A idéia dos foguetes espaciais foi cientificamente concebida pelos físicos russo Konstantin Eduard Ziolkowski (1857-1935) e norte-americano Robert Hutschings Goddard (1882-1945). No dia 16 de março de 1926, Goddard lançou o primeiro foguete movido a gasolina e oxigênio líquido. Cinco anos mais tarde, no dia 13 de março de 1931, o engenheiro alemão Reinhold Tiling conseguiu patentear uma tecnologia mais tarde redescoberta pela austronáutica: o foguete reutilizável, movido a propelente sólido.
O combustível sólido utilizado por Tiling era uma mistura de perclorato de amônio oxidante com pó de alumínio, que reage a temperaturas de 2000 a 3000ºC. É o tipo de explosivo usado para a propulsão controlada de corpos sólidos, como, por exemplo, os foguetes espaciais empregados no lançamento de satélites. Depois de realizarem seu trabalho, esses foguetes acabam na montanha de lixo espacial, o que já preocupa os pesquisadores.
Reinhold Tiling era um visionário. Seu foguete lançado no dia 31 de março de 1931 atingiu uma altura de quase 300 metros, quando então abriu suas asas para aterrissar suavemente. O engenheiro planejava realizar, via foguete, os serviços de correio entre o continente e as ilhas da Frísia Oriental, no norte da Alemanha.
Morte em explosão
Seus experimentos corriam tão bem que ele já planejava um foguete reutilizável para a pesquisa meteorológica. Mas antes de concretizar esse projeto, Tiling e seus dois funcionários morreram em conseqüência de queimaduras sofridas numa explosão, enquanto preparavam a exibição de novos foguetes.
Com Tiling, a jovem geração de pesquisadores de foguetes e viagens espaciais perdeu um dos grandes entusiastas da reciclagem de equipamentos nesse setor. Os foguetes descartáveis, desenvolvidos pelos Estados Unidos e a União Soviética, a partir de 1945, baseiam-se, principalmente, na tecnologia militar da Segunda Guerra Mundial e, nas últimas décadas, vêm colocando em risco as próprias viagens espaciais.
Em outubro de 1998, uma empresa norte-americana construiu um protótipo de foguete reutilizável. Após o lançamento de um satélite, ele pode retornar em duas partes intactas para a Terra. A aterrissagem se deu com a ajuda de pára-quedas e câmaras de ar. Depois, o foguete seria remontado até 100 vezes para novos lançamentos. Certamente, Reinold Tiling, em 1931, não pensou no lixo espacial, mas é dele a idéia de uma astronáutica que preserve o espaço sideral a longo prazo.
Ônibus espacial Endeavour, exemplo de reaproveitamento de espaçonaves
Fonte: Judith Hartl (Deutsche Welle)