sexta-feira, 15 de novembro de 2024

Evacuação: como a tripulação de cabine faz isso em tempo recorde

É para isso que a tripulação de cabine é realmente treinada...

Boeing 777 da British Airways (Foto: Getty Images)
"Tripulação de cabine, arme as portas e verifique."

Esta é a frase que a maioria dos passageiros terá ouvido quando a aeronave saiu do portão. Neste momento, a tripulação de cabine em cada conjunto de portas armará a sua porta. Isso é diferente em diferentes tipos de aeronaves . Isso pode significar fixar a corrediça na porta manualmente, por exemplo, Boeing 737, ou usar uma alavanca de armar e um alfinete de segurança, por exemplo, Airbus A320. As saídas sobre as asas são automaticamente armadas. Existem indicações para verificar se a porta está armada e cada tripulante verifica a porta oposta para garantir que a porta está armada corretamente.

(Foto: Airbus)
Isto é fundamental para uma evacuação imediata , se necessário, pois ativa as corrediças na abertura da porta. Em caso de emergência em solo, os escorregadores serão acionados nas saídas para permitir que os passageiros deixem a aeronave rapidamente.

A parte legal


Existe uma 'regra dos 90 segundos', segundo a qual a aeronave deve ser evacuada completamente dentro desse período. Os fabricantes de aeronaves têm de demonstrar, através de testes de segurança, que isso pode ser concluído antes de receberem a certificação da aeronave. Os testes para isso envolvem tripulantes e voluntários em boas condições físicas e sem conhecimento do tipo de aeronave.

Deve haver 40% de mulheres e 35% de pessoas com mais de 50 anos. Algumas carregam bonecos que simulam crianças e cobertores e almofadas são colocados nos corredores para simular obstruções. Metade das saídas estão fechadas e a evacuação é realizada apenas com iluminação de emergência. Todos os passageiros devem ser evacuados e estar no solo em 90 segundos. Sem concluir isto com sucesso, a aeronave não será certificada.

Segurança e procedimentos da tripulação de cabine


As estatísticas da ICAO mostram que 90% de todos os acidentes com aeronaves ocorrem durante a descolagem e a aterragem, pelo que este é um momento em que a tripulação de cabine está extremamente vigilante. A tripulação de cabine estará concentrada no exercício de “revisão de 30 segundos”, que faz parte dos seus procedimentos de segurança e emergência. Isso envolve avaliar a cabine em busca de algo irregular ou incomum, avaliar os passageiros em caso de necessidade de um passageiro saudável para ajudar na evacuação e verificar as condições externas através da janela em caso de incêndio, água, más condições climáticas e comportamento incomum da aeronave. . A tripulação de cabine deve estar pronta para evacuar a aeronave imediatamente, a qualquer momento.

A sigla ALERT também faz parte da 'revisão de 30 segundos' e ajuda a tripulação de cabine a lembrar o tipo e os procedimentos da aeronave, a localização do assento da tripulação, a localização dos equipamentos de segurança, as responsabilidades e deveres dos tripulantes e como reagir a ameaças ou à potencial situação de emergência. Isso informa como eles devem proceder.

Durante a formação inicial da tripulação de cabine (geralmente um curso intensivo de 6 semanas), os tripulantes praticarão a operação de portas em situações normais e de emergência e aprenderão os procedimentos de emergência em caso de evacuação em terra ou no mar. Isso também envolve comandos e exercícios projetados para retirar os passageiros da aeronave o mais rápido e seguro possível. Eles também aprendem procedimentos para um pouso de emergência planejado, bem como para um pouso de emergência não planejado.

Uma aeronave Airbus com um de seus escorregadores implantado (Foto Airbus/Sylvain Ramadier)
O sucesso de uma evacuação depende inteiramente da capacidade da tripulação de cabine responder imediatamente, sem ter que pensar no que fazer. O voo 214 da Asiana é um excelente exemplo, onde a tripulação de cabine fez de tudo para evacuar a aeronave. Foi um acidente catastrófico, onde 2 pessoas morreram e 180 ficaram feridas. A cauda da aeronave quebrou, a aeronave estava em chamas e alguns escorregadores da aeronave não funcionaram bem. 

A aeronave foi evacuada em menos de 90 segundos com 16 tripulantes e 291 passageiros e a tripulação da Asiana foi elogiada pelo seu desempenho. O comissário de bordo responsável naquele dia, Lee Yoon-hye, foi a última pessoa a deixar os destroços em chamas. Depois ela disse: "Eu só estava pensando em resgatar o próximo passageiro."

Com informações de Simple Flying

Por que o ar-condicionado dos aviões é tão gelado? Há uma razão para isso!

Aprenda mais sobre esse fato curioso.


Quem costuma viajar de avião já percebeu que a viagem nem sempre é confortável. Não só pelo espaço apertado ou pelas turbulências que às vezes ocorrem, mas também pois geralmente faz muito frio no avião.

É comum que os passageiros reclamem da temperatura, principalmente quando saem de um local quente e enfrentam a mudança brusca de ambiente ao entrar nas aeronaves. Você saberia dizer por que as empresas aéreas escolhem temperaturas tão baixas para os ar-condicionados durante os trajetos? Para descobrir, confira este artigo na íntegra. Boa leitura!

Faz frio no avião por conforto ou por motivos médicos?

Certamente, em espaços fechados, apertados e com muitas pessoas, o ideal é que exista um ar-condicionado para que as pessoas fiquem confortáveis. Contudo, temperaturas muito baixas podem fazer exatamente o contrário: criar desconforto.

Durante a modernização do transporte aéreo, as empresas precisaram fazer algumas escolhas. Dentre elas estava o desconforto da pressão baixa e o frio. Você pode estar se perguntando, o que o frio tem a ver com a pressão baixa? A resposta é bem simples: o frio diminui os sintomas da pressão baixa.

As cabines de aviões contam com um sistema de ar pressurizado, que deixam os passageiros mais sensíveis a quedas de pressão. Para evitar desmaios e outros problemas, o ar-condicionado costuma gelar todo o espaço assim que as portas são fechadas.

E qual é a temperatura dentro dos aviões?

Um relatório do AeroTime Hub mostra que, geralmente, a temperatura no interior dos aviões é mantida entre 22ºC e 24ºC. Acontece que, apesar de ser uma temperatura razoável, as pessoas tendem a sentir mais frio, pois ficam sentadas durante todo o voo. Por isso, uma boa alternativa para espantar o frio é levantar um pouco e andar pelo avião.

Como se preparar para não sentir tanto frio durante os voos?

Bom, se você também é uma pessoa que sente frio fácil, é melhor se preparar para não sofrer com o ar-condicionado dos aviões.

O ideal é usar roupas confortáveis e leves durante os voos e levar ou casaco ou manta caso fique mais frio do que você gostaria. Essas peças podem ser levadas na mão e, caso queira, pode guardá-las tanto embaixo do banco, quanto no compartimento de malas de mão.

Além disso, existem dispositivos acima dos bancos, semelhantes a roscas, que permitem controlar o ar-condicionado que vai diretamente em cada passageiro. Com essas dicas em mente, você estará preparado para viajar confortavelmente!

Via Rotas de Viagem - Imagem: Reprodução

Como piloto de caça faz xixi no voo? Jeitinho envolve funil e mangueira

Pilotos têm diferentes maneiras de 'ir ao banheiro' para fazer xixi durante o voo
(Imagem: Madeline Herzog/Força Aérea dos Estados Unidos)
Os pilotos de caça, ao contrário daqueles da aviação comercial, não contam com um banheiro a bordo para se aliviarem. A maneira de fazem xixi acaba sendo um pouco inusitada, principalmente por estarem a velocidades que muitas vezes ultrapassam os 1.000 km/h.

Um caça tem espaço muito apertado para os pilotos e, por isso, não teria como ter um banheiro. Com isso, se torna necessário, quando a situação exigir, se aliviar na própria cabine de comando.

Um dos jeitos mais comuns de fazer xixi durante o voo é utilizando fraldas. Embora pareça precário, esse sistema funciona muito bem caso não dê para o piloto se segurar. Ainda hoje ele é utilizado em diversos países, ainda mais em situações de voos mais curtos.

Outro modelo utilizado é um recipiente com uma substância absorvente, como a das fraldas, onde quem estiver no voo pode urinar. Há modelos para pessoas com pênis e com vagina.

Após urinar, o líquido se transforma em uma espécie de gel, que fica dentro de uma bolsa flexível. Com isso, o piloto pode guardá-lo sem risco de vazar.

Nesse caso é preciso abrir o zíper da calça para utilizar o coletor, diferentemente da fralda. Essa ação deve ser feita com o avião em movimento, tendo o piloto de manter o controle da aeronave caso ela não tenha piloto automático.

Copinho e descarte no ar


Uma alternativa a esses dois sistemas é fixa em alguns aviões militares, e consiste em uma espécie de funil conectado a uma mangueira fina. Esse "caninho", por sua vez, solta o xixi na atmosfera, evitando que o líquido vaze dentro do avião.

Essa situação é mais peculiar, sendo encontrada em poucos modelos, como o T-27 Tucano, usado pela Força Aérea Brasileira. Uma de suas desvantagens, relatam pilotos, é o risco de vazamento e a pouca vazão, sendo necessário urinar aos poucos para evitar problemas.

Sistemas com bombas


Sistema coletor de urina Skydrate para pilotos de caça (Imagem: Reprodução/Omni Defense Tech)
Um dos sistemas mais modernos de coleta de urina para pilotos de caça é composto por coletor, mangueira, bomba e saco de resíduos. Entre os principais modelos dessa linha estão o Skydrate e o AMXDmax.

Estes dispositivos têm modelos para ambas as anatomias, e podem funcionar de maneira automática, sugando a urina do coletor logo que percebe a presença de líquido. Quando precisar, quem estiver pilotando conecta a mangueira do coletor na bomba movida a bateria, que faz a sucção para uma bolsa onde o líquido ficará alojado.

Após o uso, é possível guardar esse reservatório com os resíduos até ser necessário de novo. A principal vantagem desse sistema é que ele pode ser reutilizado várias vezes.

Se aliviar é preciso


Evitar ter de urinar em voo apenas restringindo a ingestão de líquidos pode causar desidratação, ainda que de maneira leve.

A falta de água no organismo pode tornar o piloto mais suscetível às forças exercidas sobre seu corpo durante manobras mais intensas. Em situações mais drásticas, essas forças ultrapassam sete vezes a força da gravidade, podendo causar desmaios.

Esse cenário não é nem um pouco desejável durante um voo, ainda mais quando se está a centenas de quilômetros por hora.

Não ter de se preocupar com a bexiga ou com o incômodo causado pela vontade de ir ao banheiro também ajuda o piloto a se manter concentrado.

Ainda assim, fazer xixi (ou onde fazer) é uma das menores preocupações de um piloto durante um combate real.

Raramente é necessário



Fazer xixi a bordo é algo que dificilmente será realmente necessário durante um voo de caça. Entre os principais motivos estão a preparação que esses pilotos fazem antes das missões, ingerindo menos líquido e comendo adequadamente.

Outra questão que diminui a necessidade extrema de se aliviar no ar é que os voos de caça duram pouco tempo quando comparados com voos comerciais. Muitas vezes, em pouco mais de uma hora de operação já é necessário pousar para reabastecer.

Voos mais longos só são possíveis quando os aviões estão sem cargas (como mísseis e armamentos) e com tanques de combustível extra. Ou, ainda, quando são reabastecidos em voo.

Nessas situações, o uso de algumas das alternativas citadas anteriormente faz mais sentido. Em muitas situações, como em voos de rotina feitos para treinamento, o piloto pode nem mesmo usar algum dos equipamentos de coleta de urina, já que sabe que ficará pouco tempo já que sabe que ficará pouco tempo longe de um banheiro.

Mesmo com todo avanço nesse tipo de tecnologia, ainda não existe algo eficiente quando estamos falando de fazer cocô para esses pilotos. Nessa situação, o importante é conseguir segurar para não acabar virando um meme.

Via Alexandre Saconi (Todos a Bordo/UOL) - Fontes: Enio Beal Jr., comandante da aviação executiva e ex-piloto de caça; Omni Defense Tech; e Departamento de Defesa dos Estados Unidos

quinta-feira, 14 de novembro de 2024

5 das aeronaves mais legais usadas nos filmes de James Bond


O lendário espião voou em uma gama mais ampla de aeronaves do que a maioria de nós jamais voará, sem mencionar seus carros. Embora ele seja conhecido por voar comercialmente, geralmente em um Pan Am 707, ele é frequentemente conhecido por voar ele mesmo em qualquer aeronave disponível.

Em aparições em mais de 26 filmes, ele voou em todos os tipos de veículos, de autogiro a jato. Aqui estão alguns dos exemplos mais lendários.

1. Douglas DC 3


Primeiro voo: 17 de dezembro de 1935

Uma das aeronaves mais clássicas e icônicas de todas faz sua aparição mais significativa na incursão de Bond em 2008, "007 - Quantum of Solace" ("Quantum of Solace"). Negociando seu Range Rover como garantia, 007 e sua protagonista Camille recrutam a ajuda de um DC-3 vintage para escapar das forças de Dominic Greene.


A aeronave vintage é perseguida pelo deserto mexicano pelo acrobático SIAI-Marchetti SF.260, que causa alguns danos severos ao DC-3. Felizmente, a aeronave confiável continuou voando mesmo após uma pane no motor por tempo suficiente para que os dois pudessem fazer uma subida segura a uma altitude da qual pudessem saltar de paraquedas em segurança.

A aeronave icônica fez sua primeira aparição em Goldfinger , de 1964. Marcando-a como uma das aeronaves mais duradouras da história da franquia, com um intervalo de 44 anos entre lançamentos.

2. Britten-Norman BN-2 Islander


Primeiro voo: 13 de junho de 1965

Em um dos filmes mais recentes, "007 - Contra Spectre" ("Spectre") de 2015 , Bond se encontra na Áustria, perseguindo a sequestrada Madeleine Swann. Ajudando em sua tentativa está um monoplano bimotor de asa alta movido a hélice, o Britten-Norman BN-2 Islander . Apesar do avião não ter absolutamente nenhuma maneira de se defender, ele enfrenta dois veículos blindados em uma perseguição em alta velocidade.

Depois de zumbir o comboio, ele prende as pontas das asas nas árvores e desce a montanha em perseguição. De acordo com o supervisor de efeitos especiais Chris Corbould, a equipe por trás do filme criou uma solução inteligente para permitir que a aeronave deslizasse montanha abaixo em sua fuselagem sem destruir a parte inferior da aeronave:

“Tínhamos skidoos montados dentro dos corpos das aeronaves. Ele podia dirigir pelo chão em alta velocidade.

"Parece que ele está deslizando na neve, mas na verdade está sendo dirigido e dirigido por dentro."


Notavelmente, a produção do tipo de aeronave acaba de retornar à Grã-Bretanha após 55 anos. Mais de 1.250 aeronaves foram construídas, com mais de 750 ainda em serviço no mundo todo.

3. Aero L-39 Albatross


Primeiro voo: 4 de novembro de 1968

Na produção de Bond de 1997, "007 - O Amanhã Nunca Morre" ("Tomorrow Never Dies"), ele é encarregado de salvar o mundo, desta vez de um desastre nuclear. Após descobrir torpedos nucleares escondidos em um Aero Vodochody L-39 Albatross, cabe a Pierce Brosnan tirar as ogivas do perigo com um míssil chegando em um minuto.


Naturalmente, ele atira para sair do perigo, apenas para encontrar uma pista íngreme no alto dos Alpes. Decolando com segundos para a segurança, Bond é então forçado a pilotar a aeronave com os joelhos enquanto lida com um motorista do banco de trás, que é sumariamente ejetado.

O Aero Vodochody L-39 Albatross, produzido na República Tcheca, é um dos aviões de treinamento mais utilizados no mundo e pode ser adaptado para desempenhar funções de ataque leve.

4. Little Nellie


Primeiro voo: 2 de agosto de 1961


Uma das mais memoráveis ​​engenhocas voadoras de Bond é detentora de 34 recordes mundiais. Em "Com 007 Só Se Vive Duas Vezes" ("You Only Live Twice"), de 1987, James Bond pega um autogiro Wallis, carinhosamente chamado de Little Nellie, em busca da base de foguetes de seu inimigo Blofeld.

A aeronave foi projetada pelo comandante de asa da RAF Ken Wallis e é surpreendentemente ágil. Um motor traseiro de 1,6 litro aciona o motor traseiro do giroscópio, e o rotor superior gira naturalmente quando o movimento está rolando para criar um aerofólio.


A aeronave é pilotada na cena dramática de luta do filme pelo próprio designer Wallis. O ex-especialista em armas táticas estabeleceu nada menos que 34 recordes mundiais de autogiro ao longo de sua carreira, incluindo um recorde de velocidade máxima de 129 mph.

5. The Horsebox Plane


Primeiro voo: 12 de setembro de 1971

Uma das fugas mais icônicas de 007 envolve um jato pessoal que caberia em um trailer de cavalo. Na sequência de abertura de "007 contra Octopussy" ("Octopussy") em 1983, Roger Moore decola em um pequeno Acrostar" Bede" Jet. Conforme seus oponentes se aproximam, 007 rola o jato para fora de trás de uma falsa tomada de cavalo e decola por uma estrada rural, apenas para ser alvo de um míssil. Um pouco de manobra e alguns quase acidentes depois, e ele parte em segurança para outra aventura.


O BD-5J Acrostar foi uma aeronave real projetada pelo engenheiro Jim Bede. Foi um dos primeiros jatos caseiros que permitia que os pilotos o montassem eles mesmos. Alimentado por um robusto motor microturbo TRS-18 que fornecia 225 libras de empuxo, a aeronave tinha muito poder para uma aeronave que pesava apenas 450 libras vazia e tinha uma envergadura de 13 pés.


O Acrostar estabeleceu o Recorde Mundial do Guinness para o jato mais leve e pode atingir velocidades de 320 mph.

Com informações de Simple Flying - Fotos: EON Productions

Vídeo: Programa Gripen - Temporada de turbulência nos céus dos caças da FAB

Depois de um processo longo e arrastado, passando inclusive por dois diferentes processos seletivos, FX-1 e FX-2, para pretensamente escolher o futuro caça único da FAB, nos encontramos hoje num incompreensível momento onde diversos fantasmas como o Dassault Rafale e o treinador italiano M346 parecem estar saindo dos túmulos... 

O que é isso? Nossos brigadeiros mudaram todos seus planos? E o orçamento? Não podia pagar Gripen pois era caro mas pode agora pagar Rafale? Nada parece fazer sentido.... O quadro piora a cada dia com artigos incompreensíveis sendo postados na internet... 

Via Canal BASE MILITAR VIDEO MAGAZINE

Vídeo: Documentário - Pablo Escobar - Caçada Humana (dublado)

Aconteceu em 14 de novembro de 1992: Voo Vietnam Airlines 474 - A história de uma única sobrevivente


Em em 14 de novembro de 1992, o avião Yakovlev Yak-40, prefixo VN-A449, da Vietnam Airlines (foto abaixo), um avião a jato de três motores construído na União Soviética em 1976, operava o voo 474, um voo doméstico regular do Aeroporto Internacional Tan Son Nhat para o Aeroporto de Nha Trang, ambos no Vietnam.


Levando a bordo 25 passageiros e seis tripulantes, o voo 474 ao se aproximar do Aeroporto de Nha Trang a tripulação encontrou más condições climáticas durante o ciclone Forrest, com visibilidade limitada devido às fortes chuvas.

Na aproximação, a aeronave desviou-se da via aérea W13 em seis quilômetros, descendo abaixo de uma altitude segura, acabando por colidir em árvores ao longo de um cume da montanha Ô Kha, perdendo altura e caindo na encosta de uma montanha localizada a 350 metros, cerca de 33 km a sudoeste de Nha Trang.

A aeronave ficou destruída. A equipe de resgate levou oito dias para encontrar os destroços do avião, mas um passageiro sobreviveu, enquanto os outros 24 passageiros e seis tripulantes morreram.


Em 22 de novembro de 1992, um helicóptero vietnamita Mil Mi-8 foi enviado de Hanói transportando equipes de resgate do voo 474, mas caiu perto da montanha Ô Kha no mesmo dia. Todas as sete pessoas a bordo morreram.

Quase um ano após o acidente, familiares no Reino Unido exigiram uma investigação após receberem a notícia de que os corpos foram devolvidos às famílias erradas.

A causa provável do acidente nunca foi divulgada, mas especula-se que foi resultado da negligência e interpretação errada das configurações dos instrumentos, quando a aeronave desviou-se da via aérea W13 prescrita em 6 km até atingir o solo.

A única sobrevivente e seu relato


Annette Herfkens foi a única sobrevivente do acidente. Ela sobreviveu oito dias com ferimentos múltiplos e se sustentou apenas com a água da chuva. Alguns passageiros sobreviveram ao impacto inicial, mas morreram antes que pudessem ser resgatados. O noivo de Herfkens, que viajava com ela, morreu instantaneamente com o impacto.

Era sábado, 14 de novembro de 1992, quando Pasje e eu embarcamos no voo VN474 da Vietnam Airlines, saindo da cidade de Ho Chi Minh, para férias românticas de cinco dias em Nha Trang, um resort no Mar da China Meridional.

Em 2014, Herfkens publicou o livro de memórias contando suas experiências: "Turbulence: A True Story of Survival".

Herfkens escreve e fala sobre os ganhos que acompanham as perdas. Nove anos depois do acidente, seu filho foi diagnosticado com autismo. Ela agora também trabalha com pais de crianças autistas. Herfkens mora na cidade de Nova York com sua família. Ela é irmã da diplomata holandesa Eveline Herfkens. A seguir, parte do relato da sobrevivente:

"Minha cabeça está leve. As plantas ao meu redor estão radiantes. Não sinto mais a dor. Estou fora do meu corpo e perto dele. Eu saí, mas estou presente.

A escuridão se mistura com a luminosidade, o dia com a noite. Sinto-me o mais protegido possível. Eu me entreguei completamente. Às árvores, às folhas, aos grilos, às formigas, às centopéias, à vida. Ou foi até a morte que me rendi? Estou dentro do momento. Um momento atemporal de liberdade extática. Um momento que me dá paz, união e alegria.

Essa foi minha experiência de quase morte em meu penúltimo dia na selva vietnamita – oito dias depois que o avião em que eu estava caiu em uma montanha remota. Embora gravemente ferido, fui o único sobrevivente. Os outros 29 passageiros e tripulantes, incluindo o meu noivo de 36 anos, Willem van der Pas, a quem chamei de Pasje, morreram todos.

Era sábado, 14 de novembro de 1992, quando Pasje e eu embarcamos no voo VN474 da Vietnam Airlines, saindo da cidade de Ho Chi Minh, para férias românticas de cinco dias em Nha Trang, um resort no Mar da China Meridional.

Annette e Pasje
A viagem foi uma surpresa para mim - vindo de Madrid, onde estive temporariamente baseado no Banco Santander - e para proporcionar o descanso necessário a Pasje, que se mudou para o Vietname seis meses antes para abrir duas agências bancárias para o seu empregador, o ING. .

Estávamos juntos há 13 anos, depois de nos conhecermos na Universidade de Leiden, na Holanda, nossa terra natal, quando éramos estudantes. Sabíamos que estávamos destinados a nos casar desde o quarto ano de faculdade. Depois da escola, moramos por um tempo em Amsterdã; mais tarde, devido ao nosso trabalho como banqueiros, vivemos juntos ou separados em diversas capitais financeiras da América do Sul e da Europa.

Quando cheguei ao Vietnã, já fazia oito semanas que não via Pasje. Estávamos ansiosos para ficarmos juntos. Como sempre, ele me encontrou no aeroporto e depois me levou para um rápido passeio pela cidade antes de um jantar íntimo em um de seus restaurantes favoritos. Estávamos extremamente felizes. Nenhum de nós poderia esperar pelo dia em que poderíamos nos casar e, com sorte, morar em algum lugar como a cidade de Nova York e começar uma família.

Eu estava animado com a fuga surpresa. Mas eu me senti tão claustrofóbico que estremeci quando embarcamos no apertado avião da Vietnam Airlines. “Não podemos pegar um carro?” — perguntei a Pasje.

“A selva é muito densa e a estrada é horrível”, respondeu ele. “Levaria dias. Quando chegarmos lá, teremos que sair novamente.”

Sentei-me nervosamente. Cinquenta minutos depois, sofremos uma queda tremenda e Pasje olhou para mim com medo. “É claro que um avião de brinquedo de merda cai assim!” Eu disse, pegando sua mão. “É apenas uma bolsa de ar – não se preocupe.”

Mas ele estava certo em se preocupar. Caímos novamente. Alguém gritou. Ficou escuro como breu. Segundos depois, causamos impacto.

Não me lembro exatamente o que aconteceu, mas acho que cambaleei pela cabana como uma peça de roupa solitária na secadora de roupas, batendo a cabeça e os membros no teto e nos armários. Posso ter sido o único que não usava cinto de segurança.

Em algum momento devo ter caído e escorregado para baixo de um assento, com as pernas primeiro, e fiquei preso. Isso me manteve no lugar para o segundo impacto, maior, que causou a quebra do avião.

Acordei depois de quatro, talvez cinco horas. Eu vi Pasje do outro lado do corredor. Ele estava deitado em seu assento, que de alguma forma havia virado para trás, e tinha um sorriso nos lábios. Um pequeno sorriso doce. Mas ele estava morto, com as costelas esmagadas nos pulmões pelo cinto de segurança.

O choque deve ter se instalado, porque não me lembro de ter rastejado para fora do avião. Logo, eu estava sentado do lado de fora da cabana, na encosta de uma montanha, sob as árvores no meio de uma vegetação rasteira densa. Tudo doía e eu não conseguia me mover. Minha saia envolvente havia sido rasgada e eu podia ver dez centímetros de osso azulado saindo das camadas de carne da minha canela.

Eu não sabia na época, mas meus quadris estavam fraturados, tive um colapso pulmonar e meu queixo estava solto. Com o passar dos dias, a gangrena se instalou nos dedos dos pés.

Havia uma realidade estranha e irreal. Tudo estava verde. Quanto mais eu ouvia os sons da selva, mais altos eles ficavam. Pude ver cadáveres espalhados abaixo de mim e, embora não tenha visto ninguém, pude ouvir gemidos fracos das pessoas que ainda estavam dentro do avião.

Ao meu lado estava um vietnamita, vivo, mas gravemente ferido. “Não se preocupe, eles virão atrás de nós”, disse ele. Para proteger minha modéstia, ele conseguiu abrir sua maleta quadrada e me dar uma calça, que fazia parte de um terno. Senti-me confortado por suas palavras e sua presença, mas, após uma breve conversa, nós dois recuamos para nossos ferimentos.


Algumas horas depois, vi que o homem estava ficando mais fraco. Em pouco tempo, ele teve dificuldade para respirar. A vida saiu dele. Ele se foi. Não havia mais nenhum som vindo do avião. Eu estava completamente sozinho.

Depois disso, tentei me mover. Mudar um centímetro era uma agonia. Mas tentei não me concentrar no meu sofrimento e me concentrei no que poderia alcançar, e não no que não poderia.

Nos dias seguintes, embora estivesse de luto por Pasje, concentrei-me na minha sobrevivência. Que alternativa eu ​​tinha? Eu dolorosamente me arrastei por uma pequena parte dos destroços, arrastando meu corpo pelos cotovelos.

Fiquei do lado de fora, porque não suportava ver os cadáveres dentro do avião. Uma vez, olhei para o homem com quem estava conversando e um verme saiu de seu olho. Essas eram imagens aterrorizantes que eu não queria ver.

Meu principal objetivo era beber água para me manter hidratado, algo que fiz coletando a água da chuva em pequenas esponjas. Fiz as esponjas com o isolamento que encontrei perto da asa quebrada do avião. Levantar-se para recuperar o isolamento era uma tortura, e colocar um pé na frente do outro era impossível. Torci a umidade das esponjas na boca. Numa vã tentativa de me manter seco, usei um poncho de plástico azul que encontrei na mochila de alguém. Mas não tirei nada de mais ninguém. Não parecia apropriado.

Quanto às emoções, percebi que não poderia chorar - porque chorar deixa você fraco. Eu sabia que se começasse, desistiria. Cada vez que pensava em Pasje, obrigava-me a parar. Eu olhava para o meu anel de noivado, mas não me permitia pensar mais. Não adiantaria nada.

Em vez disso, fiquei no agora. Escutei meu coração e instinto, e não minha mente, porque a mente inventa histórias que podem assustar você.

Annette Herfkens revisitou o local do acidente com a equipe de resgate
Por exemplo, eu poderia ter pensado: “E se não houver equipes de resgate?” ou “E se isso for um tigre ou uma cobra?” Mas eu sabia que lidaria com a cobra ou com o tigre quando eles estivessem na minha frente. E se não houvesse resgate, eu cruzaria aquela ponte então.

Outra graça salvadora foi a beleza da montanha. Eu observaria os vários tons de verde nas folhas. Como o sol refletiria em uma gota de chuva. Meditar na natureza tornou-se minha distração. Eu não me permitiria pensar que havia uma chance de morrer.

Minha profissão como corretor de títulos também ajudou. Dividi tudo em etapas razoáveis. Em termos numéricos, fui instintivo. Eu me dei uma semana para ficar neste lugar. Se ninguém me resgatasse até domingo, eu precisaria ir para a selva em busca de comida. Mas, na realidade, eu era fisicamente incapaz de fazer isso. Tudo que pude fazer foi me apoiar nos cotovelos, arrastando meus quadris inúteis.

Gradualmente, recuei para a tranquilidade do lugar. A selva ficava mais bonita a cada dia. Foi o cenário perfeito para minha experiência de quase morte no sétimo dia, quando pensei em minha infância feliz e senti o amor de meus amigos e familiares me envolver. Trouxe à tona memórias preciosas sobre minha mãe, meu pai e meus irmãos, que sempre me apoiaram tanto em minha vida e carreira.


Mas então, de repente, ouvi o som de madeira quebrando. Do outro lado da ravina estava um homem com capuz laranja. Eu me perguntei se ele era real ou um fantasma. Alguma versão de São Pedro? Acenei freneticamente. "Olá? Pode me ajudar?" Ele apenas olhou para mim e ficou imóvel. Então ele se foi.

O homem laranja, um policial local, acabou por ser meu salvador. As autoridades estavam à minha procura. E embora a princípio ele tenha pensado que eu era um fantasma – ele nunca tinha visto uma mulher branca antes – ele deu o alarme. No dia seguinte fui resgatado por uma equipa de trabalhadores vietnamitas. Eles me mostraram uma lista de passageiros do voo e eu apontei meu nome. Eles carregavam consigo sacos para cadáveres, pensando que ninguém poderia ter sobrevivido.

Eles me colocaram em uma tela e carregaram meu corpo quebrado montanha abaixo. No início, fiquei com medo de sair da minha crista, o local que me manteve seguro após o acidente. Eu não queria deixar Pasje. Meu primeiro amor verdadeiro. Isso me deixou em pânico ao ser tirada dele.

Mas, depois de um tempo, me recuperei. A gratidão tomou conta de mim enquanto os homens tiravam os sapatos para que pudessem pisar com mais leveza nas pedras e não agravar meus ferimentos.

Em seguida, fui transportado de avião para a cidade de Ho Chi Minh antes de ser transferido para um hospital em Cingapura. Eu estava cercado por familiares e amigos que vieram da Holanda e de outras partes do mundo. Eles naturalmente temeram que eu estivesse morto quando souberam do acidente. Minha incrível história de sobrevivência ganhou as manchetes em todo o mundo. Depois de cirurgias na mandíbula e uma série de enxertos de pele e tratamentos para gangrena, comecei a me curar.

Psicologicamente, porém, foi difícil. Pasje e eu estávamos juntos há 13 anos, então parecia que eu estava viúvo. Assisti ao seu funeral em 10 de dezembro de 1992, em Breda, Holanda. Trazido para a igreja em uma maca, me senti surreal – como uma noiva levada pelo corredor para encontrar o noivo em seu caixão.

Voltei a caminhar pela primeira vez na véspera de Ano Novo, quando estava convalescendo na casa dos meus pais. Dar aqueles primeiros passos foi doloroso, mas fiquei tão aliviado que tive força suficiente para ficar de pé e me mover sobre duas pernas, em vez de cotovelos.

As pessoas podem achar estranho, mas voltei ao meu trabalho em Madrid em fevereiro. Eu amava meu trabalho e queria pelo menos tentar reconstituir minha vida.

Alguns anos depois, casei-me em segredo com meu colega de trabalho do Santander, Jaime - as relações de escritório eram desaprovadas naquela época nas finanças - e me estabeleci em Nova York em 1996. Tínhamos dois filhos lindos, Joosje, agora com 19 anos, e seu irmão, Máx. de 17 anos.

Mas as nossas vidas desde o acidente não têm sido tranquilas. Em 2001, aos 2 anos, Max foi diagnosticado com autismo. Como qualquer pai com necessidades especiais sabe, é fácil negar. É tentador pensar: “E se ele nunca conseguir frequentar uma escola adequada?” ou “Ele nunca conseguirá um emprego?” Mas, assim como aceitei minhas circunstâncias na selva, concentrei-me no aqui e agora – e não no que deveria ser. Max agora está indo bem na Escola Infantil em Roosevelt Island.

Infelizmente, meu casamento acabou e Jaime e eu nos divorciamos há dois anos. Mas eu realmente acredito que cada perda que você sofre na vida o torna um pouco mais sábio e, a cada ano, mais receptivo.

Até hoje, a causa da queda do meu avião é desconhecida."

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Por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos) com Wikipédia, ASN, baaa-acro e nypost.com

Vídeo: Mayday Desastres Aéreos - Voo Alitalia 404 Inclinação Mortal


Aconteceu em 14 de novembro de 1990: Voo Alitalia 404 Em rota para o desastre - Inclinação Mortal


No dia 14 de novembro de 1990, um jato de passageiros italiano ao se aproximar de Zurique, na Suíça, de repente se chocou contra uma montanha perto do aeroporto, rasgando uma faixa de destruição pela floresta e matando todos os 46 passageiros e tripulantes. A queda parecia ser um caso clássico de voo controlado no terreno, um tipo de acidente quase sempre causado por erro do piloto - e de fato, a princípio parecia que os pilotos haviam erroneamente iniciado a descida muito cedo. 

Mas, ao tentar explicar por que fizeram isso, os investigadores descobriram que, embora o erro humano tenha desempenhado um papel fundamental, a causa mais próxima foi uma falha mecânica nas profundezas do sistema de navegação do avião. Um curto-circuito induziu a tripulação a voar seu avião direto para o solo, e desativou os avisos que os teriam alertado sobre o perigo - uma falha tão insidiosa que os investigadores tiveram que se esforçar para corrigir o problema antes que pudesse matar novamente.


O voo 404 da Alitalia era um voo internacional regular de Milão, na Itália para Zurique, na Suíça. Em 1990, a Alitalia, a companhia aérea de bandeira estatal da Itália, operou o breve voo usando o McDonnell Douglas DC-9-32, prefixo I-ATJA (foto acima), do qual possuía vários exemplares antigos originalmente construídos na década de 1970. Esses DC-9s de geração mais velha continham alguns equipamentos que poderiam ter ficado melhores em um museu, mas até agora isso não causou nenhum problema. 

Na manhã do dia 14 de novembro de 1990, os pilotos de um desses DC-9s relataram um problema com o equipamento de navegação do avião durante a aproximação para Dusseldorf, na Alemanha. Especificamente, o problema surgiu com um dos dois receptores NAV da aeronave, o par de computadores que detecta os sinais do sistema de pouso por instrumentos (ILS) de um aeroporto e, em seguida, transmite esses dados aos instrumentos da cabine de comando para que os pilotos possam encontrar a pista em condições de baixa visibilidade. 

Várias horas depois, outra tripulação fez uma viagem de ida e volta de Milão a Frankfurt e observou problemas semelhantes no segundo receptor NAV. Depois que o avião retornou ao Aeroporto Linate de Milão, os mecânicos da Alitalia substituíram os dois receptores NAV, corrigindo o problema.


Depois de instalar os novos receptores NAV, os mecânicos os testaram para garantir que funcionassem corretamente. O receptor NAV detecta três tipos principais de sinais: waypoints de navegação chamados beacons VOR; localizer beacons, que transmitem um feixe estreito na linha central estendida da pista para ajudar os aviões a se alinharem a ela; e glide slopes, que produzem um sinal direcionado que pode ser seguido para manter o ângulo correto de descida na aproximação da pista. 

Enquanto o DC-9 estava estacionado no solo em Linate, os mecânicos foram capazes de sintonizar os faróis VOR próximos e um localizador, confirmando que os receptores NAV os rastrearam corretamente. Mas o avião estava estacionado em uma posição onde não podia captar o sinal do glide slope de Linate, então eles não puderam verificar este último componente. 

Os mecânicos liberaram a aeronave para o voo sem realizar esta verificação, mas deixaram uma nota no registro técnico informando que uma aproximação usando o ILS deve ser conduzida em condições claras para confirmar que os receptores NAV estavam captando corretamente os sinais de planeio. Somente após a conclusão desta verificação eles poderiam ser usados ​​para conduzir uma abordagem ILS real sob condições em que os pilotos dependeriam de seus instrumentos para navegar.


No final das contas, havia um problema com a capacidade do receptor NAV nº 1 (lado do capitão) de rastrear um declive. Pensa-se que um defeito de soldagem no componente eletrônico que transmite os dados de glide slope já processados ​​para os instrumentos da cabine criou um curto-circuito que impediu a informação de sair do receptor NAV. 

Um receptor NAV moderno poderia detectar esse tipo de falha e exibir um sinalizador de alerta de “falha de glide slope” nos instrumentos afetados, mas este não era um receptor moderno. O receptor NAV nº 1 neste avião era um King KNR-6030, um modelo mais antigo que só podia exibir um sinalizador de falha se uma falha ocorresse durante o processamento dos dados. Se os dados foram processados ​​corretamente, mas não conseguiram alcançar os instrumentos da cabine, nenhuma bandeira de falha seria produzida. 

Este DC-9 usava instrumentos analógicos de glide slope, onde uma agulha se desviaria fisicamente com base na distância do avião acima ou abaixo do glide slope. Portanto, na ausência de qualquer deflexão, a agulha necessariamente deveria permanecer na posição “em curso”. Portanto, quando o receptor NAV nº 1 entrava em curto-circuito, evitando que o sinal do glide slope alcançasse os instrumentos, a indicação do glide slope nos instrumentos do capitão voltaria para "no curso" e nenhuma bandeira de advertência seria produzida.


A próxima viagem programada do DC-9 foi o voo 404 para Zurique. No comando deste voo estavam o Capitão Raffaele Liberti, um piloto experiente com mais de 10.000 horas de voo; e o primeiro oficial Massimo De Fraia, um jovem recém-contratado com muito menos tempo no DC-9. 

Quatro comissários de bordo e 40 passageiros se juntaram a eles no voo, a maioria empresários suíços voltando para Zurique. O voo 404 decolou às 18h36 e subiu à altitude de cruzeiro de 20.000 pés, passando rapidamente sobre o vazio escuro dos Alpes. 

A fase do cruzeiro foi extremamente curta e, por volta das 6h52, eles já haviam começado a descida para o aeroporto Kloten de Zurique. O plano era contornar o aeroporto e se aproximar da pista 14 pelo noroeste usando o sistema de pouso por instrumentos. Embora o tempo estivesse nublado, as nuvens chegaram ao fundo a cerca de 4.000 pés, bem acima de qualquer terreno; portanto, eles foram autorizados a usar os receptores NAV ainda não testados, uma vez que deveriam ser capazes de determinar visualmente se estavam alinhados com a pista ou não. 

Mas inicialmente houve alguma discordância sobre qual pista usar, dado o vento; três pistas diferentes foram sugeridas antes que a tripulação se fixasse em 14, aquela que lhes foi oferecida pelos controladores. Quando o capitão Liberti começou a dar instruções sobre a abordagem, o primeiro oficial De Fraia tinha um mapa de uma pista diferente à sua frente, e mais confusão se seguiu até que Liberti disse a ele para guardá-lo. 

Localização do voo 404 em uma visão geral dos últimos minutos do voo. Comunicados relevantes estão circulados
Embora o briefing de aproximação estivesse incompleto, tudo estava normal, já que o voo 404 começou uma série de curvas descendentes antes de se alinhar com a pista. Às 7h02, o Capitão Liberti observou que eles estavam indo rápido demais, então disse ao Primeiro Oficial De Fraia (que era o piloto voando): “Eu desaceleraria ainda mais, porque depois de passar pela travessia [da soleira] não adianta correr; quanto mais você se apressa, mais você foge, entende?” 

Ele sentiu que, quando eles tivessem passado pela pista e estivessem se preparando para fazer a volta, não seria econômico voar rápido, pois isso os faria ultrapassar ainda mais os limites. 

Momentos depois, o controlador de Zurique contatou o voo e pediu que desacelerasse para 210 nós, porque estava chegando muito perto do avião à sua frente no padrão de tráfego. "Você vê?" Liberti disse a De Fraia. O primeiro oficial colocou os manetes de volta em marcha lenta, diminuindo a velocidade e aumentando a razão de descida. 

Às 7h06, o controlador instruiu o voo 404 a descer para 4.000 pés e liberou-os para uma aproximação ILS para a pista 14. Um minuto depois, o voo 404 chegou ao topo da aproximação a uma altitude de 4.000 pés. A expectativa era que eles permanecessem nessa altitude até interceptarem a rampa de planeio por baixo, o que ocorreria a 15 quilômetros da pista. Mas, naquele momento, os instrumentos do capitão Liberti mostraram que já haviam se alinhado com o glide slope, por causa do curto-circuito no receptor NAV nº 1, que fez com que seus instrumentos passassem para a indicação “em curso”. Ele, portanto, acreditava que, como já estavam no caminho de planagem, poderiam começar a descer imediatamente. 

Contudo, Os instrumentos do primeiro oficial De Fraia os mostraram corretamente bem abaixo do glide slope, causando uma incompatibilidade. "Você tem o deslize aqui?" Liberti perguntou. “Em um eu não tenho”, respondeu De Fraia. “Tudo bem, então vamos fazer no outro”, disse Liberti. Aqui ele cometeu um erro crítico: por não ter percebido o fato de que eles estavam abaixo do glide slope, ele presumiu que os instrumentos de De Fraia estavam errados e os seus, corretos, embora o contrário fosse verdadeiro. 


Em resposta à determinação de Liberti, De Fraia girou o seletor do rádio para a posição “rádio 1”, fazendo com que os dois conjuntos de instrumentos fornecessem seus dados do receptor nº 1 NAV. O indicador de glide slope de De Fraia então mudou para mostrá-los em curso, como o de Liberti, e ambos os pilotos acreditaram que o problema havia sido resolvido. 

De Fraia então começou a descida de 4.000 pés, acreditando que eles estavam no planeio correto. Na realidade, eles haviam começado a descida a uma distância de 21 quilômetros da pista em vez de 15, colocando-os cerca de 1.200 pés abaixo do planeio real. Conforme o voo 404 desceu, os pilotos fizeram contato visual com a pista. Mas um perigo oculto espreitava entre eles e o aeroporto: o Stadlerberg, de 2.110 pés, uma pequena montanha localizada a cerca de 11 quilômetros do limiar da pista 14. 

Naquela noite, o Stadlerberg foi envolto em uma nuvem e escondido contra um fundo escuro, tornando-o totalmente invisível - como voar em um buraco negro. Para piorar a situação, o Aeroporto de Kloten não tinha um Indicador de Caminho de Aproximação de Precisão, ou PAPI, um conjunto de luzes próximo à pista que mudam de cor se uma aeronave se aproximando muito alta ou muito baixa. Portanto, nenhuma indicação visual de que eles estavam muito baixos existiria até que a massa negra de Stadlerberg se erguesse na frente deles.


A uma distância de 7 quilômetros do aeroporto estava um farol de navegação chamado marcador externo, que os pilotos sabiam que deveriam passar a uma altura de 1.250 pés acima do solo. Mas às 7h10, já tendo descido a uma altitude de 1.100 pés acima do solo, o capitão Liberti relatou que eles estavam a cerca de 7 quilômetros de distância do marcador externo. 

De repente, o primeiro oficial De Fraia percebeu que algo devia estar errado - como eles poderiam estar a 1.100 pés acima do nível do solo e na encosta plana se ainda estivessem bem aquém do marcador externo? "Já não passamos?" ele perguntou. "Não passamos pelo marcador externo?" “Não, não, ainda não mudou...” disse Liberti. "Oh, aqui está me dando...". Seu pensamento foi interrompido por uma transmissão do controle de tráfego aéreo, já que o controlador de aproximação deu a eles a frequência para contatar a torre para liberação de pouso. 

Depois de reconhecer a transmissão, Liberti disse: “Isso não faz sentido para mim”. Ele também percebeu o problema que estava fazendo seu primeiro oficial hesitar. “Nem para mim”, disse De Fraia. A aeronave ainda estava indo direto para o cume do Stadlerberg, mas parecia que a tripulação estava começando a entender o problema.

O altímetro de ponteiro de bateria no voo 404 da Alitalia, como deveria
ter aparecido às 7h08m57s. Consegue ler?
Nesse ponto, o capitão Liberti cometeu outro erro crítico. Ele olhou para o altímetro para tentar avaliar a altura, mas interpretou mal. Os altímetros instalados no avião eram de um tipo antiquado chamado “ponteiro de tambor”, no qual a altitude da aeronave em milhares de pés é exibida em um tambor giratório e incrementos em centenas eram exibidos usando uma agulha em um medidor. 

O problema com os altímetros de ponteiro de bateria era que eram necessários dois passos para lê-los; e o tambor era pequeno e difícil de ver, especialmente quando girava na metade de um número para o próximo, ou quando a agulha do medidor se movia na frente dele. Como resultado, os pilotos freqüentemente interpretam mal esse tipo de altímetro, derivando uma altitude 1.000 pés acima ou abaixo de sua altitude real. Pensa-se que enquanto ele tentava descobrir o que estava acontecendo, O capitão Liberti interpretou mal a altitude em 300 metros. 

Naquela época, o voo 404 estava cerca de 1.250 pés abaixo do glide slope, mas como ele interpretou mal o altímetro, quando Liberti cruzou sua observação com a altura que eles deveriam estar, ele passou a acreditar que eles estavam apenas 250 pés abaixo do glide slope, e que foi essa discrepância relativamente pequena que perturbou o primeiro oficial. 


“Puxe, puxe, puxe, puxe”, disse Liberti a De Fraia, com a intenção de fazer o primeiro oficial parar de descer e nivelar o avião até que interceptassem a rampa plana novamente. O primeiro oficial De Fraia tinha uma imagem muito mais terrível da situação. 

“Dê a volta,” ele disse, alcançando os manetes e puxando sua coluna de controle para subir. Mas o capitão Liberti acreditava que a abordagem ainda poderia ser salva. "Não, não, não, pegue o planador!" disse ele, e De Fraia abortou sua tentativa nascente de dar a volta. "Você pode segurá-lo?" Liberti perguntou. 

À frente deles, as luzes da pista começaram a desaparecer atrás do Stadlerberg envolto em névoa. “Sim”, disse De Fraia, timidamente. “Espere, vamos tentar...” Antes que Liberti pudesse terminar sua frase, a montanha se ergueu em seu caminho sem aviso. 

Não houve tempo para reagir; uma fração de segundo depois, a fuselagem dianteira e a asa direita do DC-9 atingiram árvores, arrancando pedaços dos flaps externos direitos, ripas e ponta da asa. A asa direita perdeu sustentação e o avião rolou com força para a direita ao mergulhar na floresta. 

O voo 404 rolou invertido e caiu no chão de cabeça para baixo, provocando uma enorme explosão que enviou destroços em chamas por entre as árvores por várias centenas de metros. Embora o impacto não tenha sido necessariamente fatal para todos os passageiros, a explosão e o fogo consumiram os destroços em meros segundos, matando rapidamente qualquer um que permanecesse. Quando alguém percebeu que o avião estava desaparecido, todos os 46 passageiros e tripulantes estavam mortos. 


No aeroporto de Kloten, os controladores logo perceberam que o voo 404 da Alitalia havia desaparecido do radar. Depois de não receber nenhuma resposta do avião, o controlador de abordagem perguntou a outro voo próximo: "Você tem uma aeronave à vista cerca de duas milhas à sua frente?" “Espera”, disse o voo. 

Depois de alguns momentos, eles responderam: “Há um incêndio no chão, mas não temos tráfego à vista”. Os controladores imediatamente soaram o alarme de colisão, então cancelaram as autorizações de aproximação de todas as aeronaves que chegavam e desligaram o aeroporto enquanto os serviços de emergência corriam para o local. 

Não demorou muito para que os bombeiros localizassem o local do acidente ao lado do Stadlerberg, onde começaram a controlar o fogo antes que ele se espalhasse pela floresta próxima. Conforme as chamas diminuíram, as equipes de resgate se moveram para procurar as vítimas, mas logo ficou claro que ninguém havia sobrevivido. Uma tenda de primeiros socorros, montada para cuidar dos feridos, estava abandonada em meio à chuva que caía.


Investigadores suíços, italianos e americanos logo convergiram para o local para determinar a causa. Em virtude do fato de que o local do acidente estava alinhado com a pista e o avião parecia ter impactado as primeiras árvores em uma atitude quase nivelada, era aparente que o voo 404 havia voado para a montanha de maneira controlada enquanto devidamente alinhado com a passarela. 

O problema era que estava 1.250 pés baixo demais. Mas por que? Em quase todos os acidentes categorizados como “voo controlado para o terreno”, não há nada de errado com o avião antes do impacto, e toda a sequência de eventos está enraizada em fatores humanos. Portanto, quando os investigadores examinaram os dados da caixa preta, eles inicialmente esperavam encontrar evidências de algum erro instigante importante. 

Em vez de, eles descobriram que os instrumentos dos pilotos haviam indicado que eles estavam em curso durante a descida, apesar do fato de estarem bem abaixo da rampa de planeio o tempo todo. Algo os havia enganado, mas o quê? O histórico recente de manutenção envolvendo os receptores NAV forneceu uma pista tentadora, mas uma desmontagem dos dispositivos foi inconclusiva, porque eles foram seriamente danificados no acidente e não puderam ser testados adequadamente.


Então, em junho de 1991, outro avião da Alitalia equipado com o mesmo tipo de receptor NAV estava realizando uma abordagem ILS quando a tripulação observou que seus instrumentos os mostravam alinhados com o localizador, quando isso era manifestamente falso. Um exame dos receptores NAV mostrou que um deles tinha uma junta mal soldada que causou um curto-circuito que cortou os instrumentos da cabine dos dados de origem. 

Assim como no voo 404, nenhuma bandeira de falha apareceu porque o receptor NAV desatualizado não foi capaz de detectar uma falha que ocorreu após a fase de processamento de dados. Os investigadores determinaram que um trabalho de solda ruim semelhante na unidade de glide slope explicaria tudo o que deu errado a bordo do voo 404 da Alitalia. Na ausência de um sinal do receptor NAV nº 1, quaisquer instrumentos que dependessem dele seriam padronizados para a posição “em declive de planeio”, e nenhum sinalizador de falha apareceria porque os dados estavam sendo processados ​​corretamente. 

De maneira crítica, os investigadores descobriram que essa falha também afetaria o sistema de alerta de proximidade do solo (GPWS) do avião. Embora a taxa de fechamento do voo 404 com o solo não fosse rápida o suficiente para que este modelo inicial GPWS produzisse um alarme de terreno, ele também foi capaz de produzir um aviso “ABAIXO DE GLIDE”, que deveria ter soado nos últimos minutos do voo condenado. Mas o curto-circuito no receptor NAV nº 1 também impediu que as informações do glide slope chegassem ao GPWS, tornando-o incapaz de determinar a relação do avião com o glide slope. O resultado foi assustador:


No entanto, a investigação identificou dois momentos críticos em que as ações dos pilotos contribuíram para o acidente. Primeiro, quando Liberti e De Fraia perceberam inicialmente que suas indicações de glide slope não correspondiam, eles tiveram a oportunidade de descobrir o problema e mudar para o receptor NAV que estava funcionando corretamente. 

Em vez disso, o Capitão Liberti imediatamente mudou todos os instrumentos para o receptor NAV que produziu a leitura que mais se assemelha a seu preconceito da situação. Quando a inclinação de planeio e as indicações do localizador mudaram para "no curso" logo que alcançaram 4.000 pés, Liberti acreditou que isso significava que o controlador os havia vetorado deliberadamente diretamente para o início da abordagem, quando na realidade eles precisavam permanecer nivelados por mais 9 quilômetros antes de descer. 

Quando os instrumentos do primeiro oficial De Fraia os mostraram abaixo do glide slope, Liberti presumiu que essa era a leitura incorreta e mudou para o outro receptor sem pensar duas vezes. Se ele comparasse a altitude com a distância do aeroporto, ele teria percebido que a indicação de declive de De Fraia era a correta, mas ele nunca fez isso.


Outra oportunidade de evitar o acidente veio quando o primeiro oficial De Fraia pediu uma reviravolta pouco antes do impacto. Os investigadores determinaram que, se não tivessem abortado a volta, o avião provavelmente teria perdido a montanha. Infelizmente, o capitão Liberti interveio para impedir a volta, provavelmente porque ele interpretou mal o altímetro e acreditou que eles estavam apenas 250 pés abaixo da rampa de planagem - um desvio potencialmente recuperável que ele não achava que justificasse uma volta. 

Mas o fato de um piloto anular a tentativa de outro piloto de dar a volta por si já era preocupante. De Fraia, como o piloto voando, era quem deveria fazer a ligação. O fato de Liberti tentar impedi-lo revelou que ele não confiava na habilidade do primeiro oficial inexperiente de tomar decisões críticas - uma teoria que foi apoiada pelas interações entre eles durante o voo. 

Liberti falou com De Fraia como se fosse seu instrutor, e não seu colega de trabalho, dando ao primeiro oficial vários conselhos pesados ​​que muitas vezes pareciam paternalistas. Quando o controlador repetia seu conselho sobre como reduzir a velocidade, ele fazia questão de esfregar e freqüentemente notava os pequenos erros de De Fraia, como quando ele agarrou o gráfico de abordagem errado. Essa atitude acabou voltando para mordê-lo: quando De Fraia tentou apontar um perigo claro e presente, Liberti não acreditou nele. 


A sequência de eventos que levou ao acidente foi assim estabelecida. Mas os investigadores ficaram surpresos que um receptor NAV com um modo de falha tão perigoso pudesse ter sido instalado em um avião de passageiros sem que aparentemente ninguém soubesse disso. No entanto, eles acabaram descobrindo que várias partes sabiam do problema há pelo menos 15 anos. 

Em 1975, o fabricante de um dos dois tipos de receptores NAV usados ​​na frota DC-9 da Alitalia pediu aos operadores para atualizar os modelos mais antigos para uma versão mais recente que fosse capaz de detectar uma falha em qualquer ponto no processo de geração e transmissão de dados . Embora este não fosse o tipo de receptor NAV que falhou no voo 404, o problema com os dois receptores era exatamente o mesmo. 

Então, em 1984, o fabricante de aeronaves McDonnell Douglas emitiu um boletim alertando os operadores, incluindo a Alitalia, deste mesmo mau funcionamento potencial. E em 1985, McDonnell Douglas convocou um seminário no qual pilotos de várias companhias aéreas foram informados sobre o mau funcionamento e receberam estratégias para reconhecê-lo. Sabe-se que pelo menos dois pilotos da Alitalia participaram do seminário. 

Mas, apesar de todas essas tentativas de tornar o problema conhecido, não existia nenhum método eficaz para divulgar as informações aos indivíduos na Alitalia que precisavam conhecê-las, e a companhia aérea não substituiu os receptores de NAV afetados ou os pilotos de trem para reconhecer o mau funcionamento.


O receptor King KNR-6030 NAV não era o único equipamento desatualizado no DC-9. Os investigadores também ficaram chocados com o fato de um jato de passageiros em 1990 poder ser equipado com um altímetro de bateria. O risco de leitura incorreta desse tipo de altímetro era conhecido há décadas e, em 1959, um relatório da Força Aérea dos Estados Unidos concluiu que "não era um instrumento aceitável". 

Um estudo subsequente revelou que 81% dos pilotos de Boeing 727 em algum momento interpretaram mal um altímetro de bateria e, desses, 85% disseram que já o haviam feito mais de uma vez. Na maior parte do mundo, altímetros de ponteiro de bateria foram descontinuados no final da década de 1970, mas este Alitalia DC-9 ainda tinha um em 1990!


A falta de equipamento adequado no aeroporto de Zurique também contribuiu para o acidente. Em 1990, os Estados Unidos haviam instalado sistemas de Alerta de Altitude Segura Mínima (MSAW) em todos os principais aeroportos, mas a Suíça não. 

Um sistema MSAW detecta quando um avião que se aproxima desce muito abaixo da rampa de planagem e fornece alertas visuais e sonoros na torre de controle, permitindo que os controladores intervenham se um voo estiver em rota de colisão com o terreno. Se um sistema MSAW estivesse disponível no aeroporto de Kloten, o acidente poderia não ter acontecido. O mesmo teria acontecido com um sistema Precision Approach Path Indicator (PAPI), que poderia ter informado aos pilotos que eles estavam muito baixos durante o período em que a pista estava à vista. 

Novamente, esses sistemas eram comuns nos Estados Unidos, mas não na Suíça. Em terceiro lugar, nenhuma luz foi instalada no topo do Stadlerberg para ajudar a torná-lo visível aos pilotos, porque tais luzes não eram necessárias em obstruções localizadas a mais de 5,5 quilômetros do aeroporto. E, finalmente, a carta de aproximação fornecida aos pilotos não apresentava nenhum relevo topográfico.


No meio da investigação, o Conselho Federal de Investigação de Acidentes da Suíça divulgou um relatório provisório contendo várias recomendações urgentes. Como resultado dessas descobertas preliminares, a Alitalia começou a treinar seus pilotos para sempre verificar a distância e a altitude antes de mudar para um único receptor NAV, e instruiu os pilotos que se qualquer membro da tripulação pedir uma volta, essa decisão deve ser respeitada com sem exceções. 

Ao mesmo tempo, as autoridades suíças começaram a trabalhar para instalar uma luz no topo do Stadlerberg. Em seu relatório final, o Conselho foi muito além, recomendando que os receptores NAV não monitorados e altímetros de bateria fossem retirados de serviço imediatamente; que os sistemas de alerta de proximidade do solo devem ser reprojetados de modo a não depender do funcionamento correto dos receptores NAV; que todas as companhias aéreas instituam uma política exigindo a conclusão de uma volta depois de iniciada; que os gráficos de aproximação mostram um perfil do terreno abaixo do plano de planagem; que aeroportos sem MSAW considerem instalá-lo; e que as pistas equipadas com sistemas de pouso por instrumentos também devem ter luzes PAPI.


O tema geral por trás da queda do voo 404 da Alitalia foi o fracasso de várias partes em utilizar as inovações mais recentes em segurança de voo. A tecnologia que poderia ter evitado o acidente já existia - receptores NAV com monitoramento de saída, altímetros de exibição padrão, luzes PAPI e sistemas MSAW poderiam ter sido instalados, mas não foram. 

Esse travamento mostrou que demorar para atualizar não era apenas arriscado, mas também perigoso. Os especialistas sabiam dos perigos de receptores de NAV não monitorados e altímetros de bateria por anos, mas ainda assim a Alitalia - seja por disfunção interna, falta de fundos, ignorância ou alguma combinação dos três - nunca deu ouvidos a esses avisos. O voo 404 foi o último acidente fatal da Alitalia e, hoje, os sistemas antiquados que levaram à queda já se foram.

Edição de texto e imagens por Jorge Tadeu (Site Desastres Aéreos)

Com Admiral Cloudberg, Wikipedia, ASN - Imagens: Bureau of Aircraft Accidents Archives, Werner Fischdick, Encyclopedia Britannica, Google, Swiss Federal Accident Inquiry Board e do Watson.ch. - Clipes de vídeo cortesia de Mayday (Cineflix).