Enquanto equipes de resgate buscam pela caixa-preta e por corpos de pessoas que estavam a bordo do voo da Yemenia que caiu no Oceano Índico nesta semana, a história de Bahia Bakari, a adolescente que foi a única a ter escapado com vida da tragédia, faz recordar outras histórias de quem viveu proeza semelhante.
Os feitos inacreditáveis incluem o de Vesna Voluvic, a aeromoça sérvia que estava em um avião que explodiu sobre a então Tchecoslováquia em um suposto atentado terrorista em janeiro de 1972.
Vesna, que recebeu posteriormente um prêmio da organização Guinness World Records pela "mais alta queda do espaço sem paraquedas", despencou de mais de 10 mil metros de altitude junto com uma parte da fuselagem do avião, para cair nos montes nevados da hoje República Checa.
Apesar dos ferimentos sérios, que incluíram duas pernas quebradas, a sobrevivente diz que uma conveniente perda de memória a poupou dos horrores do trauma pós-acidente: "Até hoje gosto de viajar e não tenho medo de voar", afirmou.
Semanas antes, na véspera do Natal de 1971, um avião de passageiros também explodiu depois de ser atingido por um raio sobre a Amazônia peruana. Todos morreram, à exceção da garota de 17 anos Juliane Koepcke, que caiu de uma altitude de cerca de 3 mil metros ainda abotoada ao seu assento.
Acredita-se que os fortes ventos que sopravam de baixo para cima suavizaram a queda, fazendo o assento descer em espiral e não em queda livre. A adolescente alemã passou 11 dias vagando na selva, sem comida, em busca de civilização.
História semelhante é a de George Lamson Jr, que tinha 17 anos quando sobreviveu à queda do Lockheed L-188 Electra da Galaxy Airlines, que matou as outras 70 pessoas a bordo em janeiro de 1985.
Lamson Jr também foi lançado ainda atado à sua cadeira quando a aeronave caiu logo após decolar do aeroporto de Reno, em Nevada, explodindo em seguida. Outros dois passageiros sobreviveram ao impacto inicial, mas morreram dias depois.
As histórias de sobreviventes nestas circunstâncias incluem a de uma garota de quatro anos que escapou da queda do voo 255 da Northwest Airlines em agosto de 1987. Mais de 150 pessoas morreram no acidente, segundo os organizadores de um memorial pelas vítimas da catástrofe.
Jovens e adultos
Os relatos levantam debates sobre como elevar as chances de sobrevivência em caso de acidente aéreo, e até se crianças e jovens têm mais chances de escapar de um acidente que um adulto.
Lembrando outros casos de jovens que escaparam de um desastre aéreo, a BBC perguntou a especialistas se a idade pode aumentar ou diminuir as chances de sobrevivência.
"Um adulto cuja cabeça se eleva acima do encosto da cadeira e as pernas no chão tem mais chances de receber algum tipo de golpe em virtude de destroços sendo lançados na cabine. Você está mais propenso a quebrar algum membro", disse o professor da Universidade de Greenwich Ed Galea.
"Um jovem em sua própria poltrona pode estar mais ou menos protegido e menos suscetível a receber ferimentos corporais. Eles estão mais ou menos protegidos em um ambiente sólido e rígido", afirmou.
Entretanto, ele evitou aplicar o raciocínio ao caso de Baya, afirmando que não há aparentemente razões fisiológicas que justifiquem uma criança ter mais chances de sobrevivência que um adulto.
Em 1995, uma garota de nove anos foi a única sobrevivente da explosão em pleno ar de um avião na Colômbia.
Dois anos depois, um garoto tailandês escapou de um acidente que matou 65 pessoas durante um voo da Vietnam Airlines.
Em 2003, um menino de três anos foi o único sobrevivente de um acidente aéreo no Sudão que matou 116 pessoas.
Dicas de sobrevivência
Em uma série de reportagens especiais sobre o tema, veiculada em 2006, a BBC pediu a especialistas que dessem dicas de como sobreviver a um acidente aéreo.
Autor de uma base de dados com relatos de 2 mil sobreviventes, o professor Ed Galea disse à época que a sobrevivência "não é uma questão de destino".
"Há coisas que você pode fazer para melhorar suas chances de sobreviver", afirmou. Uma delas é se familiarizar com as saídas de emergência do avião e com a melhor maneira de desabotoar o cinto de segurança. Ed Galea disse que, surpreendentemente, muitos passageiros tendem a tentar se livrar do cinto apertando-o, como se fosse de um carro.
Já o especialista Tom Barth, da AmSafe Aviation, disse que praticar a posição de emergência, na qual o passageiro abraça as próprias pernas ou se recosta na poltrona da frente, pode fazer diferença.
"O mais importante é abaixar o torso superior o mais que puder, limitando o efeito das forças de impacto", disse Tom Barth. "A posição de emergência é a que oferece melhor chance de sobrevivência em um acidente aéreo, porque evita que o passageiro seja lançado de um lado para o outro."
Segundo o especial, embora muitos acreditem que suas chances de sobreviver a um impacto aéreo são praticamente nulas, a realidade conta uma história mais otimista. Mais de 90% dos acidentes aéreos têm sobreviventes hoje em dia, graças aos avanços tecnológicos e no conhecimento desses episódios.
Apenas nos Estados Unidos, afirmou a série, entre 1983 e 2000 foram registrados 568 acidentes. Das 53.487 pessoas a bordo, 51.207 sobreviveram.
Fonte: BBC Brasil via O Globo
Os feitos inacreditáveis incluem o de Vesna Voluvic, a aeromoça sérvia que estava em um avião que explodiu sobre a então Tchecoslováquia em um suposto atentado terrorista em janeiro de 1972.
Vesna, que recebeu posteriormente um prêmio da organização Guinness World Records pela "mais alta queda do espaço sem paraquedas", despencou de mais de 10 mil metros de altitude junto com uma parte da fuselagem do avião, para cair nos montes nevados da hoje República Checa.
Apesar dos ferimentos sérios, que incluíram duas pernas quebradas, a sobrevivente diz que uma conveniente perda de memória a poupou dos horrores do trauma pós-acidente: "Até hoje gosto de viajar e não tenho medo de voar", afirmou.
Semanas antes, na véspera do Natal de 1971, um avião de passageiros também explodiu depois de ser atingido por um raio sobre a Amazônia peruana. Todos morreram, à exceção da garota de 17 anos Juliane Koepcke, que caiu de uma altitude de cerca de 3 mil metros ainda abotoada ao seu assento.
Acredita-se que os fortes ventos que sopravam de baixo para cima suavizaram a queda, fazendo o assento descer em espiral e não em queda livre. A adolescente alemã passou 11 dias vagando na selva, sem comida, em busca de civilização.
História semelhante é a de George Lamson Jr, que tinha 17 anos quando sobreviveu à queda do Lockheed L-188 Electra da Galaxy Airlines, que matou as outras 70 pessoas a bordo em janeiro de 1985.
Lamson Jr também foi lançado ainda atado à sua cadeira quando a aeronave caiu logo após decolar do aeroporto de Reno, em Nevada, explodindo em seguida. Outros dois passageiros sobreviveram ao impacto inicial, mas morreram dias depois.
As histórias de sobreviventes nestas circunstâncias incluem a de uma garota de quatro anos que escapou da queda do voo 255 da Northwest Airlines em agosto de 1987. Mais de 150 pessoas morreram no acidente, segundo os organizadores de um memorial pelas vítimas da catástrofe.
Jovens e adultos
Os relatos levantam debates sobre como elevar as chances de sobrevivência em caso de acidente aéreo, e até se crianças e jovens têm mais chances de escapar de um acidente que um adulto.
Lembrando outros casos de jovens que escaparam de um desastre aéreo, a BBC perguntou a especialistas se a idade pode aumentar ou diminuir as chances de sobrevivência.
"Um adulto cuja cabeça se eleva acima do encosto da cadeira e as pernas no chão tem mais chances de receber algum tipo de golpe em virtude de destroços sendo lançados na cabine. Você está mais propenso a quebrar algum membro", disse o professor da Universidade de Greenwich Ed Galea.
"Um jovem em sua própria poltrona pode estar mais ou menos protegido e menos suscetível a receber ferimentos corporais. Eles estão mais ou menos protegidos em um ambiente sólido e rígido", afirmou.
Entretanto, ele evitou aplicar o raciocínio ao caso de Baya, afirmando que não há aparentemente razões fisiológicas que justifiquem uma criança ter mais chances de sobrevivência que um adulto.
Em 1995, uma garota de nove anos foi a única sobrevivente da explosão em pleno ar de um avião na Colômbia.
Dois anos depois, um garoto tailandês escapou de um acidente que matou 65 pessoas durante um voo da Vietnam Airlines.
Em 2003, um menino de três anos foi o único sobrevivente de um acidente aéreo no Sudão que matou 116 pessoas.
Dicas de sobrevivência
Em uma série de reportagens especiais sobre o tema, veiculada em 2006, a BBC pediu a especialistas que dessem dicas de como sobreviver a um acidente aéreo.
Autor de uma base de dados com relatos de 2 mil sobreviventes, o professor Ed Galea disse à época que a sobrevivência "não é uma questão de destino".
"Há coisas que você pode fazer para melhorar suas chances de sobreviver", afirmou. Uma delas é se familiarizar com as saídas de emergência do avião e com a melhor maneira de desabotoar o cinto de segurança. Ed Galea disse que, surpreendentemente, muitos passageiros tendem a tentar se livrar do cinto apertando-o, como se fosse de um carro.
Já o especialista Tom Barth, da AmSafe Aviation, disse que praticar a posição de emergência, na qual o passageiro abraça as próprias pernas ou se recosta na poltrona da frente, pode fazer diferença.
"O mais importante é abaixar o torso superior o mais que puder, limitando o efeito das forças de impacto", disse Tom Barth. "A posição de emergência é a que oferece melhor chance de sobrevivência em um acidente aéreo, porque evita que o passageiro seja lançado de um lado para o outro."
Segundo o especial, embora muitos acreditem que suas chances de sobreviver a um impacto aéreo são praticamente nulas, a realidade conta uma história mais otimista. Mais de 90% dos acidentes aéreos têm sobreviventes hoje em dia, graças aos avanços tecnológicos e no conhecimento desses episódios.
Apenas nos Estados Unidos, afirmou a série, entre 1983 e 2000 foram registrados 568 acidentes. Das 53.487 pessoas a bordo, 51.207 sobreviveram.
Fonte: BBC Brasil via O Globo
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