O garoto considerado o único sobrevivente do acidente que deixou 104 mortos - 93 passageiros, em sua maioria turistas da Holanda, e 11 tripulantes - no aeroporto de Trípoli, na Líbia, está internado em um hospital na capital líbia.
O avião, do voo 771 da companhia líbia Afriqiyah, vinha de Johanesburgo, na África do Sul, e caiu quando se aproximava da pista para pousar. Segundo o ministro líbio dos Transportes, Mohammed Zidan, pelo menos 96 corpos já foram recuperados.
Um porta-voz do Clube de Turismo Real Holandês disse que 61 dos mortos eram membros de dois grupos turísticos da Holanda que retornavam a África do Sul. Ad Meijer, porta-voz do ministro de Relações Exteriores da Holanda, Maxime Verhagen, disse que a embaixada ainda não verificou seu todos os turistas eram cidadãos holandeses, incluindo o garoto, cuja idade ainda não foi confirmada. Informações prévias indicavam que ele teria entre 8 e 10 anos.
O milagre de o garoto ter sobrevivido faz recordar histórias semelhantes em outros acidentes aéreos. O mais recente é o caso da adolescente Bahia Bakari, que escapou com vida da queda de um avião, em julho do ano passado, no Oceano Índico, que deixou 152 mortos.
Bahia, que mal sabia nadar, segurou-se nos destroços que flutuavam na água por mais de 12 horas antes de ser avistada por equipes de resgate no mar. O avião caiu quando tentava pousar no arquipélago de Comores.
"Estou dividido entre alívio e tristeza. Estou feliz por ver minha filha, mas sua mãe não voltou", disse o pai de Bahia, Bakari Kassim, em Paris, pouco depois de receber a filha em seu retorno de Comores. Médicos locais ficaram impressionados com o fato de ela ter sobrevividos com apenas alguns cortes, arranhões e uma clavícula quebrada.
Outros feitos
Outros casos inacreditáveis incluem o de Vesna Voluvic, uma aeromoça sérvia que estava em um avião que explodiu sobre a então Checoslováquia em um suposto atentado terrorista em janeiro de 1972.
Vesna, que recebeu posteriormente um prêmio da organização Guinness World Records pela "mais alta queda do espaço sem paraquedas", despencou de mais de 10 mil metros de altitude junto com uma parte da fuselagem do avião, para cair nos montes nevados da atual República Checa.
Apesar dos ferimentos sérios, que incluíram duas pernas quebradas, a sobrevivente diz que uma conveniente perda de memória a poupou dos horrores do trauma pós-acidente: "Até hoje gosto de viajar e não tenho medo de voar", afirmou.
Semanas antes, na véspera do Natal de 1971, um avião de passageiros também explodiu depois de ser atingido por um raio sobre a Amazônia peruana. Todos morreram, à exceção da garota de 17 anos Juliane Koepcke, que caiu de uma altitude de cerca de 3 mil metros ainda abotoada ao seu assento.
Acredita-se que os fortes ventos que sopravam de baixo para cima suavizaram a queda, fazendo o assento descer em espiral e não em queda livre. A adolescente alemã passou 11 dias vagando na selva, sem comida, em busca de civilização.
História semelhante é a de George Lamson Jr., que tinha 17 anos quando sobreviveu à queda do Lockheed L-188 Electra da Galaxy Airlines, que matou as outras 70 pessoas a bordo em janeiro de 1985.
Lamson Jr. também foi lançado ainda atado à sua cadeira quando a aeronave caiu logo após decolar do aeroporto de Reno, em Nevada, explodindo em seguida. Outros dois passageiros sobreviveram ao impacto inicial, mas morreram dias depois.
As histórias de sobreviventes nessas circunstâncias incluem a de uma garota de quatro anos que escapou da queda do voo 255 da Northwest Airlines em agosto de 1987. Mais de 150 pessoas morreram no acidente, segundo os organizadores de um memorial pelas vítimas da catástrofe.
Em 1995, uma garota de nove anos foi a única sobrevivente da explosão em pleno ar de um avião na Colômbia. Dois anos depois, um garoto tailandês escapou de um acidente que matou 65 pessoas durante um voo da Vietnam Airlines. Em 2003, um menino de três anos foi o único sobrevivente de um acidente aéreo no Sudão que matou 116 pessoas.
Fonte: iG (com New York Times, BBC e Reuters) - Fotos: Reuters / Getty