o Ingenuity começar a rodar suas hélices, elas cortarão o ar naturalmente empoeirado do planeta, provocando ainda uma nuvem de pó quando começar a subir. A eletricidade pode surgir quando as partículas de poeira começarem a colidir umas com as outras ou mesmo nas pás do helicóptero – nesse último caso, poderá provocar um fenômeno chamado de tribocarregamento (grosso modo, eletricidade estática).
O efeito da eletricidade estática nos pelos de um gato (Foto: Sean McGrath/Reprodução) |
Entardecer
As lâminas que o helicóptero usa para estabilizar seu voo deverão criar um efeito semelhante ao de um pequeno gerador de Van de Graff (equipamento que funciona com base na eletrização por atrito), carregando o corpo do Ingenuity com uma tensão mais alta em comparação com a atmosfera do planeta.
Se na Terra não saem faíscas do seu gato, em Marte pode ser que isso aconteça. A NASA garante, porém, que não existe perigo imediato nem para o Perseverance nem para o Ingenuity; apenas vai gerar dados interessantes sobre o potencial elétrico da atmosfera de Marte que os pesquisadores aguardam há décadas.
Na falta de instrumentos a bordo do pequenino drone, a equipe de Farrell vai observar atentamente, pelos olhos do Perseverance, o momento em que o Ingenuity decolar. Apesar de os pesquisadores terem sugerido que isso acontecesse ao entardecer (quando o fenômeno seria melhor observado), o centro de controle da NASA preferem trabalhar com boa luz e pouco vento.
Demonstrador
O Ingenuity é o primeiro helicóptero robótico projetado para voar em outro planeta. Com apenas dois quilos, ele é, na verdade, um demonstrador de tecnologia, feito para que a JPL avalie a tecnologia para mapeamento de solo extraterrestre e orientação da equipe da Terra (rotas, prevenção de perigos para o rover no solo etc), fornecendo imagens aéreas com maior resolução dez vezes maior que os rovers hoje em solo marciano.
Ele deve voar cinco vezes durante o mês de testes em solo marciano – cada voo deve ter uma duração de três a cinco minutos, alcançando altitudes entre três a dez metros e distâncias de até 300 metros.
Porém, ainda vai levar um tempo até que o Ingenuity seja liberado: a NASA prevê que o Perseverance deve liberar o pequeno helicóptero provavelmente entre os dias 19 de abril e 19 de maio.
Via TecMundo
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