Piloto desligou equipamento que evitaria colisão, diz Aeronáutica.
Um relatório da Aeronáutica aponta que houve falha dos pilotos americanos do Legacy que bateu no ar com um avião da Gol, em 2006. O acidente matou 154 pessoas.
O documento, que será divulgado oficialmente na quarta-feira (10), indica ainda que houve falhas também dos controladores de vôo.
Depois de analisar os dados das caixas-pretas e de ouvir os pilotos norte-americanos no Brasil e nos Estados Unidos, a Aeronáutica concluiu que o transponder - equipamento que poderia ter acionado o sistema anti-colisão e assim evitado a tragédia - estava em perfeitas condições. Foi checado por um do pilotos que, sem perceber, desligou o equipamento.
Ouvidos em fevereiro por oficiais da Aeronáutica nos Estados Unidos, os pilotos do Legacy negaram que tivessem desligado o transponder.
O relatório, de 261 páginas, relaciona os fatores que contribuíram para o acidente. O documento aponta que os problemas começaram ainda na decolagem do Legacy, em São José dos Campos.
Segundo o relatório, o operador que monitorava o jato não foi preciso nas instruções de vôo e informou aos pilotos do Legacy, Joe Lepore e Jan Paladino, que eles deveriam voar a 37 mil pés até Manaus.
A altitude deveria ter sido modificada - reduzida para 36 mil pés, quando o avião passasse por Brasília, o que tiraria o Legacy da rota de colisão com o Boeing. Os controladores de vôo de Brasília não perceberam que o Legacy estava voando em altitude errada. E não fizeram qualquer alerta na passagem de serviço para o controle aéreo de Manaus.
O relatório informa ainda que o plano de vôo foi elaborado por uma empresa terceirizada, que havia pressa para a decolagem, já que os passageiros não queriam sobrevoar a Amazônia à noite, que um dos pilotos tinha apenas cinco horas de vôo nesse avião e que um deles ficou 16 minutos fora da cabine, momentos antes da colisão.
Famílias
A Aeronáutica distribuiu nota neste sábado (6) dizendo que vai apresentar às famílias o relatório no dia 10 de dezembro e que só depois disso vai divulgá-lo oficialmente.
Segundo o órgão, em reunião com os familiares em agosto, foram apresentados trechos da reconstituição do acidente e detalhes do progresso das investigações.
Veja a íntegra da nota da Aeronáutica
Com relação às matérias publicadas na imprensa sobre o RELATÓRIO FINAL DO ACIDENTE COM O VÔO 1907, o Centro de Comunicação Social da Aeronáutica (CECOMSAER) esclarece que este documento será apresentado aos familiares das vítimas no dia 10 de dezembro de 2008, às 13h, no Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos, em Brasília, conforme convite formulado na sexta-feira, ontem, dia 05/12. Somente após cumprir esse compromisso de informar primeiramente aos familiares, o conteúdo será apresentado à imprensa em geral.
Em complemento, este Centro confirma que o CENIPA realizou reunião com familiares das vítimas, no dia 09 de agosto de 2008. No encontro, os familiares viram trechos da reconstituição do acidente, a partir dos registros de dados e de voz das caixas-pretas das aeronaves envolvidas no acidente. Também receberam informações sobre os trabalhos realizados até aquele momento pela Comissão, porém foram informados que as conclusões seriam apresentadas no documento final.
Os principais pontos apresentados na reunião aos familiares, já disponibilizados à imprensa, foram os seguintes:
1) Não foram encontrados erros de projeto ou de integração nos equipamentos de comunicação, transponder e TCAS (anticolisão) da aeronave N600XL (Legacy);
2) Entre os dias 29 e 31 de janeiro, os dois pilotos americanos foram ouvidos, em entrevistas individuais, na sede do NTSB (National Transportation Safety Board), em Washington, nos Estados Unidos. Os pilotos ouviram as 2h de gravação do áudio registrado pela caixa-preta (CVR) da aeronave N600XL e responderam a um longo questionário elaborado pela Comissão de Investigação sobre o acidente;
3) Os pilotos disseram que não realizaram nenhuma ação intencional para a interrupção do funcionamento do transponder e, conseqüentemente, do sistema anticolisão da aeronave, assim como também não perceberam ou recordam de terem feito algo que pudesse ter ocasionado a interrupção, de forma acidental, do funcionamento dos referidos equipamentos;
4) Algumas normas e procedimentos não foram corretamente executados na ocorrência, o que levou a Comissão a analisar os motivos pelos quais isto ocorreu, com o objetivo de elaborar recomendações de segurança de vôo. As considerações serão prestadas no relatório final;
5) Não se encontrou no acidente indicação de influência de cobertura radar, por ineficiência ou deficiência de equipamentos de comunicação e vigilância no controle de tráfego aéreo;
6) Informações adicionais sobre a investigação técnica serão prestadas ao final dos trabalhos, com a conclusão do relatório final.
Brigadeiro do Ar Antonio Carlos Moretti Bermudez
Chefe do CENTRO DE COMUNICAÇÃO SOCIAL DA AERONÁUTICA
Fonte: G1 (Com informações do Jornal Hoje e do Jornal Nacional)