Em novembro de 2002, Abu Ali al-Harithi, figura importante da Al-Qaeda, foi morto com um míssil disparado de um avião, que atingiu o carro onde estava, no Iêmen. O caso seria um episódio como vários outros da chamada guerra contra o terror, se não fosse um detalhe: o avião que matou o terrorista não levava pilotos, e era controlado de uma base a 160 quilômetros do local. O que causou espanto na época hoje é tendência, perseguida também pelo Brasil, que desenvolve seu próprio projeto.
VANT VT15 foi desenvolvido em dois anos e precisa de uma pista de apenas 200 metros para levantar voo
Desde a década de 80, o uso de aviões não-tripulados por militares se tornou cada vez mais comum e é hoje considerado um dos principais componentes da chamada “guerra do futuro”. Para se ter uma ideia, em 2009, pela primeira vez, as Forças Armadas americanas compraram mais aviões não-tripulados do que convencionais.
Em parceria com uma empresa de São Paulo, as Forças Armadas brasileiras já desenvolveram com sucesso um primeiro modelo próprio de avião não-tripulado que não tem capacidade de ataque, mas está pronto para o reconhecimento e busca de alvos. É provável que uma de suas primeiras aplicações seja observar as fronteiras. “No futuro, este projeto pode ajudar até na segurança pública”, diz o chefe do Centro de Tecnologia do Exército, general Augusto Heleno.
O Vant (Veículo Aéreo Não-tripulado) VT-15 percorre até 15 quilômetros da estação de controle e atinge altitude de até 3 mil metros, por uma hora. Ele precisa de uma pista de apenas 200 metros para decolar e volta para a base caso perca o contato.
Praticamente concluído após dois anos e com 2,80 m de comprimento por 4,07 m de envergadura, o Vant brasileiro é jovem e pequeno, mas representa um passo gigante na direção do desenvolvimento tecnológico do nosso Exército.
Imagens em tempo real
Munido de uma câmera, o Vant VT15 pode ser controlado a distância por um operador com o uso de um joystick ou seguindo uma rota predeterminada por computador. “Vídeo ou fotografias são transmitidas em tempo real para a estação de solo e são utilizados para o cumprimento de missões, como reconhecimento e vigilância em tempo real, podendo ser, também, armazenadas”, explica o major Ademir Rodrigues Pereira.
Uma nova versão do Vant já está sendo projetada. A meta é que ele chegue a 70 quilômetros da base.
EUA e Israel são especializados no setor
A tecnologia dos aviões não-tripulados, sejam eles usados para combate ou não, é dominada pelos Estados Unidos e por Israel, embora países como Inglaterra e França também desenvolvam modelos.
Entre os projetos mais conhecidos está o americano Predator, usado em missões de ataque no Afeganistão e no Iraque. Pode ser controlado de bases do próprio território americano. Atualmente, os Estados Unidos já contam com 500 duplas de operadores.
Outro modelo bastante famoso é o israelense Heron, adquirido por leasing recentemente pela Polícia Federal. Na última ofensiva israelense na Faixa de Gaza, entre dezembro do ano passado e janeiro, os aviões não-tripulados foram usados em larga escala por Israel para atacar alvos, segundo testemunhas e observadores internacionais.
Os veículos aéreos não-tripulados impressionam cada vez mais pela variedade de atributos. Um modelo que acaba de ser encomendado pelo Ministério da Defesa britânico será invisível aos radares e capaz de “parar no ar”, como um helicóptero, ou voar mais horizontalmente, como um avião convencional.
Fonte: João Ricardo Gonçalves (O Dia Online) - Imagem: Divulgação
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