
As missões dos ônibus espaciais, nos primeiros anos de funcionamento, objetivaram colocar sondas e satélites no espaço (incluindo o Telescópio Espacial Hubble); fazer a manutenção do “Hubble”; etc. Nos últimos anos os ônibus espaciais se concentraram em levar suprimentos; astronautas e peças à estação Espacial Internacional.
O primeiro ônibus espacial a atingir o espaço foi o Columbia, lançado em 12 de abril de 1981. De lá pra cá já foram realizadas 132 missões, assim distribuidas: Columbia 28; Challenger 10; Discovery 38; Atlantis 32 e Endeavour 24. Contando com as duas missões futuras, os ônibus espaciais serão aposentados após 134 missões; nem todas bem sucedidas.

A história dos ônibus espaciais foi marcada por duas grandes tragédias. Dos cinco ônibus espaciais construidos (sem contar outros dois de testes, que não tinham capacidade para atingir o espaço), dois se desintegraram na atmosfera, matando todos os seus ocupantes. Em janeiro de 1986, devido a um vazamento de combustível, o Challenger explodiu no ar, pouco mais de um minuto após o seu lançamento e em fevereiro de 2003, devido a uma fissura em uma de suas asas, o Columbia se desintegrou ao reentrar na atmosfera terrestre.
A idéia de um veículo reutilizável; lançado por foguetes; capaz de orbitar nosso planeta como uma aeronave; reentrar na atmosfera e pousar como um avião é bem antiga; anterior mesmo ao programa Apolo e à própria NASA. A NACA (National Advisory Committee for Aeronautics; precursora da NASA) desenvolveu na década de 50 o projeto do X-15, aquele que podemos apontar como o precursor dos ônibus espaciais. O X-15 foi uma aeronave impulsionada por foguetes que no início da década de 60 bateu os recordes mundiais de velocidade e altitude. Treze dos vôos do X-15 atingiram altitude superior a 80 km, sendo que dois deles foram além dos 100 km (o que deu a seus pilotos o status de astronautas).

Acredito que os aprendizados mais importantes que tivemos com o programa dos ônibus espaciais vieram com os erros cometidos. A começar pela concepção de “imensas” naves. Ainda não era a hora. Para os propósitos a que os ônibus espaciais têm se prestado, as pequenas Soyouz russsas têm se mostrado muito mais eficientes, seguras e baratas.
Será que os ônibus espaciais foram desenvolvidos com propósitos também bélicos? Em princípio um ônibus espacial poderia levar armas nucleares ao espaço, manobrar e atingir o inimigo de surpresa. Aparentemente foi essa possibilidade bélica dos ônibus espaciais que levou a antiga União Soviética a desenvolver o seu programa de naves espaciais reutilizáveis.
Poucos se lembram, mas a União Soviética também teve os seus ônibus espaciais. Como uma resposta ao programa dos ônibus espaciais norte americanos, o governo Soviético, em 1976, determinou o desenvolvimento de um projeto semelhante. Foram dois os ônibus espaciais construídos por eles: O Buran (nevasca em russo) e o Ptichka (ave pequena).
O Buran foi ao espaço apenas duas vezes. Em abril de 1983 ele realizou um vôo suborbital e em novembro de 1988 completou duas órbitas em torno da Terra, chegando à altitude de 256 km. Nesses vôos o Buran foi controlado remotamente, uma vez que o sistema de sustentação da nave ainda não havia sido testado e temia-se uma tragédia semelhante à que havia acontecido recentemente com o Challenger. Apesar de não tripulado o desempenho do Buran foi um grande sucesso, trazendo otimismo ao pessoal envolvido com o programa espacial soviético.

O segundo ônibus espacial construído pela União Soviética não chegou a ser concluído. De concepção semelhante ao Buran, o Pitichka teve a sua construção iniciada em 1988, com previsão de um primeiro vôo à Estação Espacial Mir em 1992; voo este que nunca aconteceu.
O programa dos ônibus espaciais soviéticos foi cancelado oficialmente em 1993, mas já não contava com liberação de verbas para o seu desenvolvimento desde 1991, com o fim da União Soviética.
Fonte: Renato Las Casas/Olhar longe (Colunista do Portal Uai)
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