Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia alerta: qualidade do ar em aviões está sob suspeita
Diversos estudos realizados em todo o mundo apontam que a qualidade do ar nos aviões é preocupante e gera riscos à saúde. Aliás, a má condição atmosférica nas alturas é considerada a principal causa dos problemas respiratórios e outros tipos de distúrbios para os passageiros.
Um dos vilões é a baixa umidade relativa do ar, pois em grandes altitudes o clima é muito seco. Além disso, em sua passagem pela turbina, o ar é elevado a altas temperaturas, o que o leva a um maior ressecamento.
"O grau de umidade relativa varia de acordo com o tipo de aeronave, duração do vôo, número de passageiros a bordo e com a posição ao longo da cabine de passageiros, sendo mais alto próximo aos lavatórios e cozinhas de bordo.
Tipicamente, a umidade do ar se situa entre 15% a 30% nos grandes vôos intercontinentais, um estado de atenção", explica a presidente da Comissão de Asma da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia (SPPT), dra. Lilian Serrasqueiro Ballini Caetano (foto acima).
A conseqüência é o ressecamento das mucosas, como olhos e nariz, levando a irritação e inflamação local. Os passageiros também podem apresentar sede nessas condições.
Outro problema nas aeronaves é a baixa temperatura na cabine, já que o ar externo, é muito frio - chega a - 80oC. A baixa temperatura associada à baixa umidade relativa do ar diminui a imunidade e facilita infecções locais, como faringite, amigdalite, sinusite e pneumonia e, nos casos de pessoas que sofrem de doenças respiratórias, aumenta o risco de crises de asma, rinite e doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC)", alerta o dr. José Eduardo Delfini Cançado, presidente da Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia. "Portanto, não devem ser utilizados diuréticos e bebidas alcoólicas, pois podem potencializar este efeito".
A HipoxemiaO principal problema relacionado, em vôos, ao doente pulmonar é a Hipoxemia (baixo teor de oxigênio no sangue). A pressão na cabine de avião simula níveis de oxigênio muito parecidos aos encontrados em altitudes que variam de 2.000 a 2.700 metros acima do nível do mar e, ou seja, a oferta do gás é baixa e o ar rarefeito.
Desse modo, é de extrema importância medir a oxigenação do paciente quando for exposto a baixos níveis de oxigênio. Além disso, existe a característica de o ar, na cabine da aeronave, ser mais seco ou mais frio e, sem falar nas alterações de pressurização e despressurização nas aterrissagens e decolagens. "Então, temos menos oxigênio por ml de ar inalado. Logo, os indivíduos com hipoxemia crônica hiperventilam ou têm de conviver com menor oferta de oxigênio e a conseqüente doença", pondera a dra. Lilian Serrasqueiro.
A especialista ainda afirma que existe também o problema de distensão dos gases. "Expandem-se os gases quando diminui a pressão atmosférica, e então podemos ter distensão dentro do intestino e estômago, situação que aumenta o volume abdominal e dificulta a expansão torácica e mobilidade diafragmática".
Não existe razão para que os indivíduos que sofrem de doenças respiratórias, como a asma, sejam desencorajados a viajar de avião. O mais relevante para diminuir riscos é a prevenção e o tratamento adequado do paciente.
"Em caso de viagens aéreas, deve-se sempre levar a medicação de manutenção e aquela orientada para uso de emergência. Para as pessoas que sofrem de doenças respiratórias crônicas, é fundamental a orientação de um pneumologista, pois durante o vôo os sintomas podem se agravar devido à baixa temperatura, à baixa umidade relativa do ar e à oxigenação na altitude", completa a dra. Lilian Serrasqueiro.
Fonte: Midiacon News - Fotos: Divulgação