Converter um parte de um avião num elegante e resistente escritório residencial foi um projeto pessoal em 2021, mas depois da cunhada ter colocado fotos da cabine nas redes sociais, receberam uma chuva de pedidos e as coisas começaram a evoluir.
“Não fazia de todo parte dos nossos planos vendê-los”, diz Kevin Regan ao telefone, vindo do noroeste da Irlanda.
Hoje em dia, Regan e o seu parceiro de negócios Shane Thornton, ambos construtores civis, iniciaram a sua própria empresa chamada Aeropod, em que reciclam aviões comerciais e constroem escritórios, cápsulas de glamping e acomodações com tudo o que é preciso.
Até agora só gastaram 100 euros em publicidade (a empresa ainda é “novinha em folha!”, diz Regan), mas já venderam 11 cápsulas, estão a preparar-se para venderem mais e enviá-las para onde os clientes quiserem.
Esta cápsula era previamente um avião IndiGo, uma companhia aérea indiana lowcost |
Os aviões são construídos para durar. São resistentes, com um isolamento espesso, e feitos de ligas de alumínio rígidas. E, com a estimativa de que cerca de quinze mil aviões vão reformar-se nos próximos 20 anos, há um fornecimento consistente para poderem ser reciclados e desmantelados.
“Estavam em fim de vida útil e, consequentemente, as suas peças são repartidas e vendidas pelo mundo fora”, diz Regan.
O primeiro avião com que trabalharam foi um Airbus A320 da companhia aérea IndiGo, fornecido a partir do aeroporto de Cardiff, no País de Gales. Demorou cerca de quatro meses a ajustar a cápsula inicial para chegar ao design refinado que eles queriam.
As cápsulas estão disponíveis em tamanhos personalizados, desde uma pequena com apenas três janelas até uma grande e espaçosa de 10 janelas com um quarto, uma suíte e uma kitchenette.
As cabines de armazenamento das malas do avião são removidas, mas as cortinas das janelas continuam tal e qual como antes, e “tudo o resto, incluindo o chão, é do avião original”, conta Regan.
As paredes internas e o chão são totalmente isoladas. Os quartos podem ser equipados com entradas USB, iluminação LED e aquecedores. As portas de vidro, especialmente criadas para encaixar num A320, são de vidro duplo e isoladas para uso durante o ano inteiro.
“Podemos entregá-la e está pronta para ser usada. Assim que o cliente tiver uma base,” diz Regan. “O seu escritório está pronto”. As cápsulas são pré-fabricadas e têm um sistema de elevação incorporado, para que, se for necessário haver uma deslocação, a cápsula também se move.
Regan salienta que as cápsulas de avião recicladas têm como benefício serem unidades autónomas de longa duração. “É tão agradável como uma casa”, diz ele. “Não há manutenção, só lavagem. Há alguns clientes que dizem que vão encobri-las com capas, tal como se faz com os carros, mas não é necessário”.
Os preços começam à volta de 20 mil euros e vão até cerca de 37.000 euros para as personalizações mais elaboradas. Ainda é só o início para a Aeropod, mas eles têm esperança de talvez expandir as suas operações para Inglaterra e estão abertos a comissões de qualquer parte do mundo. “Podemos entregá-las em qualquer lugar. Não há limites quanto a isso.”
Shane Thornton e Kevin Regan dentro de uma das suas criações |
A Aeropod não é a única empresa a reutilizar estes aviões reciclados. Um jato descomissionado da British Airways voltou a ser utilizado como um “avião de festa” com o custo de 1.180 euros por hora de aluguer, no aeroporto inglês de Cotswold.
O aeroporto de Cotswold é onde a companhia galesa Aerfin realiza operações de desmontagem em aviões em fim de vida. Até 90% de um avião descontinuado pode ser reutilizado ou reciclado. No ano passado, Simon Bayliss, o diretor de operações do projeto, mostrou à CNN todo o processo.
Os restos podem ser transformados em qualquer coisa, desde centros de treino de cães a restaurantes e simuladores de aeronaves.
Aproveitar os restos não é uma abordagem que pertence apenas à cozinha.
Via CNN (Portugal) - Fotos: Divulgação/Aeropod
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