As causas do incidente com o voo 3717 da TAM, que precisou fazer uma manobra brusca para evitar a colisão com outra aeronave, ainda serão investigadas. Especialistas em aviação ouvidos pelo iG apontam duas possibilidades com maior probabilidade: uma das aeronaves voava fora da sua rota definida ou o equipamento de bordo apontou para uma projeção de choque, que, provavelmente, não aconteceria porque a rota deveria ser corrigida em instantes.
O Airbus 320 da TAM operava na rota Brasília-São Paulo e se aproximava do aeroporto de Congonhas quando foi informado da aproximação de outra aeronave. A ordem veio de um equipamento chamado TCAS (Traffic Collision Avoidance System), que capta informações de aeronaves que voam nas proximidades e aponta sua projeção de rota. Neste caso, a projeção apontava para uma colisão. Para evitar o choque, o avião fez uma descida brusca, que assustou os passageiros.
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“A maior probabilidade é que alguma das aeronaves estava no lugar errado ou foi orientada a ficar no lugar errado”, afirma o brigadeiro Mauro Gandra, ex-ministro da Aeronáutica. Para ele, a possibilidade de falha no controle de tráfego aéreo da região é mínima, já que se trata de uma área próxima ao aeroporto de Congonhas, para onde convergem diversas rotas.
O diretor técnico do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (Snea), Ronaldo Jenkins, concorda. Ele acrescenta ainda uma possibilidade: o TCAS pode ter apontado para uma projeção de colisão que não aconteceria, pois se tratava de uma direção provisória de uma das aeronaves. Isso poderia ter acontecido se uma aeronave estivesse subindo, mas, planejasse interromper a direção e estabilizar seu voo, enquanto outra se mantinha em linha reta, exemplifica Jenkins. “O equipamento aponta para uma projeção de colisão, que não quer dizer necessariamente que haverá uma colisão.”
Ambos descartam a possibilidade de o equipamento ter errado ao apontar para a aproximação de uma aeronave ou de ter detectado um avião inexistente.
Independente da causa, tanto Jenkins quanto Gandra concordam que a atitude do piloto foi a correta. “Ele deve fazer o que o TCAS mandar”, dizem os especialistas. Leia o comunicado da TAM sobre o assunto.
A aeronave que estava na rota da TAM era um avião particular, do modelo Bandeirantes, da Embraer, informa o colunista Guilherme Barros. Procurado por telefone, o Departamento de Controle do Espaço Aérea (Decea), que identificaria o outro avião em rota de colisão, não atendeu as ligações no fim do dia.
Similaridade com acidente da Gol em 2006
A situação lembrou a falha ocorrida durante o voo 1907 da Gol, que culminou com a colisão da aeronave com o jato Legacy, em 2006. Neste caso, o Transponder, equipamento que emite as informações sobre a localização e rota das aeronaves, estava desligado. Assim, o TCAS do Boing da Gol não conseguiu prever o choque.
O procedimento em caso de acidentes ou incidentes aéreos é a abertura de um processo de investigação no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão vinculado ao Ministério da Defesa. A Força Aérea Brasileira informou, em nota, que as investigações já começaram. O objetivo não é punir os culpados, mas verificar as falhas e, se necessário, criar novas orientações para os pilotos de todas as companhias aéreas.
Quase-colisão é comum nos Estados Unidos
O incidente com o voo da TAM é comum nos Estados Unidos, onde o espaço aéreo concentra maior número de rotas, afirmam Jenkins e Gandra. O fenômeno é chamado de “near-miss collision” ou quase-colisão, em português, mas não provoca uma insegurança nos voos e nem deve limitar a expansão do tráfego aéreo, segundo os especialistas.
“A gravidade não depende do fato, mas da reação do piloto”, afirma Grandra. “É justamente por isso que as aeronaves são equipadas com o TCAS e com o Transponder. Se as orientações forem seguidas, as colisões serão evitadas”, completa Jenkins.
Fonte: Marina Gazzoni (iG)