No Aeroporto Internacional Antonio Carlos Jobim, no Rio, o reflexo dos problemas foi enorme. Por volta das 11h, quando o balanço da Infraero informava que os atrasos chegavam a 33,3% no Rio, passageiros penavam nas filas que se estendiam pelo longo corredor entre o Terminal 1 e o Terminal 2. Entre as centenas de pessoas no saguão, a nutricionista Maiana Dias de Souza reclamava revoltada da falta de informação, junto com outros seis passageiros. O grupo foi retirado de dentro de uma aeronave quando já estava embarcado em Manaus.
Maiana Dias foi retirada do avião quando já estava acomodada para embarcar - Foto: Ana Branco
Maiana viajava com o marido, Henrique Vieira, mas foi separada dele, quando os dois já estavam sentados lado a lado. O casal seguiria junto no vôo 1633 - que sai de Manaus às 3h - para Belo Horizonte, com conexão em Brasília. Maiana, no entanto, veio parar no Rio e só conseguiu chegar a Belo Horizonte às 16h. Só então encontrou o marido.
- Foi inacreditável. Já estávamos acomodados dentro do avião quando entrou um funcionário da Gol, leu o nome de sete pessoas, entre elas o meu, e pediu que saíssemos da aeronave, alegando que, por causa do atraso, perderíamos a conexão em Brasília. Implorei para não sair, não queria me separar do meu marido. Embora tivéssemos conexões diferentes em Brasília, compramos o trecho juntos. Mas foi em vão. Acho que a Gol cancelou a minha conexão e, por isso, me mandaram para o Rio - disse ela.
Burocracia irrita nutricionista
A nutricionista tentou ajuda de fiscais da Anac no Tom Jobim, mas desistiu diante da burocracia. Um funcionário pediu que ela preenchesse um extenso questionário e não lhe prometeu solução.
- Eu paguei mais de R$ 1 mil pelo bilhete e não quero indenização. Espero apenas que a Gol seja punida. Certamente venderam mais bilhetes do que o número de aviões disponíveis - disse a nutricionista, que garante ter visto embarcar no seu lugar, em Manaus, outros passageiros que vinham de Boa Vista, em Roraima.
Sentado no chão no Terminal 1 do Tom Jobim, Dion Nóbrega de Lima Leal contava a outros passageiros a sua aventura, que já durava quase 24 horas. Ele saiu de Porto Velho, em Rondônia, com destino a João Pessoa, Paraíba. O vôo, que tem três conexões - Cuiabá, Brasília e Salvador - sofreu um atraso, e sem que fizesse parte dos seus planos, Dion foi obrigado a passar a madrugada no aeroporto de Brasília. Depois, ainda veio parar no Rio de Janeiro.
Dion reclamou que, em Brasília, funcionários da companhia aérea não lhe deram atenção e se recusaram a pagar um hotel. Mas, diferentemente de Maiana, Dion disse que vai exigir indenização por perdas e danos:
- Fomos muito maltratados, e isso não pode acontecer.
Fonte: Ana Branco, Jailton de Carvalho e Leila Youssef (O Globo)