O diretor do Escritório de Investigação e Análises da França (BEA, na sigla em francês), Jean-Paul Trouadec, afirmou nesta quinta-feira, em entrevista coletiva, que a hipótese de erro humano no acidente com o voo 447 da Air France ainda não é levada em conta pelo órgão. Nesta manhã, o BEA divulgou um relatório afirmando que ainda desconhece as causas do acidente. Uma falha nas sondas pitot - responsáveis pela medição da velocidade da aeronave - pode ter contribuído com a queda do Airbus A330, que transportava 228 pessoas, mas não é a única causa, segundo o relatório.
"No momento, não trabalhamos com essa hipótese (de falha humana)", afirmou o diretor do BEA, Jean-Paul Trouadec, antes de dizer que "nada está descartado". O Airbus A330 caiu no fim da noite do dia 31 de maio (horário de Brasília) depois de partir do Rio de Janeiro com destino a Paris, na França.
As conclusões do relatório do BEA se baseiam nas informações enviadas automaticamente pelo sistema do A330 à sede da Air France - as chamadas mensagens Acars. Segundo o escritório, a primeira mensagem é "ligada a um problema de velocidade foi enviada às 2h10, ao mesmo tempo em que foi enviada a última mensagem de posição" da aeronave.
Apesar de apontar que as sondas Pitot são um dos fatores da queda, o relatório do BEA esclarece que este tipo de problema foi encontrado em diversos outros voos de longa distância. O problema seria tão frequente que os pilotos nem mesmo informavam as companhias aéreas sobre incidentes de incoerência na medida de velocidade dos aviões.
Após cinco meses de investigações dos destroços encontrados no Oceano Atlântico durante os primeiros trabalhos de buscas, o BEA também concluiu que o Airbus A330 "bateu violentamente na superfície da água, com o nariz ligeiramente levantado e não apresentando inclinação". O relatório também informa que o avião estava pressurizado e "intacto no momento do impacto (...), com as asas em posição de cruzeiro".
"Essas são as únicas informações que temos até o momento. Hoje, o acidente continua inexplicável", afirmou Trocard, durante entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira. Para os especialistas do BEA, somente as caixas-pretas poderão revelar o que realmente aconteceu com o voo AF 447. "Nós já tiramos todas as informações que podíamos tirar dos destroços encontrados", disse Allan Boullard, responsável pelas investigações sobre o acidente, ao anunciar uma nova fase de buscas.
Essa nova fase, a terceira, deve começar em fevereiro de 2010, após o resultado de uma licitação internacional para escolher a empresa que será responsável pelos trabalhos. "A operação vai durar três meses", disse Trocard. O perímetro das buscas deve ser decidido após o resultado de cálculos sobre as correntes marinhas na região, que poderiam ter deslocado o avião do lugar onde aconteceu a tragédia.
"Será uma grande operação", disse Allan Bouillard, responsável pelas investigações do acidente, acrescentando que a terceira fase de buscas custará 10 milhões de euros.
Além de confirmar algumas suspeitas sobre a queda do AF 447, o BEA também fez duas recomendações às companhias aéreas para evitar futuros acidentes. A primeira delas pede uma melhora nos "equipamentos de localização dos aviões e a coleta de dados gravados para a análise dos acidentes aéreos, quando esses se produzam no mar". A segunda diz respeito a questões meteorológicas e visa "tipificar melhor a composição das massas nebulosas de grande altitude nas quais navegam os aviões de longa distância".
Para o Sindicato de Pilotos da Air France (SPAF), as recomendações não bastam. "Estamos decepcionados. As recomendações são fracas", afirmou, Gérard Arnoux, presidente do sindicato, em entrevista ao Terra. "Nós queremos um sistema como ADS-B (Automatic Dependent Surveillance - Broadcast), que já é utilizado no oceano Pacífico e permite que haja comunicação entre comando aéreo e piloto em zonas sem cobertura de radar", disse, ao lembrar o "buraco negro" existente nos radares em alguns pontos do oceano Atlântico.
O sindicato também exige recomendações para que a tripulação receba mapas das condições climáticas feitos por satélite, que, segundo Arnoux, "são os únicos que funcionam".
Entre os familiares de vítimas, que foram recebidos pelos responsáveis pela investigação nesta manhã, o relatório foi recebido com um misto de alívio e preocupação. "Finalmente o BEA nos mostra mais transparência", afirmou John Clemes, vice-presidente da associação Entraide e Solidarité AF 447, composta por familiares e amigos das vítimas. "O problema, é que as recomendações irão demorar a ser adotadas. Nós deploramos a falta de recomendações imediatas, que poderiam evitar novos acidentes", disse Clemes, que perdeu o irmão na queda do AF 447.
Fonte: Mario Camera (Terra)
"No momento, não trabalhamos com essa hipótese (de falha humana)", afirmou o diretor do BEA, Jean-Paul Trouadec, antes de dizer que "nada está descartado". O Airbus A330 caiu no fim da noite do dia 31 de maio (horário de Brasília) depois de partir do Rio de Janeiro com destino a Paris, na França.
As conclusões do relatório do BEA se baseiam nas informações enviadas automaticamente pelo sistema do A330 à sede da Air France - as chamadas mensagens Acars. Segundo o escritório, a primeira mensagem é "ligada a um problema de velocidade foi enviada às 2h10, ao mesmo tempo em que foi enviada a última mensagem de posição" da aeronave.
Apesar de apontar que as sondas Pitot são um dos fatores da queda, o relatório do BEA esclarece que este tipo de problema foi encontrado em diversos outros voos de longa distância. O problema seria tão frequente que os pilotos nem mesmo informavam as companhias aéreas sobre incidentes de incoerência na medida de velocidade dos aviões.
Após cinco meses de investigações dos destroços encontrados no Oceano Atlântico durante os primeiros trabalhos de buscas, o BEA também concluiu que o Airbus A330 "bateu violentamente na superfície da água, com o nariz ligeiramente levantado e não apresentando inclinação". O relatório também informa que o avião estava pressurizado e "intacto no momento do impacto (...), com as asas em posição de cruzeiro".
"Essas são as únicas informações que temos até o momento. Hoje, o acidente continua inexplicável", afirmou Trocard, durante entrevista coletiva na tarde desta quinta-feira. Para os especialistas do BEA, somente as caixas-pretas poderão revelar o que realmente aconteceu com o voo AF 447. "Nós já tiramos todas as informações que podíamos tirar dos destroços encontrados", disse Allan Boullard, responsável pelas investigações sobre o acidente, ao anunciar uma nova fase de buscas.
Essa nova fase, a terceira, deve começar em fevereiro de 2010, após o resultado de uma licitação internacional para escolher a empresa que será responsável pelos trabalhos. "A operação vai durar três meses", disse Trocard. O perímetro das buscas deve ser decidido após o resultado de cálculos sobre as correntes marinhas na região, que poderiam ter deslocado o avião do lugar onde aconteceu a tragédia.
"Será uma grande operação", disse Allan Bouillard, responsável pelas investigações do acidente, acrescentando que a terceira fase de buscas custará 10 milhões de euros.
Além de confirmar algumas suspeitas sobre a queda do AF 447, o BEA também fez duas recomendações às companhias aéreas para evitar futuros acidentes. A primeira delas pede uma melhora nos "equipamentos de localização dos aviões e a coleta de dados gravados para a análise dos acidentes aéreos, quando esses se produzam no mar". A segunda diz respeito a questões meteorológicas e visa "tipificar melhor a composição das massas nebulosas de grande altitude nas quais navegam os aviões de longa distância".
Para o Sindicato de Pilotos da Air France (SPAF), as recomendações não bastam. "Estamos decepcionados. As recomendações são fracas", afirmou, Gérard Arnoux, presidente do sindicato, em entrevista ao Terra. "Nós queremos um sistema como ADS-B (Automatic Dependent Surveillance - Broadcast), que já é utilizado no oceano Pacífico e permite que haja comunicação entre comando aéreo e piloto em zonas sem cobertura de radar", disse, ao lembrar o "buraco negro" existente nos radares em alguns pontos do oceano Atlântico.
O sindicato também exige recomendações para que a tripulação receba mapas das condições climáticas feitos por satélite, que, segundo Arnoux, "são os únicos que funcionam".
Entre os familiares de vítimas, que foram recebidos pelos responsáveis pela investigação nesta manhã, o relatório foi recebido com um misto de alívio e preocupação. "Finalmente o BEA nos mostra mais transparência", afirmou John Clemes, vice-presidente da associação Entraide e Solidarité AF 447, composta por familiares e amigos das vítimas. "O problema, é que as recomendações irão demorar a ser adotadas. Nós deploramos a falta de recomendações imediatas, que poderiam evitar novos acidentes", disse Clemes, que perdeu o irmão na queda do AF 447.
Fonte: Mario Camera (Terra)
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